segunda-feira, 10 de março de 2014

SESSÃO 8: 25 DE MARÇO DE 2014


O TERCEIRO HOMEM (1949)
Há filmes míticos, já se sabia. “O Terceiro Homem” é um deles. Interessante será tentar perceber qual o mistério, a magia que se encontra por detrás desta obra que mais de 70 anos depois de estreada consegue manter os espectadores suspensos do seu canto, mesmo que saibam quase de cor as réplicas e não tenham esquecido um só dos planos que fazem deste título um deslumbramento plástico, envolvido por um tema musical dos mais inspirados de toda a história do cinema. Afinal, já estamos a organizar algumas das razões que podem explicar o sucesso de “O Terceiro Homem”.
A história: depois de terminada a II Guerra Mundial, Viena de Áustria tornou-se uma cidade dividida em quatro zonas de influência, cada uma delas administrada por um dos quatro vencedores do conflito, EUA, Inglaterra, França e URSS. Numa cidade destruída pelos bombardeamentos, a corrupção impera, o tráfico de influências e o mercado negro prosperam, e se a guerra foi devastadora, o pós-guerra não o será menos, ainda que de outra forma.
É neste contexto que chega a Viena um americano, Holly Martins, escritor menor de romances do Oeste, que vem chamado por um amigo de infância, Harry Lime que, sabendo-o em dificuldades, o convida a trabalhar com ele. Mas, quando chega, Holly descobre que o amigo acabara de falecer, atropelado à porta de casa e nessa mesma altura se encontra a ser sepultado num dos cemitérios locais. Holly chega a tempo de ainda ouvir as palavras de despedida proferidas pelo padre, sabe que Harry deixou uma desamparada Anna Schmidt a chorar o desaparecimento do amante, e inicia uma conversa com o Major Calloway, que o aconselha a deixar a cidade no dia seguinte, com um bilhete de regresso pago pelas forças ocupantes. Mas Holly é convidado para dar uma conferência sobre literatura moderna numa estranha associação e, ao mesmo tempo, começa a duvidar que o amigo tenha sido vítima de um simples acidente. Há alguns factos que não batem certo e a sua curiosidade impede-o de deixar Viena. Umas testemunhas falam de duas pessoas a transportar o corpo de Harry Lime aquando do desastre, outras falam de três, e aqui começa o enigma: saber quem era o misterioso e suspeito “terceiro homem”. Calloway, perante a teimosia de Holly, resolve contar-lhe a verdade sobre o amigo. Harry Lime não passava de um escroque da pior espécie que, entre outras malfeitorias, vendia penicilina adulterada no mercado negro, provocando dezenas de mortes e deixando atrás de si um rasto de doenças incuráveis. Ter morrido terá sido o melhor que lhe poderia ter acontecido.
Mas Holly continua com dúvidas e persiste em encontrar o “terceiro homem”. Ele irá aparecer, surgindo como uma sombra na noite escura, escondido na penumbra de uma porta, com um gato aos pés.
O filme parte de um argumento escrito directamente para o cinema por Graham Greene, segundo história de Alexander Korda, tendo contado com a colaboração de Carol Reed e Orson Welles, não creditada no genérico. Diga-se, aliás, que depois do sucesso do filme, o escritor inglês acabou por editar o romance, mantendo-se o êxito.
Conta a pequena história que existiram diversos confrontos entre o escritor, o realizador e os dois produtores mais importantes, Alexander Korda, o húngaro, pelo lado inglês, e David O. Selznick, pela participação americana. Sabe-se mesmo que há algumas alterações entre a história inicial e a versão final do filme, nomeadamente o derradeiro plano. No romance, Graham Greene prenuncia um “happy end”, enquanto o filme é muito mais pessimista e desiludido. Sabe-se que, passados alguns anos, o escritor confessou que Carol Reed tinha toda a razão ao optar por aquele desfecho.
