O TERCEIRO HOMEM (1949)
Há filmes míticos, já se sabia. “O
Terceiro Homem” é um deles. Interessante será tentar perceber qual o mistério,
a magia que se encontra por detrás desta obra que mais de 70 anos depois de
estreada consegue manter os espectadores suspensos do seu canto, mesmo que
saibam quase de cor as réplicas e não tenham esquecido um só dos planos que
fazem deste título um deslumbramento plástico, envolvido por um tema musical
dos mais inspirados de toda a história do cinema. Afinal, já estamos a
organizar algumas das razões que podem explicar o sucesso de “O Terceiro
Homem”.
A história: depois de terminada a II
Guerra Mundial, Viena de Áustria tornou-se uma cidade dividida em quatro zonas
de influência, cada uma delas administrada por um dos quatro vencedores do
conflito, EUA, Inglaterra, França e URSS. Numa cidade destruída pelos
bombardeamentos, a corrupção impera, o tráfico de influências e o mercado negro
prosperam, e se a guerra foi devastadora, o pós-guerra não o será menos, ainda
que de outra forma.
É neste contexto que chega a Viena um
americano, Holly Martins, escritor menor de romances do Oeste, que vem chamado
por um amigo de infância, Harry Lime que, sabendo-o em dificuldades, o convida
a trabalhar com ele. Mas, quando chega, Holly descobre que o amigo acabara de
falecer, atropelado à porta de casa e nessa mesma altura se encontra a ser
sepultado num dos cemitérios locais. Holly chega a tempo de ainda ouvir as
palavras de despedida proferidas pelo padre, sabe que Harry deixou uma
desamparada Anna Schmidt a chorar o desaparecimento do amante, e inicia uma
conversa com o Major Calloway, que o aconselha a deixar a cidade no dia
seguinte, com um bilhete de regresso pago pelas forças ocupantes. Mas Holly é
convidado para dar uma conferência sobre literatura moderna numa estranha
associação e, ao mesmo tempo, começa a duvidar que o amigo tenha sido vítima de
um simples acidente. Há alguns factos que não batem certo e a sua curiosidade
impede-o de deixar Viena. Umas testemunhas falam de duas pessoas a transportar
o corpo de Harry Lime aquando do desastre, outras falam de três, e aqui começa
o enigma: saber quem era o misterioso e suspeito “terceiro homem”. Calloway,
perante a teimosia de Holly, resolve contar-lhe a verdade sobre o amigo. Harry
Lime não passava de um escroque da pior espécie que, entre outras malfeitorias,
vendia penicilina adulterada no mercado negro, provocando dezenas de mortes e
deixando atrás de si um rasto de doenças incuráveis. Ter morrido terá sido o
melhor que lhe poderia ter acontecido.
Mas Holly continua com dúvidas e persiste
em encontrar o “terceiro homem”. Ele irá aparecer, surgindo como uma sombra na
noite escura, escondido na penumbra de uma porta, com um gato aos pés.
O filme parte de um argumento escrito
directamente para o cinema por Graham Greene, segundo história de Alexander
Korda, tendo contado com a colaboração de Carol Reed e Orson Welles, não
creditada no genérico. Diga-se, aliás, que depois do sucesso do filme, o
escritor inglês acabou por editar o romance, mantendo-se o êxito.
Conta a pequena história que existiram
diversos confrontos entre o escritor, o realizador e os dois produtores mais
importantes, Alexander Korda, o húngaro, pelo lado inglês, e David O. Selznick,
pela participação americana. Sabe-se mesmo que há algumas alterações entre a
história inicial e a versão final do filme, nomeadamente o derradeiro plano. No
romance, Graham Greene prenuncia um “happy end”, enquanto o filme é muito mais
pessimista e desiludido. Sabe-se que, passados alguns anos, o escritor confessou
que Carol Reed tinha toda a razão ao optar por aquele desfecho.
