“1984” (1984)
E ORWELL NO CINEMA
“Prazeres
Londrinos”, um filme de
1997, dirigido por Robert Bierman, adaptando um dos romances menos conhecidos
de George Orwell (“Keep the Aspidistra Flying”), remete para o período em que o
romance foi escrito, Londres, anos 30, e ergue com economia de meios e bom
gosto o clima social, a ambiência humana, os contrastes de classe, os sonhos e
aspirações de uns, o destino trágico de outros. Entre tudo isto, o poder do
dinheiro, o “vil metal” de que fala Orwell, que condena muitos desde a nascença
e impõe dolorosas opções a outros, que acabam por sacrificar sonhos e projectos
em favor de uma existência “integrada” nos valores e nas regras estabelecidos.
Na bibliografia
de ficção de Orwell sobressaem, porém, duas alegorias políticas que o tornaram
particularmente celebrizado: “Animal Farm” (escrito em 1936) e “1984” (seu
derradeiro escrito, acabado – 1949 - pouco antes de morrer vítima de
tuberculose, em 21 de Janeiro de 1950, em Londres). São essas que mereceram até
hoje maior atenção no campo das adaptações cinematográficas. Mas “Keep the
Aspidistra Flying”, sendo um romance escrito numa época particularmente
importante da vida do escritor, e assumindo declaradamente alguns aspectos
autobiográficos, não deixa de ser uma obra extremamente curiosa e até
definidora de alguns dos traços mais íntimos e secretos da personalidade de
Orwell.
O livro (e o
filme) fala de Gordon Comstock (Richard E. Grant, excelente), um jovem
publicitário que trabalha numa agência londrina, e que é considerado uma das
apostas fortes do sector. Os seus trabalhos de “copy-writer” são apreciados
pelos clientes, e o chefe chama-o para lhe sublinhar este facto, promovê-lo e
aumentá-lo para um ordenado condizente com as suas qualidades. Acontece que
Gordon Comstock tem ambições literárias, pretende ser um poeta, recusa as
ofertas, demite-se do seu cargo, e resolve trabalhar livremente. Longe das
amarras criativas, instala-se num quarto alugado, cuja senhoria é uma austera
matrona que procura controlar toda a sua actividade, e tem no quarto uma
planta, a aludida aspidistra que surge no título, que é conhecida por
sobreviver com facilidade a todas as intempéries, quer elas sejam naturais ou
deliberadamente provocadas (Gordon Comstock agride-a com um cigarro em chama,
mas a resistente planta reage estoicamente).
Para lá disso,
a aspidistra é ainda reconhecida como o símbolo de uma certa classe média. As
casas inglesas e os seus habitantes são facilmente caracterizados socialmente,
nessa época, em função de terem ou não, junto às janelas, essa planta. Aliás, o
título do livro terá provavelmente surgido de uma de duas inspirações (ou das
duas em simultâneo): de uma canção muito em voga nos anos 30, época a que a
obra se reporta (“The Biggest Aspidistra in the World”, sucesso musical a
partir de 1928) (1), ou de uma outra canção, esta política e revolucionária,
que era estandarte dos comunistas de então: “Keep the Red Flag Flying.”
Não deixa de
ser curioso este entrelaçar de influências, pois ambas revelam dois dos ódios
de estimação de Orwell nesse período da sua vida – a classe média conformista,
puritana e conservadora, e o totalitarismo de certos regimes: o fascista ou
nazi (que combateu, tanto na Guerra de Espanha, onde se alistou como
voluntário, como durante a II Guerra Mundial, onde esteve como sargento e
correspondente de guerra da BBC e do jornal “Observer”) e o comunista (de que
percebeu o funcionamento perverso e totalitário durante a sua permanência em
Espanha, integrado nas fileiras dos anarquistas internacionalistas, que, em
grande parte, apanhados entre dois fogos, foram dizimados pelos franquistas e
estalinistas).
Voltando a
Gordon Comstock, que de certa maneira se assume como um “alter-ego” de George
Orwell, já de si nome literário de Eric Blair, grande parte das ocorrências por
que passa correspondem a outras tantas situações vividas pelo poeta, sobretudo
na sua juventude. Terá tido os mesmos anseios de liberdade poética (que, tal
como em Gordon Comstock, não teriam grande consistência literária), terá
percorrido idênticos caminhos da miséria (muitos dos quais registados numa
outra obra sua: “Na Penúria em Paris e Londres”), terá sido também ele tocado
pela sinceridade e honestidade de comportamento das massas operárias, terá sido
empregado numa livraria (ou num pelintra alfarrabista), onde conheceu uma
rapariga que se aproxima em muito da Rosemary (Helena Bonham Carter) do filme.