As personagens: obviamente que um dos encantos de “O Terceiro Homem” são as personagens que intervêm na ficção. Desde as mais prosaicas, o Major Calloway e o seu acompanhante, sargento Paine, até ao protagonista, esse escritor, americano típico, ingénuo e persistente, que não se desvia do seu percurso, que intercede pela rapariga e se mostra leal à amizade até quase ao irracional, mas toma a boa decisão na altura certa, passando por esse universo de misteriosas personagens que têm todas algo a esconder, do Dr. Vinkler a Popescu, de Karl ao Barão Kurtz, passando pelo estranho Crabbin e as suas sessões literárias. Mas não esquecemos Anna Schmidt e a sua devoção à memória de um homem que amou. Finalmente, guardamos para o fim a figura central desta obra, que todavia só aparece na meia hora final, mas para sempre irá marcar este filme, com uma das mais geniais criações de um actor, ou não fosse ele Orson Welles. O seu “terceiro homem” sintetiza nas curtas aparições uma ideia de “mal”, na displicência com que olha os outros, na distância que guarda perante a miséria que semeia, no irónico olhar de quem se julga superior aos demais. De resto, todo o filme se constrói em função do suspense quanto ao “terceiro homem” e as suas aparições são trabalhadas de forma eloquente. Envolta em mistério, a figura está para lá na “normalidade”, ou surge envolvida nas sombras, ou em contraluz que lhe agiganta a projecção de um espectro ameaçador.
O clima plástico: entramos assim no que me parece ser o aspecto dominante de “The Third Man”, o seu estilo plástico, conseguido pela conjugação de uma direcção artística barroca, uma fotografia de um preto e branco ameaçador, equívoco, dissimulado, e de uma angulação da câmara quase sempre oblíqua, que faz com que a realidade filmada surja destorcida, desequilibrada, como os tempos que então se viviam em Viena. Mas há ainda a iluminação, com ressaibos de expressionismo, sublinhando o lado grotesco desta representação de máscaras numa terra de ninguém. Se a história relembra um pouco “Casablanca”, com os seus heróis cansados, amores desencontrados, vilões de brutal ambiguidade, algumas cenas remetem directamente para “Matou”, sobretudo as sequência onde aparece um miúdo, apontando um (falso) culpado que é perseguido pela multidão nas ruas da cidade. Mas se influências existem, a que o próprio cinema de Orson Welles não é alheio, a verdade é que Carol Reed comanda com maestria este singular cocktail, que é indiscutivelmente um dos melhores retratos do pós-guerra, mostrando como os restos de um confronto podem ser tão destrutivos e violentos quanto as batalhas nas trincheiras. Durante algum tempo especulou-se se Orson Welles não teria realmente dirigido grande parte da película, mas ele próprio, numa entrevista a Peter Bogdanovich, confessou que o filme era obra integral de Carol Reed, com uma ou outra contribuição de Welles, sobretudo ao nível do diálogo.  
É sabido que uma das mais famosas réplicas de “The Third Man” refere o relógio de cuco, e essa sim terá sido uma contribuição de Welles que, na pele de Harry Lime, terá sentenciado, do alto da roda de Wiener Riesenrad, olhando com desprezo para as humanas “formigas” que cá em baixo passavam, que “em Itália, durante 30 anos sob o jugo dos Bórgia, tiveram carnificinas, terror, assassinatos e violência, mas também aconteceram Michelangelo, Leonardo da Vinci e o Renascimento. Na Suíça, com tanto amor fraterno, em quinhentos anos de democracia e paz, que produziram? O relógio de cuco!”
A fotografia traz a assinatura de Robert Krasker, que acabaria por ganhar o único Oscar atribuído ao filme, apesar de este ter sido ainda nomeado para melhor realização e montagem. Montagem essa igualmente preponderante na criação do tom, e que era da responsabilidade de Oswald Hafenrichter. Mas se não ganhou senão um Oscar, hoje em dia aparece referenciado como um dos mais importantes filmes ingleses de sempre, e mesmo um dos melhores de toda a história do cinema.
A música: outro aspecto primordial desta obra é a banda sonora criada por Anton Karas, um compositor vienense, que se limitou a utilizar a cítara, um instrumento de cordas, muito usado na música folclórica, em zonas de influência alemã, dos Alpes à Europa Central e do Leste. O efeito é realmente excelente, contribuindo para criar o ambiente inquietante e algo exótico que se pressente ao longo de toda a obra.

