segunda-feira, 1 de setembro de 2014

SESSÃO 43: 3 DE SETEMBRO DE 2014


“1984” (1984) 
E ORWELL NO CINEMA

“Prazeres Londrinos”, um filme de 1997, dirigido por Robert Bierman, adaptando um dos romances menos conhecidos de George Orwell (“Keep the Aspidistra Flying”), remete para o período em que o romance foi escrito, Londres, anos 30, e ergue com economia de meios e bom gosto o clima social, a ambiência humana, os contrastes de classe, os sonhos e aspirações de uns, o destino trágico de outros. Entre tudo isto, o poder do dinheiro, o “vil metal” de que fala Orwell, que condena muitos desde a nascença e impõe dolorosas opções a outros, que acabam por sacrificar sonhos e projectos em favor de uma existência “integrada” nos valores e nas regras estabelecidos.
Na bibliografia de ficção de Orwell sobressaem, porém, duas alegorias políticas que o tornaram particularmente celebrizado: “Animal Farm” (escrito em 1936) e “1984” (seu derradeiro escrito, acabado – 1949 - pouco antes de morrer vítima de tuberculose, em 21 de Janeiro de 1950, em Londres). São essas que mereceram até hoje maior atenção no campo das adaptações cinematográficas. Mas “Keep the Aspidistra Flying”, sendo um romance escrito numa época particularmente importante da vida do escritor, e assumindo declaradamente alguns aspectos autobiográficos, não deixa de ser uma obra extremamente curiosa e até definidora de alguns dos traços mais íntimos e secretos da personalidade de Orwell.
O livro (e o filme) fala de Gordon Comstock (Richard E. Grant, excelente), um jovem publicitário que trabalha numa agência londrina, e que é considerado uma das apostas fortes do sector. Os seus trabalhos de “copy-writer” são apreciados pelos clientes, e o chefe chama-o para lhe sublinhar este facto, promovê-lo e aumentá-lo para um ordenado condizente com as suas qualidades. Acontece que Gordon Comstock tem ambições literárias, pretende ser um poeta, recusa as ofertas, demite-se do seu cargo, e resolve trabalhar livremente. Longe das amarras criativas, instala-se num quarto alugado, cuja senhoria é uma austera matrona que procura controlar toda a sua actividade, e tem no quarto uma planta, a aludida aspidistra que surge no título, que é conhecida por sobreviver com facilidade a todas as intempéries, quer elas sejam naturais ou deliberadamente provocadas (Gordon Comstock agride-a com um cigarro em chama, mas a resistente planta reage estoicamente).


Para lá disso, a aspidistra é ainda reconhecida como o símbolo de uma certa classe média. As casas inglesas e os seus habitantes são facilmente caracterizados socialmente, nessa época, em função de terem ou não, junto às janelas, essa planta. Aliás, o título do livro terá provavelmente surgido de uma de duas inspirações (ou das duas em simultâneo): de uma canção muito em voga nos anos 30, época a que a obra se reporta (“The Biggest Aspidistra in the World”, sucesso musical a partir de 1928) (1), ou de uma outra canção, esta política e revolucionária, que era estandarte dos comunistas de então: “Keep the Red Flag Flying.”
Não deixa de ser curioso este entrelaçar de influências, pois ambas revelam dois dos ódios de estimação de Orwell nesse período da sua vida – a classe média conformista, puritana e conservadora, e o totalitarismo de certos regimes: o fascista ou nazi (que combateu, tanto na Guerra de Espanha, onde se alistou como voluntário, como durante a II Guerra Mundial, onde esteve como sargento e correspondente de guerra da BBC e do jornal “Observer”) e o comunista (de que percebeu o funcionamento perverso e totalitário durante a sua permanência em Espanha, integrado nas fileiras dos anarquistas internacionalistas, que, em grande parte, apanhados entre dois fogos, foram dizimados pelos franquistas e estalinistas).
Voltando a Gordon Comstock, que de certa maneira se assume como um “alter-ego” de George Orwell, já de si nome literário de Eric Blair, grande parte das ocorrências por que passa correspondem a outras tantas situações vividas pelo poeta, sobretudo na sua juventude. Terá tido os mesmos anseios de liberdade poética (que, tal como em Gordon Comstock, não teriam grande consistência literária), terá percorrido idênticos caminhos da miséria (muitos dos quais registados numa outra obra sua: “Na Penúria em Paris e Londres”), terá sido também ele tocado pela sinceridade e honestidade de comportamento das massas operárias, terá sido empregado numa livraria (ou num pelintra alfarrabista), onde conheceu uma rapariga que se aproxima em muito da Rosemary (Helena Bonham Carter) do filme. Também Orwell terá ultrapassado essa fase e regressado a uma vida dita “burguesa”, muito embora sempre inspirado pelos princípios de um socialismo que nada devia ao revisionismo soviético (sobretudo o posterior a Estaline). O mesmo acontece ao protagonista de “Prazeres Londrinos”. Gordon Comstock, depois de um périplo por livreiros e alfarrabistas, em degradados bairros de uma Londres “dickenseana” – como essa permanência no bairro de Lamberth, por entre piolhos e esterco, imundice avulsa e cheiros nauseabundos -, ao mesmo tempo que procura encontrar uma voz poética própria e descobrir um editor que lhe publique a obra, resolve finalmente abandonar a quimera e aceitar o lugar de publicitário. Entretanto conseguira conquistar Rosemary, a sua velha colega de agência, que nunca aceitara as suas investidas sexuais, ou por falta de local adequado para a sua prática, ou por ausência de alguma “segurança” que a impedisse de ficar grávida. Será numa cama desconchavada, num quarto miserável (mas com uma aspidistra por perto!) que Rosemary se entrega finalmente a Gordon, e fica grávida. A alegria de ser pai, o amor por Rosemary, e uma progressiva desilusão sobre as suas qualidades poéticas e a justeza do mundo quanto ao seu reconhecimento (o único amigo que tem, Ravelston, publica-lhe um livro, mas também assina a única critica lisonjeira que recebe!), levam-no a abdicar dessa liberdade utópica e a sujar de novo as mãos em anúncios que despreza.

