MUITO BARULHO POR NADA (1993)
“Much
Ado About Nothing” é uma das comédias de William Shakespeare, que decorre na
cidade de Messina, na Sicília, tendo tido a sua primeira apresentação em 1598
ou 1599. É geralmente considerado um dos textos mais divertidos de Shakespeare,
por isso muitas vezes encenado no teatro e adaptado a televisão e cinema. O
que, diga-se de passagem, não é apanágio só desta obra, pois todo o Shakespeare
conta com cerca de quinhentas adaptações
a televisão e cinema. Será possivelmente, o autor mais adaptado de
sempre, em todo o mundo. Esta é, pois, mais uma, com a característica de ser um
trabalho de Kenneth Branagh que é, indiscutivelmente, um dos actuais especialistas
no autor isabelino, tendo interpretado e dirigido várias versões
cinematográficas de peças teatrais do notável dramaturgo inglês. Na verdade,
neste aspecto, Kenneth Branagh é um pouco o equivalente contemporâneo de um
outro actor, encenador e realizador britânico que era igualmente tido como
especialista em Shakespeare, precisamente Laurence Olivier (ambos dirigiram e
interpretaram, por exemplo, uma versão de “Henrique V”).
“Muito
Barulho para Nada” é mais uma vez uma comédia de encontros e desencontros
sentimentais, girando desta feita à volta de um casal de noivos, Cláudio
(Robert Sean Leonard) e Hero (Kate Beckinsale), que estão para casar mas sofrem
a vingança ciumenta do terrível Don John
(Keanu Reeves), que imagina uma cena para inculpar Hero de traição. O filme
começa com a chegada de vários cavaleiros que regressam vitoriosos da guerra,
tendo a comandá-los Don Pedro de Aragão (Denzel Washington). Entre eles
destacam-se Cláudio, Don John e ainda Benedick (Kenneth Branagh). A entrada
triunfal dos regressados da guerra em casa do velho Leonato, governador de
Messina e pai de Hero, é um momento grande no filme, bem ao estilo dos westerns
tradicionais, definidor de personagens e do próprio tom da obra, comédia
obviamente, ambientada em tonalidades medievais, com sumptuoso guarda-roupa e
magníficos cenários naturais, tudo envolvido numa representação descontraída e
alegre, musculada e cénica, com homens e mulheres dos dois lados da barricada,
o que fica desde logo definido pelo confronto entre Benedick, que confessa o
seu desprezo pelo género feminino, e Beatrice (Emma Thompson), que proclama a
sua violenta antipatia para com os viris representantes da raça humana.
O
restante filme irá acompanhar o desenrolar da peça, passando por diversas
peripécias que acabaram por solucionar a desavença entre Claudio e Hero, e
colocarão a descoberto os íntimos sentimentos de Benedick e Beatrice. Tudo
termina em bem, com casamentos múltiplos, o que se prevê desde início,
acostumados que estamos a estas intrigas sentimentais que passam por crises
várias para culminarem num happy end. Mas, pelo caminho, o dramaturgo (e o seu
adaptador a cinema) vai distribuindo algumas ferroadas contra alguns pecadilhos
da sociedade, mas nada que se compare com as vigorosas análises que
surpreendemos nas suas tragédias. Aqui o registo é de bonomia e diversão
palaciana, o que se compreende porque algumas destas peças mais ligeiras eram
encomendas régias para diversão da corte.