As personagens: obviamente que um dos
encantos de “O Terceiro Homem” são as personagens que intervêm na ficção. Desde
as mais prosaicas, o Major Calloway e o seu acompanhante, sargento Paine, até
ao protagonista, esse escritor, americano típico, ingénuo e persistente, que
não se desvia do seu percurso, que intercede pela rapariga e se mostra leal à
amizade até quase ao irracional, mas toma a boa decisão na altura certa,
passando por esse universo de misteriosas personagens que têm todas algo a
esconder, do Dr. Vinkler a Popescu, de Karl ao Barão Kurtz, passando pelo
estranho Crabbin e as suas sessões literárias. Mas não esquecemos Anna Schmidt
e a sua devoção à memória de um homem que amou. Finalmente, guardamos para o
fim a figura central desta obra, que todavia só aparece na meia hora final, mas
para sempre irá marcar este filme, com uma das mais geniais criações de um
actor, ou não fosse ele Orson Welles. O seu “terceiro homem” sintetiza nas
curtas aparições uma ideia de “mal”, na displicência com que olha os outros, na
distância que guarda perante a miséria que semeia, no irónico olhar de quem se
julga superior aos demais. De resto, todo o filme se constrói em função do
suspense quanto ao “terceiro homem” e as suas aparições são trabalhadas de
forma eloquente. Envolta em mistério, a figura está para lá na “normalidade”,
ou surge envolvida nas sombras, ou em contraluz que lhe agiganta a projecção de
um espectro ameaçador.
O clima plástico: entramos assim no que me
parece ser o aspecto dominante de “The Third Man”, o seu estilo plástico,
conseguido pela conjugação de uma direcção artística barroca, uma fotografia de
um preto e branco ameaçador, equívoco, dissimulado, e de uma angulação da câmara
quase sempre oblíqua, que faz com que a realidade filmada surja destorcida,
desequilibrada, como os tempos que então se viviam em Viena. Mas há ainda a
iluminação, com ressaibos de expressionismo, sublinhando o lado grotesco desta
representação de máscaras numa terra de ninguém. Se a história relembra um
pouco “Casablanca”, com os seus heróis cansados, amores desencontrados, vilões
de brutal ambiguidade, algumas cenas remetem directamente para “Matou”,
sobretudo as sequência onde aparece um miúdo, apontando um (falso) culpado que
é perseguido pela multidão nas ruas da cidade. Mas se influências existem, a
que o próprio cinema de Orson Welles não é alheio, a verdade é que Carol Reed
comanda com maestria este singular cocktail, que é indiscutivelmente um dos
melhores retratos do pós-guerra, mostrando como os restos de um confronto podem
ser tão destrutivos e violentos quanto as batalhas nas trincheiras. Durante
algum tempo especulou-se se Orson Welles não teria realmente dirigido grande
parte da película, mas ele próprio, numa entrevista a Peter Bogdanovich,
confessou que o filme era obra integral de Carol Reed, com uma ou outra
contribuição de Welles, sobretudo ao nível do diálogo.
É sabido que uma das mais famosas réplicas
de “The Third Man” refere o relógio de cuco, e essa sim terá sido uma
contribuição de Welles que, na pele de Harry Lime, terá sentenciado, do alto da
roda de Wiener Riesenrad, olhando com desprezo para as humanas “formigas” que
cá em baixo passavam, que “em Itália, durante 30 anos sob o jugo dos Bórgia,
tiveram carnificinas, terror, assassinatos e violência, mas também aconteceram
Michelangelo, Leonardo da Vinci e o Renascimento. Na Suíça, com tanto amor
fraterno, em quinhentos anos de democracia e paz, que produziram? O relógio de
cuco!”
A fotografia traz a assinatura de Robert
Krasker, que acabaria por ganhar o único Oscar atribuído ao filme, apesar de
este ter sido ainda nomeado para melhor realização e montagem. Montagem essa
igualmente preponderante na criação do tom, e que era da responsabilidade de
Oswald Hafenrichter. Mas se não ganhou senão um Oscar, hoje em dia aparece
referenciado como um dos mais importantes filmes ingleses de sempre, e mesmo um
dos melhores de toda a história do cinema.
A música: outro aspecto primordial desta
obra é a banda sonora criada por Anton Karas, um compositor vienense, que se
limitou a utilizar a cítara, um instrumento de cordas, muito usado na música
folclórica, em zonas de influência alemã, dos Alpes à Europa Central e do
Leste. O efeito é realmente excelente, contribuindo para criar o ambiente
inquietante e algo exótico que se pressente ao longo de toda a obra.