O TERCEIRO HOMEM
Título original: The Third Man
Realização: Carol Reed (Inglaterra, EUA, 1949); Argumento: Graham Greene, segundo história de Alexander Korda, com colaboração de Carol Reed e Orson Welles (não creditados); Produção: Hugh Perceval, Carol Reed, Alexander Korda, David O. Selznick; Música: Anton Karas; Fotografia (p/b): Robert Krasker; Montagem: Oswald Hafenrichter; Decoração: Dario Simoni; Guarda-roupa: Ivy Baker, George Murrey; Maquilhagem: George Frost, Joe Shear, Peter Evans; Direcção de produção: T.S. Lyndon-Haynes; Assistente de realização: Guy Hamilton, Jack Causey, Jack N. Green, George Pollock, Gino Wimmer; Departamento de arte: Joseph Bato, John Hawkesworth, Vincent Korda; Som: John Cox, Jack Drake, Red Law, Bert Ross; Efeitos visuais: W. Percy Day; Companhia de produção: Carol Reed's Production, London Film Productions; Intérpretes: Joseph Cotten (Holly Martins), Alida Valli (Anna Schmidt), Orson Welles (Harry Lime), Trevor Howard (Maj. Calloway), Bernard Lee (Sgt. Paine), Paul Hörbiger (Karl), Ernst (Batão Kurtz), Siegfried Breuer (Popescu), Erich Ponto (Dr. Winkel), Wilfrid Hyde-White (Crabbin), Hedwig Bleibtreu, Nelly Arno, Jack Arrow, Harold Ayer, Harry Belcher, Leo Bieber, Paul Birch, Martin Boddey, Madge Brindley, Robert Brown, Ray Browne, Paul Carpenter, Marie-Louise Charlier, Alexis Chesnakov, Guy De Monceau, Reed De Rouen, Jack Faint, Peter Fontaine, Thomas Gallagher, Michael Godfrey, Vernon Greeves, Herbert Halbik, Paul Hardtmuth, Walter Hertner, Lily Kann, Geoffrey Keen, Brookes Kyle, Martin Miller, Hannah Norbert, Eric Pohlmann, Carol Reed (narrador), etc. Duração: 104 minutos; Distribuição em Portugal (DVD): Círculo Digital; Classificação etária: M/12 anos; Data de estreia em Portugal: 3 de Março de 1950.

CAROL REED (1906-1976)
Nasceu a 30 de Dezembro de 1906, em Putney, Londres, Inglaterra, e viria a falecer, de ataque cardíaco, a 25 de Abril de 1976, em Chelsea, Londres, Inglaterra. Filho ilegítimo de Sir Herbert Beerbohm Tree, um actor, professor de arte dramática e empresário que fundou a Royal School of Dramatic Arts, e Beatrice Mae Pinney. Tree sustentava uma vida dupla, casado, mantendo todavia uma segunda casa com Beatrice, de quem teve seis filhos. Carol Reed cresceu num meio abastado, com uma educação esmerada, assegurada na King's School, em Canterbury, e desde cedo quis seguir as pisadas do pai e ser actor. A mãe, para o afastar dessa ideia, envia-o para casa de um irmão, nos EUA, mas Reed regressa rapidamente a casa e inicia um estágio na companhia de Dame Sybil Thorndike, estreando-se em 1924. Encontra Edgar Wallace, o escritor de policiais, que o marca para sempre com o gosto pelo thriller. Rapidamente ingressa no cinema, como assistente de Wallace. Entra para os Ealing Studios como dialogista, passa à realização em 1935, com “It Happened in Paris” (co-realização com Robert Wyler), e depois, no ano seguinte, já a solo, com “Midshipman Easy”. Conhece Graham Green, que o incita a continuar, e firma-se como um bem sucedido director de filmes de série B, muito na linha do seu mestre Hitchcock. Torna-se um realizador de sucesso em Inglaterra e também nos EUA, e a sua contribuição para o esforço de guerra ajudou à reputação. “A Verdadeira Glória” (1945), co-realizado com Garson Kanin, ganha o Oscar para Melhor Documentário, em 1946. “A Casa Cercada” (1947), “O Ídolo Caído” (1948), “O Terceiro Homem” (1949), “O Homem da Zona Russa” (1953) ou “O Coração de Uma Cidade” (1955) cimentaram uma carreira, que a colaboração com Graham Green ajudaria a engrandecer.