Branagh
é um realizador competente e por vezes inspirado, autor de uma filmografia algo
irregular mas onde se descobrem pequenas pérolas, como "Henry
V", "Dead Again" ou
"Peter's Friends". Este “Much
Ado About Nothing”, rodado na Toscânia, com as suas belezas naturais e o
fascínio do seu património histórico, vive sobretudo do talento de um elenco de
luxo, onde sobressaem Robert Sean Leonard e Kate Beckinsale, no par romântico,
mas, acima de todos, Kenneth Branagh e Emma Thompson, então marido e mulher na
vida real, com papéis que parecem ter sido escritos a seu pedido, tal a
oportunidade criada para desenvolver os seus dotes que lhes permitem uma
multiplicidade de registos. O discreto Denzel Washington, o vilão Keanu Reeves,
o divertido Michael Keaton, compõem o ramalhete, com prestações seguras e
sólidas. É um prazer ver trabalhar tais actores, debitando um texto literário,
brilhante na sua oralidade, e ostentando uma alegria contagiante.
Não
será dos melhores Shakespeare, mas é seguramente uma inspiradora versão moderna
de um clássico.
MUITO BARULHO POR NADA
Título original: Much Ado About
Nothing
Realização: Kenneth Branagh (Inglaterra,
EUA, 1993); Argumento: Kenneth Branagh, segundo obra de William Shakespeare;
Produção: Kenneth Branagh, Stephen Evans, David Parfitt; Música: Patrick Doyle;
Fotografia (cor): Roger Lanser; Montagem: Andrew Marcus; Casting: Pam Dixon;
Design de produção: Tim Harvey; Direcção artística: Martin Childs; Guarda-roupa:
Phyllis Dalton; Maquilhagem: Paul Engelen, Suzanne Stokes-Munton; Direcção de Produção: Mark Cooper, Rosanna Roditi; Assistentes de
realização: Andrew Marcus, Justin Muller, Christopher Newman, Carl Oprey;
Departamento de arte: Celia Bobak, Gavin Gordon, Diana Trotter; Som: David
Crozier, Lucy Fawcett, Pauline Griffiths, Andrew Sissons; Efeitos visuais:
Nicholas Brooks, Paddy Eason, Pete Hanson; Companhias de produção: American
Playhouse Theatrical Films, Renaissance Films; Intérpretes: Kenneth Branagh (Benedick), Emma Thompson (Beatrice),
Richard Briers (Signor Leonato), Keanu Reeves (Don John), Kate Beckinsale
(Hero), Robert Sean Leonard (Claudio), Denzel Washington (Don Pedro de Aragão),
Michael Keaton (Dogberry), Imelda Staunton (Margaret), Imelda Staunton, Jimmy
Yuill, Brian Blessed, Andy Hockley, Chris Barnes, Conrad Nelson, Phyllida Law,
Alex Lowe, Richard Clifford, Gerard Horan, Patrick Doyle, Alex Scott, Ben
Elton, Edward Jewesbury, etc. Duração:
111 minutos; Distribuição em Portugal (DVD): LNK; Classificação etária: M/ 12
anos; Data de estreia em Portugal: 25 de Março de 1994.
KENNETH BRANAGH
(1960 - )
Sir
Kenneth Charles Branagh nasceu em Belfast, Irlanda do Norte, a 10 de Dezembro
de 1960. Com nove anos de idade a família mudou-se para Inglaterra, começando a
estudar na The Royal Academy of Dramatic Arts. Tornou-se rapidamente num dos
mais importantes intérpretes de Shakespeare da actualidade. Actor, encenador,
realizador, argumentista, está ligado a várias versões teatrais e
cinematográficas de obras de William Shakespeare. No cinema são de recordar
“Henrique V” (1989, nomeado para o Oscar de melhor realizador e melhor actor),
“Muito Barulho por Nada” (1993), “Otelo” (1995), “Hamlet” (1996, nomeado para o Oscar de
melhor argumento adaptado) ou “Como vos Agradar” (2003). Mas como realizador
ainda assinou títulos de um outro tipo, com grande aceitação popular: 1994: Frankenstein de Mary Shelley; 007
Sleuth, Autópsia de Um Crime; 2011: Thor, ou 2013: Jack Ryan: Agente Sombra.