O TERCEIRO HOMEM
Título original: The Third Man
Realização: Carol Reed (Inglaterra, EUA, 1949); Argumento: Graham
Greene, segundo história de Alexander Korda, com colaboração de Carol Reed e
Orson Welles (não creditados); Produção: Hugh Perceval, Carol Reed, Alexander
Korda, David O. Selznick; Música: Anton Karas; Fotografia (p/b): Robert
Krasker; Montagem: Oswald Hafenrichter; Decoração: Dario Simoni; Guarda-roupa:
Ivy Baker, George Murrey; Maquilhagem: George Frost, Joe Shear, Peter Evans;
Direcção de produção: T.S. Lyndon-Haynes; Assistente de realização: Guy Hamilton,
Jack Causey, Jack N. Green, George Pollock, Gino Wimmer; Departamento de arte:
Joseph Bato, John Hawkesworth, Vincent Korda; Som: John Cox, Jack Drake, Red
Law, Bert Ross; Efeitos visuais: W. Percy Day; Companhia de produção: Carol
Reed's Production, London Film Productions; Intérpretes: Joseph Cotten
(Holly Martins), Alida Valli (Anna Schmidt), Orson Welles (Harry Lime), Trevor
Howard (Maj. Calloway), Bernard Lee (Sgt. Paine), Paul Hörbiger (Karl), Ernst
(Batão Kurtz), Siegfried Breuer (Popescu), Erich Ponto (Dr. Winkel), Wilfrid
Hyde-White (Crabbin), Hedwig Bleibtreu, Nelly Arno, Jack Arrow, Harold Ayer,
Harry Belcher, Leo Bieber, Paul Birch, Martin Boddey, Madge Brindley, Robert
Brown, Ray Browne, Paul Carpenter, Marie-Louise Charlier, Alexis Chesnakov, Guy
De Monceau, Reed De Rouen, Jack Faint, Peter Fontaine, Thomas Gallagher,
Michael Godfrey, Vernon Greeves, Herbert Halbik, Paul Hardtmuth, Walter
Hertner, Lily Kann, Geoffrey Keen, Brookes Kyle, Martin Miller, Hannah Norbert,
Eric Pohlmann, Carol Reed (narrador), etc. Duração: 104 minutos;
Distribuição em Portugal (DVD): Círculo Digital; Classificação etária: M/12
anos; Data de estreia em Portugal: 3 de Março de 1950.
CAROL REED (1906-1976)
Nasceu a 30 de Dezembro de 1906, em
Putney, Londres, Inglaterra, e viria a falecer, de ataque cardíaco, a 25 de
Abril de 1976, em Chelsea, Londres, Inglaterra. Filho ilegítimo de Sir Herbert
Beerbohm Tree, um actor, professor de arte dramática e empresário que fundou a
Royal School of Dramatic Arts, e Beatrice Mae Pinney. Tree sustentava uma vida
dupla, casado, mantendo todavia uma segunda casa com Beatrice, de quem teve
seis filhos. Carol Reed cresceu num meio abastado, com uma educação esmerada,
assegurada na King's School, em Canterbury, e desde cedo quis seguir as pisadas
do pai e ser actor. A mãe, para o afastar dessa ideia, envia-o para casa de um
irmão, nos EUA, mas Reed regressa rapidamente a casa e inicia um estágio na
companhia de Dame Sybil Thorndike, estreando-se em 1924. Encontra Edgar
Wallace, o escritor de policiais, que o marca para sempre com o gosto pelo
thriller. Rapidamente ingressa no cinema, como assistente de Wallace. Entra
para os Ealing Studios como dialogista, passa à realização em 1935, com “It
Happened in Paris” (co-realização com Robert Wyler), e depois, no ano seguinte,
já a solo, com “Midshipman Easy”. Conhece Graham Green, que o incita a
continuar, e firma-se como um bem sucedido director de filmes de série B, muito
na linha do seu mestre Hitchcock. Torna-se um realizador de sucesso em
Inglaterra e também nos EUA, e a sua contribuição para o esforço de guerra
ajudou à reputação. “A Verdadeira Glória” (1945), co-realizado com Garson
Kanin, ganha o Oscar para Melhor Documentário, em 1946. “A Casa Cercada”
(1947), “O Ídolo Caído” (1948), “O Terceiro Homem” (1949), “O Homem da Zona
Russa” (1953) ou “O Coração de Uma Cidade” (1955) cimentaram uma carreira, que
a colaboração com Graham Green ajudaria a engrandecer.