Num outro romance sobre pilotos de aviação (“Coming Up for Air”), George Orwell mantinha idêntica moralidade ao falar da resistência dos metais e do sonho de voar e respirar liberdade. Na gíria da aeronáutica, é sabido que todos os metais atingem um “estado de fadiga” que pode criar fissuras e levar a rupturas fatais. Basta a usura do tempo, para o aço ceder. Que dizer da vontade do Homem e dos seus sonhos?
Contraditória e frágil a condição humana, que leva homens da estatura intelectual de Orwell a conviver com actos de uma generosidade extrema ou de duvidosa legitimidade. Na sua vida privada, o lado sentimental foi conflituoso. Para lá de dois casamentos (Eileen O’Shaughnessy, que trocou a carreira de psicóloga pela companhia de Orwell, e depois da morte desta, Sonia Brownell), teve múltiplos casos amorosos, adultérios (num caso chegou mesmo a propor uma “ménage à trois”, com a professora de ginástica Brenda Salkeld, no tempo em que era casado com Eileen (1)) e um registo “escaldante” de cartas amorosas, ao que consta, nada românticas. Mas este intelectual íntegro e votado a causas nobres, não se coibiu também de denunciar aos serviços secretos britânicos, como simpatizantes do comunismo, Bernard Shaw, J.B. Priestley, Michael Redgrave ou Charlie Chaplin. Nem tudo são rosas, mesmo nas vidas que aparentemente nos surgem mais íntegras!
Orwell nasceu em Motihari, Bengala, Índia, a 25 de Junho de 1903. O pai trabalhava num departamento oficial ligado ao comércio do ópio. Em 1904, viajou com a mãe para a Inglaterra, e frequentou a escola de Eton, onde teve experiências não muito felizes – castigos corporais -  que o levavam a ser um jovem tímido. Talvez por isso tenha regressado à Índia, onde se incorporou na Polícia Imperial, na Birmânia, onde, ao que se sabe, não foi meigo para com os nativos.


De novo na Europa, viajou como vagabundo por França e Inglaterra, recordações depois colocadas em volume na sua primeira obra publicada, “Down and Out in Paris and London”, onde afirma “a pobreza liberta os maltrapilhos dos padrões convencionais de comportamento, assim como o dinheiro liberta os ricos do trabalho”. É por esta altura que adopta o pseudónimo literário de George Orwell (Orwell tem a ver com um rio inglês).
Depois destas andanças, e sendo simpatizante dos anarquistas, oferece-se como voluntário para a Guerra de Espanha, onde permanece entre 1936 e 1937. Integrou as milícias do Partido Operário Marxista Unificado (POUM). Já é casado, e a mulher, Eileen, vai com ele. Ferido na garganta, e atingido no espírito (depois de observar as traições comunistas aos seus aliados anarco-sindicalistas), regressa a Londres desiludido com a guerra e com a condição humana. Começa a antever um futuro de pesadelo para o Homem nos artigos de cariz político que vai escrevendo para diversas publicações. Em 1938, publicou “Homenagem à Catalunha”, elogiando os libertários e zurzindo nos comunistas. O livro foi muito mal acolhido pela intelectualidade de esquerda, que via nos comunistas os heróicos defensores da revolução. É também a Guerra Civil de Espanha que lhe serve de base para escrever “O Triunfo dos Porcos”, obra que não foi aceite pela editora “Faber e Faber”, depois de um juízo negativo de T.S. Elliot. Ao seu ódio ao capitalismo juntava-se agora igual sentimento relativo ao comunismo oficial da URSS de Estaline: “O lógico desenlace disto tudo (refere-se às traições durante a GCE) será um regime em que todos os partidos e jornais de oposição hão-de ver-se proibidos e todos os opositores com alguma notoriedade atirados para as cadeias. Semelhante regime será evidentemente um regime fascista. Não será o mesmo fascismo que Franco imporia, será até melhor do que o fascismo de Franco na medida em que terá merecido que por ele se tenha lutado, mas nem por isso deixará de ser fascismo. A sua diferença residirá simplesmente no facto de lhe darem outro nome, por ter sido criado pelos comunistas e liberais.” (2) Aliás a grande crítica nessa altura lançada aos comunistas por Orwell é que eles tinham feito o jogo das democracias ocidentais, e deixado abortar deliberadamente a verdadeira Revolução, que seria anarquista e libertária.

O desencanto com o desenrolar da Guerra de Espanha e a perspectiva de emergirem estados totalitários como até aí não se conheciam (governados por nazismo e comunismo), leva Orwell a escrever primeiramente “Animal Farm” e depois “1984”, as suas obras-primas que o tornaram mundialmente célebre.
“Animal Farm” teve já duas adaptações cinematográficas, uma, excelente, inglesa, de 1954, realizada por dois dos maiores autores de animação, Joy Batchelor e John Halas, outra, de produção norte-americana, de 1999, devida a John Stephenson. Na primeira, o romance foi adaptado por Joy Batchelor, John Halas, Borden Mace, Philip Stapp e Lothar Wolff, com Gordon Heath como narrador e Maurice Denham emprestando a sua voz a todas as personagens cridas por George Orwell. Na versão mais recente, igualmente em animação, as vozes foram entregues a alguns dos mais conceituados actores ingleses: Kelsey Grammer, Ian Holm, Julia Louis-Dreyfus, Julia Ormond, Pete Postlethwaite, Paul Scofield, Patrick Stewart, Peter Ustinov, Alan Stanford, Caroline Gray, etc.
“O Triunfo dos Porcos” é uma metáfora em tom satírico – a que se adapta bem a técnica de desenhos animados, mais para adultos do que para crianças – que situa a sua acção na quinta de um tal Mr. Jones, onde os porcos dirigem uma revolta contra os humanos. Assegurando o controlo da quinta, comandados por Napoleão (que muitos identificam com o próprio Estaline), proclama-se um estado solidário, de justiça e igualdade, que cedo a nomenclatura faz reverter a seu favor. Se o poder corrompe, aqui corrompe inteiramente e de forma vertiginosa, chegando-se à máxima que Orwell vulgarizou “All animals are equal, but some animals are more equal than others” (todos os animais são iguais, mas há uns mais iguais que outros).