Como actor ficou particularmente conhecido pelas suas participações em “Wild
Wild West” (1999), “Harry Potter e a Câmara Secreta” (2002), Valkyrie (2008), ou
“O Meu Fim-de-semana com Marilyn” (2011), pelo qual foi nomeado para o Oscar de
Melhor Actor Secundário. Branagh, para lá das cinco nomeações para Oscars,
ganhou um Emmy, três BAFTAS e outras cinco nomeações para os Globos de Ouro.
Foi casado, entre 1989 e 1995, com a actriz Emma Thompson. Apareceram juntos no
elenco de “Look Back in Anger”, “Henry V”, “Much Ado About Nothing”, “Dead
Again”, e “Peter's Friends”, enquanto estiveram casados. Em 1984 inicia uma
relação com a também actriz Helena Bonham-Carter. Em 2003, casa com a directora
de arte Lindsay Brunnock. É adepto do Tottenham Hotspur e do Rangers F.C. Em “O
Meu Fim-de-semana com Marilyn” Branagh interpretou o papel de Laurence Olivier,
curiosamente o actor, encenador e realizador de cinema com quem mantém as mais
íntimas comparações, dada a relação de ambos com a obra de William Shakespeare.
Filmografia
Como actor: 1981:
Charriots of Fire (Momentos de Glória) de Hugh Hudson (não creditado); 1982:
Play for Tomorrow (TV); 1982-1984: Play for Today (TV); 1983: To the Lighthouse
(TV); Maybury (TV); 1984: Boy in the Bush (TV); 1985: Coming Through (Relação
Escandalosa), de Peter Barber-Fleming
(TV); 1987 Lorna (TV); The Lady's Not for Burning (TV); Fortunes of War (TV);
Theatre Night (TV); A Month in the Country (Longe da Guerra), de Pat O'Connor;
High Season, de Clare Peploe; 1988: Thompson (TV); American Playhouse (TV);
1989: Henry V (Henrique V), de Kenneth Branagh; Look Back in Anger (TV); 1991:
Dead Again (Viver de Novo), de Kenneth Branagh; 1992: Peter's Friends (Os
Amigos de Peter), de Kenneth Branagh; 1993: Swing Kids (Os Últimos Rebeldes),
de Thomas Carter (curta-metragem); 1993: Much Ado About Nothing (Muito Barulho
por Nada), de Kenneth Branagh; 1994: Frankenstein (Frankenstein de Mary Shelley),
de Kenneth Branagh; 1995: Othello (Othello), de Oliver Parker; Performance
(TV); 1996: Hamlet (Hamlet), de Kenneth Branagh; 1998: The Proposition (A
Proposta), de Lesli Linka Glatter; The Gingerbread Man (Caminhos Perigosos), de
Robert Altman; Celebrity (Celebridades), de Woody Allen; The Theory of Flight
(Teoria de Voo), de Paul Greengrass; The Dance of Shiva, de Jamie Payne
(curta-metragem); 1999: The Periwig-Maker, de Steffen Schäffler; Wild Wild West
(Wild Wild West), de Barry Sonnenfeld; 2000: Love's Labour's Lost (Difícil
Renúncia), de Kenneth Branagh; How to Kill Your Neighbor's Dog (Como Matar o
Cão do Vizinho), de Michael Kalesniko; The Road to El Dorado (O Caminho para El
Dorado) de Éric Bergeron, Will Finn, Don Paul e David Silverman (voz); 2001:
Schneider's 2nd Stage, de Phil Stoole (curta-metragem); Conspiracy (TV); Short6
Periwig-maker ("The Periwig-Maker")(curta-metragem) (voz); 2002:
Alien Love Triangle, de Danny Boyle (curta-metragem); Rabbit-Proof Fence (A
Vedação), de Phillip Noyce; Harry Potter and the Chamber of Secrets (Harry
Potter e a Câmara dos Segredos), de Chris Columbus; Shackleton (TV); 2004: Five