Carol Reed tornou-se um cineasta
internacional, e Hollywood adoptou-o: “Trapézio” (1956), “A Chave” (1958), “Our
Man in Havana” (1959), “Revolta na Bounty” (1962), cuja realização abnadonou a
meio, por choque de personalidades com Marlon Brando ou com o produtor Aaron
Rosenberg, segundo versões diversas, “A Agonia e o Êxtase” (1965) ou “Oliver”
(1968), um musical que teve direito a 11 nomeações para os Oscars, vencendo
cinco, entre elas a de Melhor Filme e Melhor Realização, tornaram Carol Reed um
dos mais conhecidos e notáveis cineastas ingleses. Michael Powell tinha-o em
enorme consideração e Graham Greene não podia ser mais entusiástico
referindo-se ao cineasta que afirmava ser “uma criatura
calorosa e simpática, que
sabia escolher o melhor ângulo, o corte certo e criar a empatia necessária com
toda a equipa”. Steven Spielberg considera-o uma das suas grandes influências. Casou com Diana Wynyard (1943 - 1947) e
com Penelope Dudley-Ward (1948 - 1976).
Filmografia
Como realizador:
1935: It Happened in Paris (co-realização
com Robert Wyler), Midshipman Easy, 1936: Laburnum Grove; 1937: Talk of the
Devil; 1937: Who's Your Lady Friend? (Uma Mulher a Mais); 1938: Penny Paradise;
Bank Holiday (Fim-de-Semana Atribulado), Climbing High (As Noivas do Milionário);
1939: A Girl Must Live; 1940: The Stars Look Down (Noite sem Estrelas), Girl in
the News (O Nome nos Jornais), Night Train to Munich (Expresso de Munique);
1941: Kipps, A Letter from Home (curta-metragem), 1942: The Young Mr. Pitt
(Pitt, Vencedor de Napoleão); 1943: The New Lot (curta-metragem); 1944: The Way
Ahead (7 de Infantaria); 1945: The True Glory (A Verdadeira Glória)
(documentário, co-realizado com Garson Kanin, não creditado); 1947: Odd Man Out
(A Casa Cercada); 1948: The Fallen Idol (O Ídolo Caído); 1949: The Third Man (O
Terceiro Homem) ; 1952: Outcast of the Islands (Os Desterrados do Arquipélago);
1953: The Man Between (O Homem da Zona Russa); 1955: A Kid for Two Farthings (O
Coração de Uma Cidade); 1956: Trapeze (Trapézio); 1958: The Key (A Chave);
1959: Our Man in Havana (O Nosso Homem em Havana); 1962: Mutiny on the Bounty
(Revolta na Bounty) (Carol Reed dirigiu algumas cenas, não creditadas); 1963:
The Running Man; 1965: The Agony and the Ecstasy (A Agonia e o Êxtase); 1968:
Oliver! (Oliver); 1970: Flap; 1972: Follow Me ! (Segue-me Querido).
TREVOR HOWARD
(1913-1988)
Trevor Wallace Howard-Smith nasceu a 29 de
Setembro de 1913, em Cliftonville, Kent, Inglaterra, e viria a falecer a 7 de
Janeiro de 1988, em Bushey, Hertfordshire, Inglaterra, vítima de gripe e
bronquite.
Filho de Arthur John Howard-Smith,
representante do Lloyd's of London no Ceilão, e de Mabel Grey Wallace,
canadiana, enfermeira. Viveu no Ceilão até aos cinco anos, depois vem para
Bristol com a mãe, frequenta o Clifton College, inscrevendo-se na Royal Academy
of Dramatic Art para estudar arte dramática. Passa por algumas companhias
londrinas, é notado pela Paramount Pictures que o convida para ingressar no
cinema, mas Trevor Howard, nessa altura, declina o convite, entrando para a do
Stratford Memorial Theatre. Com o eclodir da II Guerra Mundial oferece-se como
voluntário, não é aceite numa primeira fase, mas depois integra o Royal Corps
of Signals, divisão aerotransportada. Contam-se histórias de grande heroísmo,
algumas inventadas pelo marketing sem conhecimento do actor. Mas passou pela
Noruega ocupada pelos nazis, e pelo desembarque na Sicília.