O livro apareceu em 1945, com o Plano Marshall a ser contestado pela esquerda europeia e a “guerra fria” a dar os seus primeiros passos (julga-se mesmo que foi Orwell quem pela primeira vez utilizou a expressão) e “Animal Farm” teria um acolhimento muito reservado e discreto. O lado premonitório do panfleto não era ainda bem aceite, muitos dos crimes de Estaline desconheciam-se (ou eram “esquecidos” em nome da “ditadura do proletariado”) e foi preciso esperar algumas décadas para a argúcia de Orwell vir ao de cima, sobretudo na sua denúncia, não tanto da ditadura, mas de uma ditadura de um novo tipo, onde o poder detendo os meios de comunicação social (naquela altura os jornais, a rádio e o cinema, não se imaginando sequer ainda o poder que a televisão viria a ter!) levava a verdadeiras lavagens de cérebro.
 “1984” começou a ser esboçado em 1943, com o título de “O Último Homem da Europa”, mas só viria a ser publicado em 1949. Há quem afirme que a obra deve muito a um romance russo, “My”, da autoria do dissidente Evgeni Zamiantin, escrito em 1920 e traduzido para o inglês em 1924. Orwell confessou conhecer a obra e ser de certa forma seu herdeiro (tal como, aliás, Aldous Huxley e o seu “Admirável Mundo Novo”). O romance de Orwell será, todavia, muito mais preciso neste aspecto de denúncia da opressão estatal e muito mais terrível ainda na sua mensagem de alerta para um mundo dominado pelo “Olho” omnipresente do “Big Brother”, que tudo observa e a todos domina. Sendo um intelectual que procurou acima de tudo manter a isenção e a liberdade de crítica, que se definia a si próprio como um “escritor político”, mas um escritor político que se colocava para lá de qualquer simpatia ou filiação partidária – apesar de nunca renegar o seu pender socialista e confessar votar trabalhista, à falta de melhor –, a sua previsão de um mundo tiranizado pelos “media” destinava-se tanto a Ocidente como a Oriente, tanto ao capitalismo, que ele considerava o embrião do fascismo, como ao comunismo da URSS, pervertido pelo terror estalinista. É esta liberdade de análise que faz de Orwell um escritor universal e de “1984” um monumento de lucidez, enquadrado na época em que foi concebido e catapultado para os nossos dias, onde, se possível, é ainda mais terrivelmente ameaçador do que em 1950.
Olhando para o filme de Michaelk Radford, que é uma rigorosa e austera adaptação do romance, sobretudo nas cores cinzentas do quotidiano e na claustrofobia asfixiante que transmite, apenas nalguns aspectos a antecipação passa ao lado. Pode dizer-se que não previu esta nossa sociedade garrida e leviana, aparentemente descontraída e alegre, mas que encerra terríveis ameaças inlocalizáveis, tão ou mais perigosas do que as imaginadas pelo escritor. Afinal o terror pode não se instalar pelo cinzento gélido das paredes de prisões estereotipadas, mas adquirir outros tons. Afinal, o seu “Big Brother” deu origem a programas de televisão que, deliciados, assumiram a ficção de Orwell (o que já de si é algo monstruoso) e fazem reverter em proveito próprio a estrutura de um Estado vigiado que Orwell antevia. Afinal a “Guerra é Paz”, a “Liberdade é Escravidão”, a “Ignorância é Força”, sem necessidade de haver um “Ministério da Verdade” para difundir a mentira. Dizia Orwell que “quem controla o passado controla o futuro, e quem controla o presente controla o passado”. A História sempre foi escrita pelos vencedores e, segundo a sua óptica, em “Oceania”, um dos três Estados que controlam o mundo em “1984”, a História já não é só escrita pelos vencedores, é refeita pelos tiranos, que a moldam a seu belo prazer e introduzem mesmo uma nova linguagem para, com base nela, controlarem o mundo. O “Newspeak” (não deixa de ser curioso que a nova língua seja anglófila!) aí está para controlo dos espíritos.

O mundo que Orwell antecipa de quarenta anos vive espartilhado em três grandes blocos políticos: Eurasia, Estasia e a já referida Oceania, esta governada por um Partido que dividiu a História em duas épocas: antes e depois do aparecimento do Partido. A História anterior desapareceu, ignorada, destruída, desvirtuada. Os deuses foram substituídos pelo “Big Brother” (esse “grande irmão” que criou a revolução e governa em nome dela). Um pouco por todo o lado impera o “Olho” desse inspector-geral, que por vezes cede lugar à imagem do rebelde fugitivo, Emanuel Goldstein, inimigo nº 1 da Revolução, que escreveu um livro amaldiçoado, relatando a verdade sobre o que se passa na Oceania. É preciso odiar Goldstein e amar a Revolução e a Ordem estabelecida. Winston (John Hurt, notável) é apenas um trabalhador do Ministério da Verdade, que escreve artigos que, não só contribuem para o desenvolvimento de uma nova linguagem, como também se encarregam de expandir a doutrina “certa” e erradicar as heresias. Mas, numa terra onde o amor está proibido e se consentem as relações sexuais apenas com o fim de procriar, Winston cai num “crime mental”, e ama Julia. “Eu era um agente de Goldstein e não sabia”. É assim que irá parar às mãos de O’Brien (Richard Burton, numa das melhores interpretações da sua carreira), que se encarregará de torturar o dissidente até este assumir o erro, expurgar as falhas através da técnica de “vaporização” e outras igualmente terríveis que o levarão a aceitar o “duplo-pensamento” que permite que “2+2 sejam 5”, ou o que quer que o Partido ordene. A panóplia de elementos exteriores cenográficos pode ter perdido algum do seu tom de ameaça, tão latente em 1949 (paradas militares, prisões, torturas físicas e psicológicas, continuam a existir hoje, mas se calhar não serão as mais graves, talvez por serem as mais facilmente detectáveis), mas a lavagem ao cérebro que permite dominar subtilmente “por dentro” o cidadão, essa sublimou-se habilmente.
Resta sublinhar que, em “1984”, o grande Olho perseguia o cidadão na rua e em casa de forma obsessiva e ameaçadora. Afinal, chegados ao início do século XXI, há milhares de cidadãos que formam fila indiana à porta de estúdios de TV em todo o mundo para serem “vigiados” não por um ente totalitário, mas por todos nós. A perversão da História foi fazer de (quase) todos os cidadãos comparsas voluntários deste jogo terrível. “A guerra mantem a estrutura da sociedade intacta. A guerra não é para vencer. A guerra é para continuar.”