Children and It, de John Stepheson; 2005: Warm Springs (TV); 2006: The American
Experience (TV); 2007 Sleuth (Autópsia de Um Crime), de Kenneth Branagh; 2008:
Walkyrie (Valquíria), de Bryan Singer; 10 Days to War (TV); Alien Love Triangle
(curta-metragem); 2008-2015: Wallander (TV), 2009: Good Morning England (O
Barco do Rock), de Richard Curtis; 2010: Mystery! (TV); 2011: My Week with Marilyn
(A Minha Semana Com Marilyn), de Simon Curtis; 2011: Prodigal, de Benjamin Grayson (court métrage); 2012
London 2012 Olympic Opening Ceremony: Isles of Wonder (TV); 2012: Stars in
Shorts; 2013: The Ryan Initiative (Jack Ryan: Agente Sombra) de Kenneth
Branagh; 2013 National Theatre Live (TV)
Como realizador: 1989:
Henry V (Henrique V); 1991: Dead Again (Viver de Novo); 1992: Peter's Friends
(Os Amigos de Peter); Swan Song
(curta-metragem); 1993: Much Ado About Nothing (Muito Barulho por Nada);
1994: Frankenstein (Frankenstein de Mary Shelley); 1995: In the Bleak Midwinter
(Sonho de Uma Noite de Inverno); 1996:
Hamlet (Hamlet); 2000: Love's Labour's Lost (Difícil Renúncia); Listening (curta-metragem); 2005: Warm Springs
(TV); 2006: The Magic Flute; As You Like
It (Como vos Agradar); 2007: Sleuth (Autópsia de Um Crime); 2011: Thor (Thor);
2013: National Theatre Live (TV) Macbeth; 2014: The Ryan Initiative (Jack Ryan:
Agente Sombra); 2015: Cinderela (em produção).
WILLIAM SHAKESPEARE
(1564-1616)
William Shakespeare nasceu em
Stratford-upon-Avon, Inglaterra, a 23 de Abril de 1564 e viria a falecer em
Stratford-upon-Avon, a 23 de Abril de 1616. Stratford-Upon-Avon era então uma
próspera cidade mercantil, uma das mais importantes do condado de Warwickshire.
O seu pai, John Shakespeare, era um comerciante bem-sucedido e membro do
conselho municipal. A mãe, Mary Arden, pertencia a uma das mais notáveis
famílias de Warwickshire. Frequentou o liceu de Stratford, onde os filhos dos
comerciantes da região aprendiam Grego e Latim e recebiam uma educação
apropriada à classe média a que pertenciam. Nascido e criado em
Stratford-upon-Avon, cidade onde se encontra ainda hoje uma réplica do seu
Globe Theatre, o teatro da companhia a que Shakespeare se associara, construído
pelo actor e empresário Richard Burbage no bairro de Southwark, na margem sul
do Tamisa. O Globe Theatre, entretanto, foi destruído pelo fogo no dia 23 de
Junho de 1613, durante uma representação de Henry VIII. Segundo alguns
estudiosos, Shakespeare, aos 18 anos, ter-se-ia casado com Anne Hathaway, que
lhe deu três filhos: Susanna, e os gémeos Hamnet e Judith.
Poeta e
dramaturgo é unanimente considerado o maior escritor do idioma inglês e o mais
influente dramaturgo do mundo. De toda a sua obra, conhecem-se 38 peças, 3 154
sonetos, dois longos poemas narrativos, e diversos outros poemas. É ainda hoje
um dos autores mais representados em todo o mundo, no teatro, mas também com
adaptações na televisão e no cinema. “Romeu e Julieta” mantém-se como a
história de amor por excelência, e “Hamlet” inclui uma das frases mais
conhecidas da língua inglesa: To be or not to be: that's the question (Ser ou
não ser, eis a questão).