Carol Reed tornou-se um cineasta internacional, e Hollywood adoptou-o: “Trapézio” (1956), “A Chave” (1958), “Our Man in Havana” (1959), “Revolta na Bounty” (1962), cuja realização abnadonou a meio, por choque de personalidades com Marlon Brando ou com o produtor Aaron Rosenberg, segundo versões diversas, “A Agonia e o Êxtase” (1965) ou “Oliver” (1968), um musical que teve direito a 11 nomeações para os Oscars, vencendo cinco, entre elas a de Melhor Filme e Melhor Realização, tornaram Carol Reed um dos mais conhecidos e notáveis cineastas ingleses. Michael Powell tinha-o em enorme consideração e Graham Greene não podia ser mais entusiástico referindo-se ao cineasta que afirmava ser “uma criatura
calorosa e simpática, que sabia escolher o melhor ângulo, o corte certo e criar a empatia necessária com toda a equipa”. Steven Spielberg considera-o uma das suas grandes influências. Casou com Diana Wynyard (1943 - 1947) e com Penelope Dudley-Ward (1948 - 1976). 

Filmografia
Como realizador:
1935: It Happened in Paris (co-realização com Robert Wyler), Midshipman Easy, 1936: Laburnum Grove; 1937: Talk of the Devil; 1937: Who's Your Lady Friend? (Uma Mulher a Mais); 1938: Penny Paradise; Bank Holiday (Fim-de-Semana Atribulado), Climbing High (As Noivas do Milionário); 1939: A Girl Must Live; 1940: The Stars Look Down (Noite sem Estrelas), Girl in the News (O Nome nos Jornais), Night Train to Munich (Expresso de Munique); 1941: Kipps, A Letter from Home (curta-metragem), 1942: The Young Mr. Pitt (Pitt, Vencedor de Napoleão); 1943: The New Lot (curta-metragem); 1944: The Way Ahead (7 de Infantaria); 1945: The True Glory (A Verdadeira Glória) (documentário, co-realizado com Garson Kanin, não creditado); 1947: Odd Man Out (A Casa Cercada); 1948: The Fallen Idol (O Ídolo Caído); 1949: The Third Man (O Terceiro Homem) ; 1952: Outcast of the Islands (Os Desterrados do Arquipélago); 1953: The Man Between (O Homem da Zona Russa); 1955: A Kid for Two Farthings (O Coração de Uma Cidade); 1956: Trapeze (Trapézio); 1958: The Key (A Chave); 1959: Our Man in Havana (O Nosso Homem em Havana); 1962: Mutiny on the Bounty (Revolta na Bounty) (Carol Reed dirigiu algumas cenas, não creditadas); 1963: The Running Man; 1965: The Agony and the Ecstasy (A Agonia e o Êxtase); 1968: Oliver! (Oliver); 1970: Flap; 1972: Follow Me ! (Segue-me Querido).

TREVOR HOWARD 
(1913-1988)
Trevor Wallace Howard-Smith nasceu a 29 de Setembro de 1913, em Cliftonville, Kent, Inglaterra, e viria a falecer a 7 de Janeiro de 1988, em Bushey, Hertfordshire, Inglaterra, vítima de gripe e bronquite.
Filho de Arthur John Howard-Smith, representante do Lloyd's of London no Ceilão, e de Mabel Grey Wallace, canadiana, enfermeira. Viveu no Ceilão até aos cinco anos, depois vem para Bristol com a mãe, frequenta o Clifton College, inscrevendo-se na Royal Academy of Dramatic Art para estudar arte dramática. Passa por algumas companhias londrinas, é notado pela Paramount Pictures que o convida para ingressar no cinema, mas Trevor Howard, nessa altura, declina o convite, entrando para a do Stratford Memorial Theatre. Com o eclodir da II Guerra Mundial oferece-se como voluntário, não é aceite numa primeira fase, mas depois integra o Royal Corps of Signals, divisão aerotransportada. Contam-se histórias de grande heroísmo, algumas inventadas pelo marketing sem conhecimento do actor. Mas passou pela Noruega ocupada pelos nazis, e pelo desembarque na Sicília.  