Esta adaptação de “1984”, da autoria de Michael Radford, não foi a única, apesar de até hoje julgar-se a mais representativa. Várias outras houve, entretanto. Uma assinada por Rudolph Cartier (Inglaterra, 1954), com argumento de Nigel Kneale, e interpretada por um bom grupo de actores da Hammer Films, Peter Cushing, André Morell, Yvonne Mitchell, Donald Pleasence, entre outros.
Dois anos depois, Michael Anderson (Inglaterra, 1956), sob argumento de Ralph Gilbert Bettison, e com actores como Edmond O'Brien, Jan Sterling, Michael Redgrave, Donald Pleasence, regressa ao tema, com menos inspiração. Já nos anos 60, de novo para televisão, é Christopher Morahan (Inglaterra, 1965) quem retoma o romance, agora servido pela interpretação de David Buck, Jane Merrow, Joseph O'Conor, Cyril Shaps, etc.
Outra obra certamente interessante sobre esta metáfora será o documentário “1984: A Personal View of Orwell's “Nineteen Eighty Four”, escrito por Anthony Burgess (o autor de “Laranja Mecânica”), com produção de Peter Tabern (Inglaterra, 1983), e narração do próprio Anthony Burgess, que se serve de imagens de arquivo, onde surgem estadistas como Winston Churchill, Francisco Franco, Benito Mussolini, etc.
Ainda para a televisão, conhece-se uma adaptação do romance “Coming Up for Air”, novamente dirigido por Christopher Morahan (Inglaterra, 1965), com interpretação de Colin Blakely.
Orwell morreu em 1950, em Londres. Tinha antecipadamente pedido à mulher para ser enterrado o mais perto possível do local onde falecesse. No centro de Londres, porém, não havia campas disponíveis, e Sonia Brownell solicitou a todos os amigos para descobrirem uma vaga num cemitério. O corpo do escritor foi deste modo parar ao cemitério da igreja de Sutton Courtenay, perto de Abingdon, em Oxfordshire, local com o qual o escritor nada teve a ver, ele que sempre se mostrara distante das universidades, e até criticava as carreiras de alguns intelectuais “universitários”, talvez por despeito, por nunca ter frequentado nenhuma. Mas ali repousa, com uma lápide insólita: "Eric Arthur Blair / Born June 25th 1903 / Died January 21st 1950". Nenhuma menção ao escritor ou à sua obra. Apenas o nome de baptismo. Mas George Orwell gostaria de ser recordado certamente também por outros aspectos da sua personalidade, que esta frase sua ilustra bem: “Sem dúvida, o álcool, o tabaco e similares são coisas que um santo deve evitar - mas a santidade é por sua vez uma coisa que os seres humanos devem evitar...”                   
(1) in “George Orwell, de Gordon Bowker, ed. A Little, Brown Book, Londres, 2003
(2) in “Recordando a Guerra Espanhola”, Ed. Antígona. Trad. e posfácio de Júlio Henriques; Lisboa, 1997.

GEORGE ORWELL
Bibliografia:

Romances:
Burmese Days: a Novel”. Ed. Harper & Brothers, Nova Iorque, 1934.
A Clergyman's Daughter”. Ed. V. Gollancz ltd., Londres, 1935.
Keep the Aspidistra Flying”. Ed. V. Gollancz, ltd., Londres, 1936.
Coming Up for Air”.  Ed. V. Gollancz, ltd., Londres, 1939.
Animal Farm; a Fairy Story”. Ed. Secker & Warburg, Londres, 1945.
Nineteen Eighty-Four”. Ed. Secker & Warburg, Londres, 1949.
 
Ensaios:
Down and Out in Paris and London”.  Ed. V. Gollancz ltd., Londres, 1933.
The Road to Wigan Pier”. Ed. V. Gollancz ltd., Londres, 1937.
Homage to Catalonia”. Ed.  Secker & Warburg, Londres, 1938.
The Lion and the Unicorn; Socialism and the English Genius”. Ed.Secker & Warburg, Londres, 1941.
(Composto por três partes:  England Your England, Shopkeepers at War, and The English Revolution. England Your England foi mais tarde impresso em separado.)
James Burnham and the Managerial Revolution”. Ed.  Socialist Book Centre, Londres, 1946.
*A pamphlet printing of "Second Thoughts on James Burnham"
The English People”. Ed. Collins, Londres, 1947.
Composto por seis partes: England at First Glance, The Moral Outlook of the English People, The Political Outlook of the English People, The English Class System, The English Language, The Future of the English People

Ensaios e artigos:
George Orwell publicou centenas de artigos, ensaios, recensões críticas, introduções a outras obras, textos para rádio, etc. Todos estes estudos se encontram referenciados no site http://students.ou.edu/C/Kara.C.Chiodo-1/orwell.html que é seguramente dos melhores e mais bem documentados trabalhos de internet dedicado a este autor.
Muitos destes artigos e ensaios, aparecidos entre 1928 (textos ainda de jornais escolares) e 1950, foram reunidos em quatro volumes: “The Collected Essays, Journalism, and Letters of George Orwell”.
Outros foram antologiados ainda em vida do autor, em várias recolhas:
Inside the Whale” Londres, 1940. (recolha de artigos).
Critical Essays” Londres, 1946 (recolha de artigos).
Dickens, Dali and Others”, Londres, 1946 (recolha de artigos).
Shotting na Elephant”, Londres, 1950 (recolha de artigos).
Outros, como os relativos á sua participação na Guerra de Espanha, forma antologiados posteriormente em “Recordando a Guerra Espanhola”.