Em 1943, Howard regressa ao teatro,
encontra a actriz Helen Cherry, com quem se casa. Dado ao álcool, são
igualmente conhecidas algumas histórias rocambolescas, como a sua prisão por
usurpar a identidade de um oficial quando se encontrava a trabalhar em Viena.
Finalmente, em 1944, estreia-se no cinema,
sob a direcção de Carol Reed, em “The Way Ahead”, iniciando uma carreira
repleta de sucessos, desde esse brilhante “Brief Encounter”, (David Lean,
1945), “The Third Man” (Carol Reed, 1949), “The Key (Carol Reed, 1958), “The
Heart of the Matter” (G.M O’Ferral, 1953), entre muitos outros. A sua extensa
filmografia mostra um actor de grande versatilidade e de enormes recursos, numa
linha de grande sobriedade, num registo clássico que nunca abandonou.
Profissional exigente, passou igualmente com intenso brilho pela televisão. Era
considerado “um dos mais ingleses” actores do seu país, e
era um apaixonado por cricket, membro do Marylebone Cricket Club, e tão
entusiasta que obrigava a colocar nos seus contractos uma cláusula que lhe
permita abandonar as filmagens em dia de jogos. Em 1959, foi considerado o
Melhor Actor pela Academia Britânica de Cinema pela
sua interpretação em “The Key”. Em 1961 foi nomeado para o Oscar de Melhor
Actor pelo seu trabalho em “Sons and Lovers” (1960).
Discreto, Trevor um dia disse: “Em
Inglaterra não temos a “Method School” para representar. Lemos simplesmente o
guião, decoramo-lo, encarnamos a personagem e fazemos o que temos que fazer”.
Filmografia
Como actor:
1944: The Way Ahead (7 de Infantaria), de
Carol Reed (não creditado); 1945: The Way to the Stars (O Caminho das
Estrelas), de Anthony Asquith; Brief Encounter (Breve Encontro), de David Lean;
1946: Green for Danger (A Espia da Irlanda), de Frank Launder; I See a Dark
Stranger (O Criminoso Vestia de Branco), de S. Gilliat; 1947: They Made Me a
Fugitive, de Alberto Cavalcanti; So Well Remembered (A Esquina da Vida), de
Edward Dmytryck; 1949: The Passionate Friends (Mais Forte Que o Amor), de David
Lean; The Third Man (O Terceiro Homem), de Carol Reed; 1950: Odette, Agent S.
23 (Odette), de Herbert Wilcox; Golden Salamander (O Fantasma do Deserto);
1951: The Clouded Yellow (Nuvens Amarelas), de R. Thomas; Lady Godiva Rides
Again, de Frank Launder; 1951: This Is Show Business (TV); 1952: La Mano dello
Straniero ou The Stranger's Hand, de Mario Soldati; Outcast of the Islands (Os
Desterrados do Arquipélago), de Carol Reed; 1952: The Gift Horse, de C.