Em 1943, Howard regressa ao teatro, encontra a actriz Helen Cherry, com quem se casa. Dado ao álcool, são igualmente conhecidas algumas histórias rocambolescas, como a sua prisão por usurpar a identidade de um oficial quando se encontrava a trabalhar em Viena.
Finalmente, em 1944, estreia-se no cinema, sob a direcção de Carol Reed, em “The Way Ahead”, iniciando uma carreira repleta de sucessos, desde esse brilhante “Brief Encounter”, (David Lean, 1945), “The Third Man” (Carol Reed, 1949), “The Key (Carol Reed, 1958), “The Heart of the Matter” (G.M O’Ferral, 1953), entre muitos outros. A sua extensa filmografia mostra um actor de grande versatilidade e de enormes recursos, numa linha de grande sobriedade, num registo clássico que nunca abandonou. Profissional exigente, passou igualmente com intenso brilho pela televisão. Era considerado “um dos mais ingleses” actores do seu país, e era um apaixonado por cricket, membro do Marylebone Cricket Club, e tão entusiasta que obrigava a colocar nos seus contractos uma cláusula que lhe permita abandonar as filmagens em dia de jogos. Em 1959, foi considerado o Melhor Actor pela Academia Britânica de Cinema pela sua interpretação em “The Key”. Em 1961 foi nomeado para o Oscar de Melhor Actor pelo seu trabalho em “Sons and Lovers” (1960).
Discreto, Trevor um dia disse: “Em Inglaterra não temos a “Method School” para representar. Lemos simplesmente o guião, decoramo-lo, encarnamos a personagem e fazemos o que temos que fazer”.

Filmografia
Como actor:
1944: The Way Ahead (7 de Infantaria), de Carol Reed (não creditado); 1945: The Way to the Stars (O Caminho das Estrelas), de Anthony Asquith; Brief Encounter (Breve Encontro), de David Lean; 1946: Green for Danger (A Espia da Irlanda), de Frank Launder; I See a Dark Stranger (O Criminoso Vestia de Branco), de S. Gilliat; 1947: They Made Me a Fugitive, de Alberto Cavalcanti; So Well Remembered (A Esquina da Vida), de Edward Dmytryck; 1949: The Passionate Friends (Mais Forte Que o Amor), de David Lean; The Third Man (O Terceiro Homem), de Carol Reed; 1950: Odette, Agent S. 23 (Odette), de Herbert Wilcox; Golden Salamander (O Fantasma do Deserto); 1951: The Clouded Yellow (Nuvens Amarelas), de R. Thomas; Lady Godiva Rides Again, de Frank Launder; 1951: This Is Show Business (TV); 1952: La Mano dello Straniero ou The Stranger's Hand, de Mario Soldati; Outcast of the Islands (Os Desterrados do Arquipélago), de Carol Reed; 1952: The Gift Horse, de C. Bennett; 1953: The Heart of the Matter (O Fundo da Questão), de G.M O’Ferral; 1954: Les Amants du Tage ou April in Portugal (Os Amantes do Tejo), de Henry Verneuil; Producers' Showcase (TV); BBC Sunday-Night Theatre (TV); 1955: The Cockleshell Heroes (Homens em Casca de Noz), de Jose Ferrer; 1956: Run for the Sun (Rumo ao Sol), de Roy Boulting; Around the World in Eighty Days (A Volta ao Mundo em 80 Dias) de Michael Anderson; The 20th Century-Fox Hour (TV); Studio One (TV); 1957: Manuela (Manuela), de Guy Hamilton; Interpol (Policia Internacional), de John Gilling; The World Our Stage (TV); A Day in Trinidad, Land of Laughter (curta-metragem); 1958: The Key (A Chave), de Carol Reed; The Roots of Heaven (As Raízes do Céu), de John Huston; 1959: Westinghouse Desilu Playhouse (TV); 1960: Sons and Lovers (Filhos e Apaixonados), de Jack Cardiff; Moment of Danger (Momento de Perigo), de L. Benedek; Playhouse 90 (TV); 1962: The Lion (O Leão), de Jack Cardiff; Mutiny on the Bounty (A Revolta