Edições portuguesas:
 “Porco Triunfante”, Ed. Gráfica Santelmo. Trad. Alberto Apra, Lisboa, 1946
 “1984”, Ed. Ulisseia. Trad. Paulo Santa Rita, com prefácio de Álvaro Ribeiro. Lisboa, 1955.
“1984”, Ed. Público, Trad. Ana Luísa Faria; Col. Mil Folhas, 2002.
 “O Triunfo dos Porcos”, Ed.  Perspectivas & Realidades. Trad. Maria Antunes. Lisboa, 1976.
O Triunfo dos Porcos”, Ed. Moraes. Trad. de L. Morais com prefácio de José Pacheco Pereira. Lisboa, 1984.
Homenagem à Catalunha” Ed. Livros do Brasil; Trad. Fernanda Pinto Rodrigues. Lisboa, 1975.
O Triunfo dos Porcos”, Ed. Europa-América, Trad. Madalena Esteves; Lisboa, 2001 (3ª edição)
Homenagem à Catalunha”, Ed. Livros do Brasil. Lisboa.
A Filha de Um Reitor”, Ed. Livros do Brasil. Lisboa
 “Vil Metal”, Ed. Livros do Brasil. Lisboa
Recordando a Guerra Espanhola”, Ed. Antígona. Trad. e posfácio de Júlio Henriques; Lisboa, 1997.
Na Penúria em Paris e em Londres”, Ed. Antígona. Lisboa
A Caminho de Wigan Pier”, Ed. Antígona. Trad. Ana Barradas. A sair em Setembro de 2003.
Recentemente, saiu o primeiro volume dos seus “Diários”, com edição, introdução e notas de Peter Davison,trad. De Daniela Carvalhal Garcia; Ed. D. Quixote, 2014.

Biografias:
Bowker, Gordon. “George Orwell”. Londres: Little, Brown, 2003.
Buddicom, Jacintha. “Eric and Us: A Remembrance of George Orwell”. Londres: Leslie Frewin, 1974.
Crick, Bernard. “George Orwell: A Life”. Londres: Secker & Warburg, 1980.
Dunn, Avril. "My Brother, George Orwell". Twentieth Century. Março 1961: 255-61.
Fyvel, T. R. “George Orwell: A Personal Memoir”. Londres: Macmillan, 1982.
Heppenstall, Rayner. “Four Absentees”. Londres: Barrie and Rockcliff, 1960.
Potts, Paul. "Don Quixote on a Bicycle: In Memoriam, George Orwell, 1903-1950". London Magazine. Março 1957: 39-47.
Powell, Anthony. "George Orwell: A Memoir". Atlantic Monthly. Outubro 1967: 62-68.
Pritchett, V. S. "George Orwell". New Statesman. 28 Janeiro 1950: 96.
Stansky, Peter e William Abrahams. “Orwell: The Transformation”. Londres: Constable, 1979.
Stansky, Peter e William Abrahams. “The Unknown Orwell”. Londres: Constable, 1972.
Symons, Julian. "Orwell -- A Reminiscence". London Magazine. Setembro 1963: 35-49.

FILMES RETIRADOS DE OBRAS DE GEORGE ORWELL

ANIMAL FARM
Título original: Animal Farm (1954)    
Realização: Joy Batchelor, John Halas (Inglaterra, 1954); Argumento: Joy Batchelor, John Halas, Borden Mace, Philip Stapp, Lothar Wolff, segundo romance de George Orwell; Música: Matyas Seiber; Fotografia (cor): S.G. Griffiths, J. Gurr, W. Traylor, R. Turk; Som: William S. Bland, Jack King, George Newberry, Animadores: Ralph Ayres, Arthur Humberstone, Frank Moysey, Edric Radage, John F. Reed, Matyas Seiber, Digby Turpin, Harold Whitaker; Produção: Joy Batchelor, Louis De Rochemont, John Halas; Intérpretes (vozes): Gordon Heath (narrador), Maurice Denham (todos os animais); Duração: 72 minutos.

1984
Título original: 1984 (TV)    
Realização: Rudolph Cartier (Inglaterra, 1954); Argumento: Nigel Kneale,  segundo romance de George Orwell; Música: John Hotchkis; Design de produção: Barry Learoyd; Efeitos visuais: Jack Kine, Bernard Wilkie; Produção: Rudolph Cartier; Intérpretes: Peter Cushing (Winston Smith), André Morell (O'Brien), Yvonne Mitchell (Julia), Donald Pleasence (Syme), Arnold Diamond (Emmanuel Goldstein), Campbell Gray (Parsons), Hilda Fenemore (Mrs. Parsons), Pamela Grant, Keith Davis, Janet Barrow, Norman Osborne, Tony Lyons, Malcolm Knight, John Baker, Victor Platt, Van Boolen, Wilfrid Brambell, Leonard Sachs, Sydney Bromley, Janet Joye, Harry Lane, Richard Williams, etc. Duração: 120 min
 
1984
Título original: 1984
Realização: Michael Anderson (Inglaterra, 1956); Argumento: Ralph Gilbert Bettison, segundo romance de George Orwell; Música: Malcolm Arnold; Ludwig van Beethoven ("Symphony Nr. 5); Fotografia (cor): C.M. Pennington-Richards; Montagem: Bill Lewthwaite; Casting: Robert Lennard; Design de produção: Terence Verity; Direcção artística: Len Townsend; Guarda roupa: Barbara Gray; Maquilhagem: L.V. Clark, Henry Montsash; Direcção de produção: John Croydon, G.R. Mitchell; Assistentes de realização: Fred Slark; Som: Arthur Bradburn, Harold V. King, Arthur Southgate; Efeitos especiais: George Blackwell, Bryan Langley, Norman Warwick; Produção: N. Peter Rathvon; Intérpretes: Edmond O'Brien (Winston Smith), Jan Sterling (Julia), Michael Redgrave (General O'Connor), Donald Pleasence (R. Parsons), David Kossoff, Carol Wolveridge, Patrick Allen, Mervyn Johns, Ewen Solon, Michael Ripper, Ernest Clark, Ronan O'Casey, Kenneth Griffith, John Vernon, etc. Duração: 90 minutos.
 
COMING UP FOR AIR
Título original: Coming Up for Air (TV)    
Realização: Christopher Morahan (Inglaterra, 1965); Argumento, segundo romance de George Orwell; Produção: Cedric Messina; Intérpretes: Colin Blakely, etc.