Bennett; 1953: The Heart of the Matter (O Fundo da Questão), de G.M O’Ferral;
1954: Les Amants du Tage ou April in Portugal (Os Amantes do Tejo), de Henry
Verneuil; Producers' Showcase (TV); BBC Sunday-Night Theatre (TV); 1955: The
Cockleshell Heroes (Homens em Casca de Noz), de Jose Ferrer; 1956: Run for the
Sun (Rumo ao Sol), de Roy Boulting; Around the World in Eighty Days (A Volta ao
Mundo em 80 Dias) de Michael Anderson; The 20th Century-Fox Hour (TV); Studio
One (TV); 1957: Manuela (Manuela), de Guy Hamilton; Interpol (Policia
Internacional), de John Gilling; The World Our Stage (TV); A Day in Trinidad,
Land of Laughter (curta-metragem); 1958: The Key (A Chave), de Carol Reed; The
Roots of Heaven (As Raízes do Céu), de John Huston; 1959: Westinghouse Desilu
Playhouse (TV); 1960: Sons and Lovers (Filhos e Apaixonados), de Jack Cardiff;
Moment of Danger (Momento de Perigo), de L. Benedek; Playhouse 90 (TV); 1962:
The Lion (O Leão), de Jack Cardiff; Mutiny on the Bounty (A Revolta na Bounty),
de Lewis Milestone; Kraft Mystery Theater (TV); 1963: Hedda Gabler (TV); The
Invincible Mr. Disraeli (TV); 1964: Man in the Middle (Conselho de Guerra), de
Guy Hamilton; Father Goose (Grão-Lobo Chama), de Ralph Nelson; 1965: The
Liquidator (Assassino de Encomenda), de Jack Cardiff; Operation Crossbow (Operação
V-2), de Michael Anderson: Von Ryan's Express (O Expresso de Von Ryan), de Mark
Rodson; Morituri (Moriture), de Bernard Wicki; Eagle in a Cage (TV); 1966: The
Poppies Are Also Flowers (A Papoila Também é uma Flor), de Terence Young:
Triple Cross (O Maior Espião da História), de Terence Young; 1967: The Long
Duel (Duelo sem Tréguas), de Ken Annakin; 1967: Pretty Polly; 1968: The Charge
of the Light Brigade (A Carga da Brigada Ligeira), de Tony Richardon; 1969:
Twinky (A Adolescente e o Quarentão), de Richar Donner; Battle of Britain (A
Batalha de Inglaterra), de Guy Hamilton; 1970: Ryan's Daughter (A Filha de
Ryan), de David Lean; 1971: To Catch a Spy (Meu Marido, esse Desconhecido),de
René Clement; Mary, Queen of Scots (Duas Rainhas), de Charles Jarrot; The Night
Visitor (Visita Inesperada), de Laslo Benedet; Kidnapped (O Magnífico Rebelde),
de Delbert Mann; 1972: The Offence (A Sevícia), de Sidney Lumet; Pope Joan (A
Papisa Joana), de Michael Anderson; Ludwig (Luís da Baviera), de Luchino
Visconti; 1973: Craze, de Freddie Francis; A Doll's House (A Casa da Boneca),
de Joseph Losey; Catholics (TV); ITV Saturday Night Theatre (TV); Who?, de Jack
Gold; 1974: Cause for Concern (narrador): Persecution, de Don Chaffey; 11
Harrowhouse (A Casa dos Diamantes), de Aram Avakian; 1975: The Count of
Monte-Cristo (A Vingança de Monte Cristo), de David Greene (TV); Hennessy
(Hennessy), de Don Sharp; Conduct Unbecoming (A Honra do Regimento), de Michael
Anderson; 1976: Alle origini della mafia (TV); Albino, de Jürgen Goslar; The
Bawdy Adventures of Tom Jones (As Aventuras de Tom Jones), de Cliff Owen; Aces
High, de Jack Gold; Eliza Fraser, de Tim Burstall; 1977: Babel Yemen
(curta-metragem, narrador); The Last Remake of Beau Geste (A Mais Louca
Aventura de Beau Geste), de Marty Feldman; 1978: Slavers (Escravos), de Jürgen
Goslar; Stevie (A Incrível Stevie), de Robert Enders; Superman (Super-Homem),
de Richard Donner; Scorpion Tales (TV); 1979: The Spirit of Adventure: Night
Flight, de Desmond Davis (TV); Hurricane (A Grande Tempestade), de Jan Troell;
Meteor (Meteoro), de Ronald Neame; 1980: The Shillingbury Blowers, de Val
Guest; Windwalker, de Kieth Merrill; The Sea Wolves (Os Comandos de Sua
Majestade), de Andrew V. McLaglen; Sir Henry at Rawlinson End, de Steve Roberts;
Staying On (TV); 1981: Les Années lumière (Os Anos de Luz), de Alain Tanner;
The Great Muppet Caper, de Jim Henson; No Country for Old Men (TV); 1982:
Deadly Game (TV); Inside the Third Reich (TV); The Missionary (Um Missionário
em Apuros), de Richard Loncraine; Gandhi (Gandhi), de Richard
Attenborough; 1984: Flashpoint Africa (TV); George Washington (TV); Sword of
the Valiant (A Espada dos Valentes), de Stephen Weeks; 1985: This Lightning
Always Strikes Twice (TV); God Rot Tunbridge Wells (TV); 1985: Dust, de Marion
Hänsel; 1986: Peter the Great (TV); Foreign Body, de Ronald Neame; Shaka
Zulu (TV); Christmas Dove (TV); Screen Two (TV); 1987: Shaka Zulu; Hand in
Glove (TV); White Mischief (Adeus, África), de Michael Radford; 1988: The
Dawning (Perversa Tentação), de Camilo Vila; The Unholy (Segredos de Guerra),
de Robert Knights.