na Bounty), de Lewis Milestone; Kraft Mystery Theater (TV); 1963: Hedda Gabler (TV); The Invincible Mr. Disraeli (TV); 1964: Man in the Middle (Conselho de Guerra), de Guy Hamilton; Father Goose (Grão-Lobo Chama), de Ralph Nelson; 1965: The Liquidator (Assassino de Encomenda), de Jack Cardiff; Operation Crossbow (Operação V-2), de Michael Anderson: Von Ryan's Express (O Expresso de Von Ryan), de Mark Rodson; Morituri (Moriture), de Bernard Wicki; Eagle in a Cage (TV); 1966: The Poppies Are Also Flowers (A Papoila Também é uma Flor), de Terence Young: Triple Cross (O Maior Espião da História), de Terence Young; 1967: The Long Duel (Duelo sem Tréguas), de Ken Annakin; 1967: Pretty Polly; 1968: The Charge of the Light Brigade (A Carga da Brigada Ligeira), de Tony Richardon; 1969: Twinky (A Adolescente e o Quarentão), de Richar Donner; Battle of Britain (A Batalha de Inglaterra), de Guy Hamilton; 1970: Ryan's Daughter (A Filha de Ryan), de David Lean; 1971: To Catch a Spy (Meu Marido, esse Desconhecido),de René Clement; Mary, Queen of Scots (Duas Rainhas), de Charles Jarrot; The Night Visitor (Visita Inesperada), de Laslo Benedet; Kidnapped (O Magnífico Rebelde), de Delbert Mann; 1972: The Offence (A Sevícia), de Sidney Lumet; Pope Joan (A Papisa Joana), de Michael Anderson; Ludwig (Luís da Baviera), de Luchino Visconti; 1973: Craze, de Freddie Francis; A Doll's House (A Casa da Boneca), de Joseph Losey; Catholics (TV); ITV Saturday Night Theatre (TV); Who?, de Jack Gold; 1974: Cause for Concern (narrador): Persecution, de Don Chaffey; 11 Harrowhouse (A Casa dos Diamantes), de Aram Avakian; 1975: The Count of Monte-Cristo (A Vingança de Monte Cristo), de David Greene (TV); Hennessy (Hennessy), de Don Sharp; Conduct Unbecoming (A Honra do Regimento), de Michael Anderson; 1976: Alle origini della mafia (TV); Albino, de Jürgen Goslar; The Bawdy Adventures of Tom Jones (As Aventuras de Tom Jones), de Cliff Owen; Aces High, de Jack Gold; Eliza Fraser, de Tim Burstall; 1977: Babel Yemen (curta-metragem, narrador); The Last Remake of Beau Geste (A Mais Louca Aventura de Beau Geste), de Marty Feldman; 1978: Slavers (Escravos), de Jürgen Goslar; Stevie (A Incrível Stevie), de Robert Enders; Superman (Super-Homem), de Richard Donner; Scorpion Tales (TV); 1979: The Spirit of Adventure: Night Flight, de Desmond Davis (TV); Hurricane (A Grande Tempestade), de Jan Troell; Meteor (Meteoro), de Ronald Neame; 1980: The Shillingbury Blowers, de Val Guest; Windwalker, de Kieth Merrill; The Sea Wolves (Os Comandos de Sua Majestade), de Andrew V. McLaglen; Sir Henry at Rawlinson End, de Steve Roberts; Staying On (TV); 1981: Les Années lumière (Os Anos de Luz), de Alain Tanner; The Great Muppet Caper, de Jim Henson; No Country for Old Men (TV); 1982: Deadly Game (TV); Inside the Third Reich (TV); The Missionary (Um Missionário em Apuros), de Richard Loncraine; Gandhi (Gandhi), de  Richard Attenborough; 1984: Flashpoint Africa (TV); George Washington (TV); Sword of the Valiant (A Espada dos Valentes), de Stephen Weeks; 1985: This Lightning Always Strikes Twice (TV); God Rot Tunbridge Wells (TV); 1985: Dust, de Marion Hänsel; 1986: Peter the Great (TV); Foreign Body, de  Ronald Neame; Shaka Zulu (TV); Christmas Dove (TV); Screen Two (TV); 1987: Shaka Zulu; Hand in Glove (TV); White Mischief (Adeus, África), de Michael Radford; 1988: The Dawning (Perversa Tentação), de Camilo Vila; The Unholy (Segredos de Guerra), de Robert Knights.