1984
Título original: Nineteen Eighty Four (TV)    
Realização: Christopher Morahan (Inglaterra, 1965); Argumento, segundo romance de George Orwell; Produção: Cedric Messina; Intérpretes: David Buck, Jane Merrow, Joseph O'Conor, Cyril Shaps, etc.

1984: A PERSONAL VIEW OF ORWELL'S “NINETEEN EIGHTY FOUR”
Título original: 1984: A Personal View of Orwell's “Nineteen Eighty Four” (TV)    
Argumento: Anthony Burgess, segundo romance de George Orwell; Música: Jon Hiseman; Produção: Peter Tabern (Inglaterra, 1983); Intérpretes: Anthony Burgess, Winston Churchill, Francisco Franco, Benito Mussolini, etc.

1984
Título original: Nineteen Eighty-Four   
Realização: Michael Radford (Inglaterra, 1984); Argumento: Jonathan Gems, Michael Radford, segundo romance de George Orwell; Música: Dominic Muldowney, Annie Lennox, David A. Stewart (canção); Fotografia (cor): Roger Deakins; Montagem: Tom Priestley; Casting: Rebecca Howard; Design de produção: Allan Cameron; Direcção artística: Martyn Hebert, Grant Hicks; Guarda roupa: Emma Porteus; Maquilhagem: Anna Dryhurst, Paula Gillespie, Mary Hillman, Stephanie Kaye, Debbie Scragg; Direcção de produção: Tony Hopkins, Gladys Pearce, Paul Shersby, Paul Sparrow; Assistentes de realização: Stephen Brown, John Dodds, Dave Keating, Patrick Kinney, Crispin Reece, Chris Rose; Som: Derek Holding, Gerry Humphreys, Colin Miller, Bryan Tilling; Efeitos especiais: Ian Scoones, Andrew Thompson, Chris Verner; Efeitos visuais: Ray Caple; Produção: Al Clark, John Davis, Robert Devereux, Simon Perry, Marvin J. Rosenblum; Intérpretes: John Hurt (Winston Smith), Richard Burton (O'Brien), Suzanna Hamilton (Julia), Cyril Cusack (Charrington), Gregor Fisher (Parsons), James Walker (Syme), Andrew Wilde (Tillotson), David Trevena, David Cann, Anthony Benson, Peter Frye, Roger Lloyd-Pack, Rupert Baderman, Corinna Seddon, Martha Parsey, Merelina Kendall, P.J. Nicholas, Lynne Radford, Shirley Stelfox, Janet Key, Hugh Walters, Robert Putt, Christine Hargreaves, Garry Cooper, Matthew Scurfield, John Golightly, Rolf Saxon, Ole Oldendorp, Eddie Stacey, Norman Bacon, John Foss, Carey Wilson, Mitzi McKenzie, Phyllis Logan, Pam Gems, Joscik Barbarossa, John Boswall, Bob Flag, John Hughes, Pip Donaghy, etc. Duração: 113 minutos.

PRAZERES LONDRINOS
Título original: Keep the Aspidistra Flying ou A Merry War ou Comstock and Rosemary
Realização: Robert Bierman (Inglaterra, 1997); Argumento: Alan Plater, Segundo romance de George Orwell; Música: Mike Batt; Fotografia (cor): Giles Nuttgens; Montagem: Bill Wright; Casting: Michelle Guish; Design de produção: Sarah Greenwood; Direcção artística: Philip Robinson; Guarda Roupa: James Keast; Maquilhagem: Sarah Grispo, Marilyn MacDonald, Di Wickens; Assistentes de realização: Connie Boylan, Richard Hewitt, Toby Sherborne; Som: Richard Coles, Paul Conway, Paul Hamblin, Catherine Hodgson, Leslie Hodgson, Patrick Quirke, André Schmidt, Joanna Tam; Produção: Peter Shaw, Robert Bierman, Sara Giles, Joyce Herlihy, John Wolstenholme.
Intérpretes: Richard E. Grant (Gordon Comstock), Helena Bonham Carter (Rosemary), Julian Wadham (Ravelston), Jim Carter (Erskine), Harriet Walter (Julia Comstock), Lesley Vickerage (Hermione), Barbara Leigh-Hunt (Mrs. Wisbeach), Liz Smith (Mrs. Meakin), John Clegg (McKechnie), Bill Wallis (Mr. Cheeseman), Lill Roughley (Mrs. Trilling), Dorothea Alexander (velha), Peter Stockbridge (velho), Grant Parsons (rapariga), Malcolm Sinclair (Paul Doring), Derek Smee (leitor), Ben Miles, Richard Dixon, Eve Ferret, Roger Morlidge, Roland Oliver, Roger Frost, Dorothy Atkinson, Harri Alexander, Lucy Speed, Joan Blackham, Roy Evans, Maggie McCarthy, Lone Vidahl, Steven Crossley, etc.
Duração: 101 minutos; Distribuição em Portugal: Filmitalus; Classificação etária: M/ 12 anos.

ANIMAL FARM
Título original: Animal Farm (TV)    
Realização: John Stephenson (Inglaterra, EUA, 1999); Argumento: Alan Janes, George Orwell; Intérpretes (vozes): Kelsey Grammer, Ian Holm, Julia Louis-Dreyfus, Julia Ormond, Pete Postlethwaite, Paul Scofield, Patrick Stewart, Peter Ustinov, Alan Stanford, Caroline Gray, Gail Fitzpatrick, Joe Taylor, Jimmy Keogh, Noel O'Donovan, Gerard Walsh, etc. Duração: 91 minutos.


MICHAEL RADFORD (1946 - )
Nasceu a 24 de Fevereiro de 1946,em Nova Deli, na Índia, filho de pai inglês e de mãe australiana. Foi educado na Bedford School depois no Worcester College, em Oxford. Durante alguns anos foi professor, depois inscreveu-se na National Film and Television School, onde estudou cinema. Começou a trabalhar como documentarista na BBC, entre 1976 e 1982. Autor de uma curta obra de ficção, mas extremamente interessante, conheceu alguns sucessos de público e de crítica, como “1984”,  “White Mischief”, “Another Time, Another Place”, mas sobretudo  com a obra de 1994, “Il Postino”, adaptação do romance “Ardiente Paciencia”, de Antonio Skármeta. Em 2000, estreia-se como encenador de teatro, no West End londrino, com “The Seven Year Itch”. Casado com Iseult Teran, e posteriormente com  Emma Tweed.