GRAHAM GREENE (1904-1991)
Henry Graham Greene nasceu a 2 de Outubro
de 1904, em Berkhamsted, Hertfordshire, Inglaterra, e viria a falecer a 3 de
Abril de 1991, em Corseaux, Vaud, Suíça. O pai era director de uma escola, onde
GG estudou, passando depois pelo Balliol College de Oxford e pela Universidade
de Oxford. Publicou uma recolha de poesias em 1925 e começou a sua carreira
como jornalista, trabalhando no “The Times”. Converte-se ao catoliscismo em
1926 para poder casar com Vivien Daryell-Browning, o que acontece no ano
seguinte, casamento que durou até à sua morte, muito embora se conhecessem
várias amantes oficiais e uma vida sexual extra conjugal intensa.
Especializa-se em crítica literária e cinematográfica, no “The Spectator” e
depois no “Night and Day”, para o qual escreveu uma reportagem em Hollywood
sobre o assédio sexual dos magnates da capital do cinema para com Shirley
Temple que lhe valeu um processo, a fuga para o México e, finalmente, há quem
diga que o trabalho levou à falência da revista. Durante a II Guerra Mundial,
entre 1941 a 1943, trabalhou para o governo inglês, um pouco como espião,
dirigindo um escritório em Freetown, na Serra Leoa, o que o inspirou para vários
romances. Conta-se que foi recrutado para o MI6 por um célebre agente duplo,
Kim Philby. Espionagem, intriga internacional, religião, cenários exóticos da
América Latina ou da Ásia são alguns dos temas que absorveram este homem
controverso que foi considerado um dos maiores romancistas europeus do século
XX. Um dos seus primeiros sucessos foi “O Expresso do Oriente” (1932). Mas
muitas foram as obras a receber os favores do público, como “O Poder e a
Glória” (1940), O Americano Tranquilo” (1955), “O Nosso Homem em Havana”
(1958), “Os Comediantes” (1966), “Viagens com a minha Tia” (1969), “O Consulo
Honorário” (1973), ou “O Factor Humano” (1978). Quase toda a sua extensa
bibliografia, romances, contos, peças de teatro, foi adaptada ao cinema e à
televisão. Alguns romances, como “O Terceiro Homem”, foram escritos
inicialmente como argumentos de filmes, e depois passados a obras literárias.
Apaixonado pelo cinema, aparece como actor segundário num filme de François
Truffaut, “La nuit américaine”, rodado em Nice. Acontece que Truffaut só
descobriu na sala de montagem quem era o actor que fazia de agente de seguros.
Os últimos anos da sua vida passou-os na
aldeia de Corseaux, na Suiça, junto ao lago Léman. Morreu aí, em 1991, vivendo
com Yvonne Cloetta, apesar de nunca se ter divorciado de Vivien
Daryell-Browning, de quem estava mais ou menos separado desde finais da II
Guerra Mundial.
Bibliografia: The Man Within (1929), The Name of Action (1930),
Rumour at Nightfall (1931), Stamboul Train (1932), It's a Battlefield (1934),
England Made Me (1935), A Gun for Sale (1936), Journey Without Maps (1936),
Brighton Rock (1938), The Confidential Agent (1939), The Power and the Glory
(1940), The Ministry of Fear (1943), The Heart of the Matter (1948), The Third
Man (1949), The End of the Affair (1951), Twenty-One Stories (1954) (contos),
Loser Takes All (1955), The Quiet American (1955), Our Man in Havana (1958), A
Burnt-Out Case (1960), A Sense of Reality (1963) (contos), The Comedians
(1966), May We Borrow Your Husband? (1967) (contos), Travels with My Aunt
(1969), A Sort of Life (1971) (autobiografia), The Honorary Consul (1973), The
Human Factor (1978), Doctor Fischer of Geneva (1980), Ways of Escape (1980)
(autobiografia), Monsignor Quixote (1982), Getting to Know the General (1984)
(memórias do Panamá), The Tenth Man (1985), The Captain and the Enemy (1988),
The Last Word (1990) (contos), No Man's Land (2005).