GRAHAM GREENE (1904-1991)
Henry Graham Greene nasceu a 2 de Outubro de 1904, em Berkhamsted, Hertfordshire, Inglaterra, e viria a falecer a 3 de Abril de 1991, em Corseaux, Vaud, Suíça. O pai era director de uma escola, onde GG estudou, passando depois pelo Balliol College de Oxford e pela Universidade de Oxford. Publicou uma recolha de poesias em 1925 e começou a sua carreira como jornalista, trabalhando no “The Times”. Converte-se ao catoliscismo em 1926 para poder casar com Vivien Daryell-Browning, o que acontece no ano seguinte, casamento que durou até à sua morte, muito embora se conhecessem várias amantes oficiais e uma vida sexual extra conjugal intensa. Especializa-se em crítica literária e cinematográfica, no “The Spectator” e depois no “Night and Day”, para o qual escreveu uma reportagem em Hollywood sobre o assédio sexual dos magnates da capital do cinema para com Shirley Temple que lhe valeu um processo, a fuga para o México e, finalmente, há quem diga que o trabalho levou à falência da revista. Durante a II Guerra Mundial, entre 1941 a 1943, trabalhou para o governo inglês, um pouco como espião, dirigindo um escritório em Freetown, na Serra Leoa, o que o inspirou para vários romances. Conta-se que foi recrutado para o MI6 por um célebre agente duplo, Kim Philby. Espionagem, intriga internacional, religião, cenários exóticos da América Latina ou da Ásia são alguns dos temas que absorveram este homem controverso que foi considerado um dos maiores romancistas europeus do século XX. Um dos seus primeiros sucessos foi “O Expresso do Oriente” (1932). Mas muitas foram as obras a receber os favores do público, como “O Poder e a Glória” (1940), O Americano Tranquilo” (1955), “O Nosso Homem em Havana” (1958), “Os Comediantes” (1966), “Viagens com a minha Tia” (1969), “O Consulo Honorário” (1973), ou “O Factor Humano” (1978). Quase toda a sua extensa bibliografia, romances, contos, peças de teatro, foi adaptada ao cinema e à televisão. Alguns romances, como “O Terceiro Homem”, foram escritos inicialmente como argumentos de filmes, e depois passados a obras literárias. Apaixonado pelo cinema, aparece como actor segundário num filme de François Truffaut, “La nuit américaine”, rodado em Nice. Acontece que Truffaut só descobriu na sala de montagem quem era o actor que fazia de agente de seguros.  
Os últimos anos da sua vida passou-os na aldeia de Corseaux, na Suiça, junto ao lago Léman. Morreu aí, em 1991, vivendo com Yvonne Cloetta, apesar de nunca se ter divorciado de Vivien Daryell-Browning, de quem estava mais ou menos separado desde finais da II Guerra Mundial.

Bibliografia: The Man Within (1929), The Name of Action (1930), Rumour at Nightfall (1931), Stamboul Train (1932), It's a Battlefield (1934), England Made Me (1935), A Gun for Sale (1936), Journey Without Maps (1936), Brighton Rock (1938), The Confidential Agent (1939), The Power and the Glory (1940), The Ministry of Fear (1943), The Heart of the Matter (1948), The Third Man (1949), The End of the Affair (1951), Twenty-One Stories (1954) (contos), Loser Takes All (1955), The Quiet American (1955), Our Man in Havana (1958), A Burnt-Out Case (1960), A Sense of Reality (1963) (contos), The Comedians (1966), May We Borrow Your Husband? (1967) (contos), Travels with My Aunt (1969), A Sort of Life (1971) (autobiografia), The Honorary Consul (1973), The Human Factor (1978), Doctor Fischer of Geneva (1980), Ways of Escape (1980) (autobiografia), Monsignor Quixote (1982), Getting to Know the General (1984) (memórias do Panamá), The Tenth Man (1985), The Captain and the Enemy (1988), The Last Word (1990) (contos), No Man's Land (2005).