Filmografia
Como realizador: 1980: Van Morrison in Ireland (documentário); The White Bird Passes (TV); 1982: The Making of 'The Pirates of Penzance' (documentário); 1983: Another Time, Another Place; 1984: Nineteen Eighty-Four (1984); 1987: White Mischief (Adeus, África); 1994: Il Postino (O Carteiro de Pablo Neruda); 1998: B. Monkey; 2000: Dancing at the Blue Iguana (Iguana Azul); 2002: Ten Minutes Older: The Cello (episódio "Addicted to the Stars"); 2004: The Merchant of Venice (O Mercador de Veneza); 2007: Flawless (Estratégia Brilhante); 2011: Michel Petrucciani (documentário); 2011: Hotel Lux; La Mule; 2014: Elsa & Fred.

JOHN HURT (1940 - )
John Vincent Hurt nasceu a 22 de Janeiro de 1940, em Chesterfield, Derbyshire, Inglaterra. Filho de um padre anglicano, Arnold Herbert, e de Phyllis Massey, engenheira e actriz amadora. Aos oito anos foi para a Anglican St Michael's Preparatory School em Otford, Kent, onde decidiu ser actor. Integra o Cleethorpes Repertory Theatre, onde é aconselhado a prosseguir a carreira. Aos 17 anos, Hurt entra na Grimsby Art School (agora a East Coast School of Art & Design), para estudar arte. Em 1959, Hurt tem uma bolsa para entrar no Art Teacher's Diploma (ATD), na Saint Martin's School of Art, em Londres, e finalmente na Royal Academy of Dramatic Art. A sua primeira actuação no cinema dá-se em “The Wild and the Willing” (1962), mas o seu primeiro grande papel acontece em “A Man for All Seasons” (1966). Novos trabalhos, como “The Naked Civil Servant”, levam-no a ganhar o British Academy Television Award para Melhor Actor. Integra o elenco da série televisiva “I, Claudius”, e com “Midnight Express”, alcança o Globo de Ouro e o BAFTA e foi nomeado para o Oscar de Melhor Actor Secundário. Com “The Elephant Man”, volta a triunfar: conquista um BAFTA e nomeações para o Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Actor. Em 1984, Hurt interpreta a personagem de Winston Smith na adaptação de Michael Radford do romance de George Orwell, “Nineteen Eighty-Four”, um dos seus melhores desempenhos no cinema. Em Junho de 2009, Hurt volta à mesma figura na representação teatral de “Big Brother”, na Paper Zoo Theatre Company. Na 65ª cerimónia da British Academy Film Awards, Hurt obteve um prémio especial pela sua contribuição para a arte de representar no cinema. A sua carreira no cinema não pára, em simultâneo com aparições constantes na televisão.
Casado com a actriz Annette Robertson (1962-1964). Em 1967 inicia uma relação com a modelo francesa Marie-Lise Volpeliere-Pierrot, com quem planeava casar ao fim de quinze anos, o que não se verificou em virtude de uma queda fatal de Marie-Lise de um cavalo, em 1983. Em 1984, Hurt casa com uma velha amiga, a actriz texana Donna Peacock, viveram no Quénia e divorciaram-se em 1990. Entre 1990 e 1996 esteve casado com a assistente de produção Joan Dalton, seguindo uma longa relação com a escritora e apresentadora Sarah Owens. A separação aconteceu em 2002, e Hurt volta a casar pela quarta vez, agora com a produtora de publicidade Anwen Rees Meyers. Em 2004, Hurt foi feito Comandante da Ordem do Império Britânico, entre variadas distinções de que foi alvo deste então. 