Filmografia (obras de GG adaptadas ao cinema, ou escritas
directamente por ele para o cinema): Orient Express, de Paul Martin (1934), The
Green Cockatoo, de William Cameron Menzies (1937), 21 Days Together, de Basil
Dean (1940), This Gun for Hire, de Frank Tuttle (1942), Went the Day Well?, de
Alberto Cavalcanti (1942), Ministry of Fear, de Fritz Lang (1944), Confidential
Agent, de Herman Shumlin (1945), The Smugglers, de Bernard Knowles (1947)
(segundo "The Man Within"), The Fugitive, de John Ford(1947) (segundo
"The Labyrinthine Ways" ou "The Power and The Glory"),
Brighton Rock, de John Boulting (1947), The Fallen Idol, de Carol Reed (1948)
(segundo "The Basement Room"), The Third Man, de Carol Reed
(1949), The Heart of the Matter, de George More O'Ferrall (1953), La mano dello
straniero, de Mario Soldati (1954), The End of the Affair, de Edward Dmytryk
(1955), Die Kraft und die Herrlichkeit, de Rainer Wolffhardt (1957)
(segundo "The Power and the Glory"), Saint Joan, de Otto Preminger
(1957), Across the Bridge, de Ken Annakin (1957), Short Cut to Hell, de James
Cagney (1957) (segundo "A Gun for Sale"), The Quiet American, de
Joseph L. Mankiewicz (1958), Verschlossene Räume, de Roger Burckhardt (1958)
(segundo "The Living Room"), Our Man in Havana, de Carol Reed (1959),
Günes dogmasin, de Halit Refig e Memduh Ün (1961) (segundo "A Gun for
Hire"), The Power and the Glory, de Marc Daniels (1961), Der letzte Raum,
de Korbinian Köberle (1966) (segundo "The Living Room"), Pelon
talo, de Mikko Majanlahti (1966) (segundo "The Living Room"), The
Comedians, de Peter Glendville (1967), Das Herz aller Dinge, de Oswald Döpke
(1971) (segundo "The Heart of the Matter"), The Wounded Wolf, de
Lutfi Akad (1972) (segundo "A Gun for Hire"), Travels with My Aunt,
de George Cukor (1972), The Human Factor, de Otto Preminger (1979), Beyond the
Limit, de John Mackenzie (1983) (segundo "The Honorary Consul"), Dr.
Fischer of Geneva, de Michael Lindsay-Hogg (1985)( segundo "Dr. Fischer of
Geneva: The Bomb Party"), May We Borrow Your Husband?, de Bob Mahoney
(1986), The Tenth Man, de Jack Gold (1988), Strike It Rich, de
James Scott (1990), This Gun for Hire, de Lou Antonio (1991), The End of the
Affair, de Neil Jordan (1999), Double Take, de (2001) (segundo "Across
the Bridge"), The Quiet American, de Phillip Noyce (2002), Brighton Rock,
de Rowan Joffe (2010).
Entretanto, para lá de várias curtas metragens, muitos
programas de televisão se basearam em textos de GG: Studio One in Hollywood
(1951), Loser Takes All (1956), Quinta colonna (1966), The Unforeseen (1960),
The DuPont Show of the Month (1959), H.M. Tennent Globe Theatre (1956), The
Third Man (1959-1965), Thursday Theatre (1965), About Religion (1964), Studio 4
(1962), Play of the Week (1959-1961), Una pistola in vendita (1970), La fine
dell'avventura (1969), Shades of Greene (1975-76), El teatro (1974), Noche de
teatro (1974), The Heart of the Matter (1983), Estudio 1 (1982), Au théâtre ce
soir (1980), The Istambul Train (1980), Great Performances (1987), Primera
función (1989), etc.
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