Filmografia (obras de GG adaptadas ao cinema, ou escritas directamente por ele para o cinema): Orient Express, de Paul Martin (1934), The Green Cockatoo, de William Cameron Menzies (1937), 21 Days Together, de Basil Dean (1940), This Gun for Hire, de Frank Tuttle (1942), Went the Day Well?, de Alberto Cavalcanti (1942), Ministry of Fear, de Fritz Lang (1944), Confidential Agent, de Herman Shumlin (1945), The Smugglers, de Bernard Knowles (1947) (segundo "The Man Within"), The Fugitive, de John Ford(1947) (segundo "The Labyrinthine Ways" ou "The Power and The Glory"), Brighton Rock, de John Boulting (1947), The Fallen Idol, de Carol Reed (1948)  (segundo "The Basement Room"), The Third Man, de Carol Reed (1949), The Heart of the Matter, de George More O'Ferrall (1953), La mano dello straniero, de Mario Soldati (1954), The End of the Affair, de Edward Dmytryk (1955),  Die Kraft und die Herrlichkeit, de Rainer Wolffhardt (1957) (segundo "The Power and the Glory"), Saint Joan, de Otto Preminger (1957), Across the Bridge, de Ken Annakin (1957), Short Cut to Hell, de James Cagney (1957) (segundo "A Gun for Sale"), The Quiet American, de Joseph L. Mankiewicz (1958), Verschlossene Räume, de Roger Burckhardt (1958) (segundo "The Living Room"), Our Man in Havana, de Carol Reed (1959), Günes dogmasin, de Halit Refig e Memduh Ün (1961) (segundo "A Gun for Hire"), The Power and the Glory, de Marc Daniels (1961), Der letzte Raum, de Korbinian Köberle  (1966) (segundo "The Living Room"), Pelon talo, de Mikko Majanlahti (1966) (segundo "The Living Room"), The Comedians, de Peter Glendville (1967), Das Herz aller Dinge, de Oswald Döpke (1971) (segundo "The Heart of the Matter"), The Wounded Wolf, de Lutfi Akad (1972) (segundo "A Gun for Hire"), Travels with My Aunt, de George Cukor (1972), The Human Factor, de Otto Preminger (1979), Beyond the Limit, de John Mackenzie (1983) (segundo "The Honorary Consul"), Dr. Fischer of Geneva, de Michael Lindsay-Hogg (1985)( segundo "Dr. Fischer of Geneva: The Bomb Party"), May We Borrow Your Husband?, de Bob Mahoney  (1986), The Tenth Man, de Jack Gold  (1988), Strike It Rich, de James Scott (1990), This Gun for Hire, de Lou Antonio (1991), The End of the Affair, de Neil Jordan (1999), Double Take, de  (2001) (segundo "Across the Bridge"), The Quiet American, de Phillip Noyce (2002), Brighton Rock, de Rowan Joffe (2010).

Entretanto, para lá de várias curtas metragens, muitos programas de televisão se basearam em textos de GG: Studio One in Hollywood (1951), Loser Takes All (1956), Quinta colonna (1966), The Unforeseen (1960), The DuPont Show of the Month (1959), H.M. Tennent Globe Theatre (1956), The Third Man (1959-1965), Thursday Theatre (1965), About Religion (1964), Studio 4 (1962), Play of the Week (1959-1961), Una pistola in vendita (1970), La fine dell'avventura (1969), Shades of Greene (1975-76), El teatro (1974), Noche de teatro (1974), The Heart of the Matter (1983), Estudio 1 (1982), Au théâtre ce soir (1980), The Istambul Train (1980), Great Performances (1987), Primera función (1989), etc.

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