Entre
1585 e 1592 começou uma carreira em Londres como actor, escritor e um dos
proprietários da companhia de teatro chamada Lord Chamberlain's Men, mais tarde
conhecida como King's Men. Julga-se que tenha regressado a Stratford por volta
de 1613, morrendo três anos depois. Restaram poucos registros da vida privada
de Shakespeare, e existem muitas dúvidas e especulações sobre a sua aparência
física, sexualidade, crenças religiosas, e se algumas das obras que lhe são
atribuídas teriam sido escritas por outros autores.
Shakespeare
produziu a maior parte de sua obra entre 1590 e 1613. As suas primeiras peças
eram principalmente comédias e obras baseadas em eventos e personagens
históricos. A partir de então escreveu quase só tragédias até por volta de
1608, incluindo “Hamlet”, “Rei Lear” e “Macbeth”, consideradas das obras mais
importantes na língua inglesa. Na sua última fase, surge um conjunto de peças
classificadas como tragicomédias ou romances, e colaborou com outros
dramaturgos. Em 1623, dois de seus antigos colegas de teatro, John Heminges e
Henry Condell, publicaram o chamado First Folio, uma colectânea das suas obras
dramáticas que incluía todas as peças (com a excepção de duas) reconhecidas
actualmente como sendo de sua autoria.
Muito
respeitado e admirado no seu tempo, viria a alcançar a glória universal com os
românticos, que aclamaram a sua genialidade, o que se manteve até hoje.
As suas
37 peças dividem-se geralmente em três categorias: comédias, dramas históricos
e tragédias. Entre os dramas históricos, destacam-se “Richard III” (Ricardo
III), “Richard II” (Ricardo II) e “Henry IV” (Henrique IV). Nas comédias
contam-se “Love's Labour's Lost”, “The Comedy of Errors”, “The Taming of the
Shrew”, a comédia de intenção séria “The Merchant of Venice” (O Mercador de
Veneza), “As You Like It” (Como Quiserem) e “A Midsummer Night's Dream” (Um
Sonho de Uma Noite de Verão). A tragédia não é uma forma que pertença
exclusivamente a um determinado período na evolução da obra de Shakespeare. Sob
influência de Marlowe, a forma de tragédia já se encontrava nas peças que
dramatizavam episódios da História inglesa. Em “Romeo and Juliet” (Romeu e
Julieta) e “Julius Caesar” (Júlio César) Shakespeare combinou a perspectiva
histórica com uma interpretação trágica dos conflitos humanos. O período em que
Shakespeare escreveu as suas grandes tragédias iniciou-se com “Hamlet”, escrita
entre 1600-1602, a que se seguiram “Othelo”, “Macbeth”, “King Lear”, “Anthony
and Cleopatra” e “Coriolanus”, todas elas compostas entre 1601 e 1608. Na
última fase da sua vida situam-se as peças de tom mais ligeiro: “Cymbeline”,
“The Winter's Tale” e “The Thempest”.
Obras de William Shakespeare: publicadas antes de 1594: Henry VI; Richard III;
Titus Andronicus; Love's Labour's Lost; The Two Gentlemen of Verona; The Comedy
of Errors; The Taming of The Shrew. Entre 1594-1597: Romeo and Juliet; A
Midsummer Night's Dream; Richard II; King John; The Merchant of Venice. Entre
1597-1600: Henry IV; Henry V; Much Ado About Nothing; Merry Wives of Windsor;
As You Like It; Julius Caeser; Troilus and Cressida. Entre 1601-1608: Hamlet;
Twelfth Night; Measure for Measure; Alls Well That Ends Well; Othello; King
Lear; Macbeth; Timon of Athens; Anthony and Cleopatra; Coriolanus. Depois de
1608: Pericles; Cymbeline; The Winter's Tale; The Tempest; Henry VIII. Poemas
(datas desconhecidas): Venus and Adonis; The Rape of Lucrece; Sonnets; The
Phoenix and The Turtle.
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