Filmografia

Como actor (somente no cinema): 1962: The Wild and the Willing, de Ralph Thomas; 1964: This Is My Street, de Sidney Hayers; 1966: A Man for All Seasons (Um Homem para a Eternidade), de Fred Zinnemann; 1967: The Sailor from Gibraltar,  de Tony Richardson; 1969: Sinful Davey (Davey, o Folgazão), de John Huston; 1969: Before Winter Comes (Antes do Inverno Chegar), de J. Lee Thompson; In Search of Gregory (Convite ao Pecado), de Peter Wood; 1971: Mr. Forbush and the Penguins de Arne Sucksdorff, Alfred Viola e Roy Boulting; 10 Rillington Place (Violador de Rillington), de Richard Fleischer; 1972: The Pied Piper (A Flauta Mágica) de Jacques Demy; 1974: Little Malcolm, de Stuart Cooper; 1975: The Ghoul (O Monstro do Pântano), de Freddie Francis; 1976: La Linea del Fiume de Aldo Scavarda; 1977: Three Dangerous Ladies, episódio “The Island”, de Robert Fuest; East of Elephant Rock de Don Boyd; Paperback, de  David Bailey; The Disappearance (O Homem que Matou o Passado), de Stuart Cooper; 1978: The Shout (O Uivo), de Jerzy Skolimowski; Midnight Express (O Expresso da Meia-Noite), de Alan Parker; Watership Down, de Martin Rosen; J. R. R. Tolkien's The Lord of the Rings (O Senhor dos Anéis), de Ralph Bakshi; 1979: Alien (Alien - O 8.º Passageiro), de Ridley Scott; 1980: Elephant Man (O Homem Elefante), de David Lynch; Heaven's Gate (As Portas do Céu), de Michael Cimino; 1981: History of the World: Part I (Uma Louca História do Mundo), de Mel Brooks; 1982: Night Crossing, de Delbert Mann; Partners (Sócios), de James Burrows; The Plague Dogs, de Martin Rosen; 1983: The Osterman Weekend (O Fim-de-Semana de Osterman), de Sam Peckinpah; 1984: Champions (Os Campeões), de John Irvin; Success Is the Best Revenge, de Jerzy Skolimowski; The Hit (Refém de Boa Vontade) de Stephen Frears; 1984 (1984), de Michael Radford; 1985: After Darkness, de Sergio Guerraz e Dominique Othenin-Girard; The Black Cauldron (Taran e o Caldeirão Mágico), de Ted Berman e Richard Rich; 1986: Jake Speed (Jacke Speed, o Vingador), de Andrew Lane; 1987: Rocinante, de Ann Guedes e Eduardo Guedes; 1987: White Mischief (Adeus, África) de Michael Radford; The Hunting of the Snark, de  Mike Batt (narrador); Vincent, de Paul Cox (voz); From the Hip de Bob Clark; Aria (Aria), episódio “I pagliacci”, de Bill Bryden; Spaceballs (A Mais Louca Odisseia no Espaço) de Mel Brooks; 1988: La Nuit Bengali, de Nicolas Klotz; 1989: Little Sweetheart (Criança Adorável), de Anthony Simmons; Scandal (Escândalo), de Michael Caton-Jones; 1990: Romeo.Juliet, de Armondo Linus Acosta; 1990: Windprints, de David Wicht; The Field (The Field - Esta Terra é Minha), de Jim Sheridan; Frankenstein Unbound (Frankenstein Revisitado), de Roger Corman; 1991: I Dreamt I Woke Up, de John Boorman; I Dreamt I Woke Up (curta-metragem); King Ralph (King Ralph - O Primeiro Rei Americano), de David S. Ward; 1992: Lapse of Memory, de Patrick Dewolf; L'Œil qui Ment, de Raoul Ruiz; 1993: Kölcsönkapott idö, de István Poór; Monolithe (Presas e Predadores), de John Eyres; Even Cowgirls Get the Blues (Até as Vaqueiras Ficam Tristes), de Gus Van Sant; 1994: Thumbelina (A Polegarzinha), de Don Bluth; Second Best (Duas Vidas, Um Destino), de Chris Menges; Rabbit Ears: Aladdin and the Magic Lamp (vídeo); 1995: Two Nudes Bathing, de John Boorman (curta-metragem); Saigon Baby, de David Attwood; Rob Roy (Rob Roy), de Michael Caton-Jones; Dead Man (Homem Morto), de Jim Jarmusch; Wild Bill (Wild Bill), de Walter Hill; 1997: Love and Death on Long Island, de Richard Kwietniowski; Contact (Contacto), de Robert Zemeckis; Brute, de Maciej Dejczer; My Funny Valentine (curta-metragem); Tender Loving Care (vídeo); 1998: The Commissioner, de George Sluizer; The Climb, de Bob Swaim; Night Train, de John Lynch; All the Little Animals (Todos São Animais), de Jeremy Thomas; 1999: New Blood (Sangue Novo), de Michael Hurst; Le Château des Singes, de Jean-François Laguionie; If... Dog... Rabbit..., de Matthew Modine; You're Dead..., de Andy Hurst; 2000: The Tigger Movie (As Aventuras do Tigre), de Jun Falkenstein; Lost Souls (Possuídos), de Janusz Kamiński; 2001: Tabloid, de David Blair; Captain Corelli's Mandolin (O Capitão Corelli), de John Madden; Harry Potter and the Philosopher's Stone (Harry Potter e a Pedra Filosofal), de Chris Columbus; 2002: Miranda (Mistérios de Uma Mulher), de Marc Munden; Crime and Punishment, de Menahem Golan; 2003: Mister Cash ou Owning Mahowny (A Queda de um Jogador), de Richard Kwietniowski; Meeting Che Guevara and the Man from Maybury Hill, de Anthony Byrne (curta-metragem); Dogville (Dogville), de Lars von Trier; 2004: Hellboy (Hellboy), de Guillermo del Toro; 2005: Short Order, de Anthony Byrne; 2005: Valiant (Valiant - Os Bravos do Pombal), de Gary Chapman; The Proposition (Escolha Mortal), de John Hillcoat; Shooting Dogs (Shooting Dogs - Testemunhos de Sangue), de Michael Caton-Jones; Manderlay (Manderlay), de Lars von Trier; The Skeleton Key (A Chave), de Iain Softley; 2006: V for Vendetta (V de Vingança), de James McTeigue; Perfume: The Story of a Murderer (O Perfume - História de um Assassino), de Tom Tykwer; 2007: Boxes, de Jane Birkin; 2008: The Oxford Murders (Os Crimes de Oxford), de Álex de la Iglesia; Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull (Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal) de Steven Spielberg; Outlande (Outlander - A Vingança), de Howard McCain; Hellboy II: The Golden Army (Hellboy II - O Exército Dourado), de Guillermo del Toro; Lezione 21, de Alessandro Baricco; 2009: New York, I Love You (episódio "Shekhar Kapur"); An Englishman in New York, de Richard Laxton; The Limits of Control (Os Limites do Controlo), de Jim Jarmusch; 44 Inch Chest (Rapto Perigoso), de Malcom Venville; 2010: Lou, de Belinda Chayko; Sammy's avonturen: De geheime doorgang (As Aventuras de Sammy - A Passagem Secreta 3D), de  Ben Stassen; Brighton Rock (Crime e Pecado), de Rowan Joffé; Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1 (Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 1), de David Yates; Love at First Sight, de Michael Davies (curta-metragem); Ultramarines: A Warhammer 40,000 Movie, de Martyn Pick; 2011: Regret Not Speaking, de Richard Kwietniowski; Melancholia (Melancolia), de Lars von Trier; Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2 (Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2), de David Yates; Les Immortels (Imortais), de Tarsem Singh; 23 Degrees, 5 Minutes (curta-metragem); In Love with Alma Cogan, de  Tony Britten; Sailcloth (curta-metragem); The Confession, de Brad Mirman;2012: Tinker, Tailor, Soldier, Spy (A Toupeira), de Tomas Alfredson; Sightseers (Assassinos de Férias), de  Ben Wheatley; Jayne Mansfield's Car (Uma Família de Estranhos), de Billy Bob Thornton; Snowpiercer, de Bong Joon-ho; The Necessary Death of Charlie Countryman (Uma Morte Necessária), de Fredrik Bond (narrador); Only Lovers Left Alive (Só os Amantes Sobrevivem), de Jim Jarmusch; King Lear: Scene 133 (curta-metragem); Look Again (curta-metragem); Benjamin Britten: Peace and Conflict, de Tony Britten (narrador); 2014: Hercules, de Brett Ratner; The Man Who Killed Don Quixote, de Terry Gilliam; Stabat Mater, de Tova Asher. 

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