Também Orwell terá ultrapassado essa fase e regressado a uma vida dita
“burguesa”, muito embora sempre inspirado pelos princípios de um socialismo que
nada devia ao revisionismo soviético (sobretudo o posterior a Estaline). O
mesmo acontece ao protagonista de “Prazeres Londrinos”. Gordon Comstock, depois
de um périplo por livreiros e alfarrabistas, em degradados bairros de uma
Londres “dickenseana” – como essa permanência no bairro de Lamberth, por entre
piolhos e esterco, imundice avulsa e cheiros nauseabundos -, ao mesmo tempo que
procura encontrar uma voz poética própria e descobrir um editor que lhe
publique a obra, resolve finalmente abandonar a quimera e aceitar o lugar de
publicitário. Entretanto conseguira conquistar Rosemary, a sua velha colega de
agência, que nunca aceitara as suas investidas sexuais, ou por falta de local
adequado para a sua prática, ou por ausência de alguma “segurança” que a
impedisse de ficar grávida. Será numa cama desconchavada, num quarto miserável
(mas com uma aspidistra por perto!) que Rosemary se entrega finalmente a
Gordon, e fica grávida. A alegria de ser pai, o amor por Rosemary, e uma
progressiva desilusão sobre as suas qualidades poéticas e a justeza do mundo
quanto ao seu reconhecimento (o único amigo que tem, Ravelston, publica-lhe um
livro, mas também assina a única critica lisonjeira que recebe!), levam-no a
abdicar dessa liberdade utópica e a sujar de novo as mãos em anúncios que
despreza.
Num outro
romance sobre pilotos de aviação (“Coming Up for Air”), George Orwell mantinha
idêntica moralidade ao falar da resistência dos metais e do sonho de voar e
respirar liberdade. Na gíria da aeronáutica, é sabido que todos os metais
atingem um “estado de fadiga” que pode criar fissuras e levar a rupturas
fatais. Basta a usura do tempo, para o aço ceder. Que dizer da vontade do Homem
e dos seus sonhos?
Contraditória
e frágil a condição humana, que leva homens da estatura intelectual de Orwell a
conviver com actos de uma generosidade extrema ou de duvidosa legitimidade. Na
sua vida privada, o lado sentimental foi conflituoso. Para lá de dois
casamentos (Eileen O’Shaughnessy, que trocou a carreira de psicóloga pela
companhia de Orwell, e depois da morte desta, Sonia Brownell), teve múltiplos
casos amorosos, adultérios (num caso chegou mesmo a propor uma “ménage à
trois”, com a professora de ginástica Brenda Salkeld, no tempo em que era
casado com Eileen (1)) e um registo “escaldante” de cartas amorosas, ao que
consta, nada românticas. Mas este intelectual íntegro e votado a causas nobres,
não se coibiu também de denunciar aos serviços secretos britânicos, como
simpatizantes do comunismo, Bernard Shaw, J.B. Priestley, Michael Redgrave ou
Charlie Chaplin. Nem tudo são rosas, mesmo nas vidas que aparentemente nos
surgem mais íntegras!
Orwell nasceu
em Motihari, Bengala, Índia, a 25 de Junho de 1903. O pai trabalhava num
departamento oficial ligado ao comércio do ópio. Em 1904, viajou com a mãe para
a Inglaterra, e frequentou a escola de Eton, onde teve experiências não muito
felizes – castigos corporais - que o
levavam a ser um jovem tímido. Talvez por isso tenha regressado à Índia, onde
se incorporou na Polícia Imperial, na Birmânia, onde, ao que se sabe, não foi
meigo para com os nativos.
De novo na
Europa, viajou como vagabundo por França e Inglaterra, recordações depois
colocadas em volume na sua primeira obra publicada, “Down and Out in Paris and
London”, onde afirma “a pobreza liberta os maltrapilhos dos padrões
convencionais de comportamento, assim como o dinheiro liberta os ricos do
trabalho”. É por esta altura que adopta o pseudónimo literário de George Orwell
(Orwell tem a ver com um rio inglês).
Depois destas
andanças, e sendo simpatizante dos anarquistas, oferece-se como voluntário para
a Guerra de Espanha, onde permanece entre 1936 e 1937. Integrou as milícias do
Partido Operário Marxista Unificado (POUM). Já é casado, e a mulher, Eileen,
vai com ele. Ferido na garganta, e atingido no espírito (depois de observar as
traições comunistas aos seus aliados anarco-sindicalistas), regressa a Londres
desiludido com a guerra e com a condição humana. Começa a antever um futuro de
pesadelo para o Homem nos artigos de cariz político que vai escrevendo para
diversas publicações. Em 1938, publicou “Homenagem à Catalunha”, elogiando os
libertários e zurzindo nos comunistas. O livro foi muito mal acolhido pela
intelectualidade de esquerda, que via nos comunistas os heróicos defensores da
revolução. É também a Guerra Civil de Espanha que lhe serve de base para
escrever “O Triunfo dos Porcos”, obra que não foi aceite pela editora “Faber e
Faber”, depois de um juízo negativo de T.S. Elliot. Ao seu ódio ao capitalismo
juntava-se agora igual sentimento relativo ao comunismo oficial da URSS de
Estaline: “O lógico desenlace disto tudo (refere-se às traições durante a GCE)
será um regime em que todos os partidos e jornais de oposição hão-de ver-se
proibidos e todos os opositores com alguma notoriedade atirados para as
cadeias. Semelhante regime será evidentemente um regime fascista. Não será o
mesmo fascismo que Franco imporia, será até melhor do que o fascismo de Franco
na medida em que terá merecido que por ele se tenha lutado, mas nem por isso
deixará de ser fascismo. A sua diferença residirá simplesmente no facto de lhe
darem outro nome, por ter sido criado pelos comunistas e liberais.” (2) Aliás a
grande crítica nessa altura lançada aos comunistas por Orwell é que eles tinham
feito o jogo das democracias ocidentais, e deixado abortar deliberadamente a
verdadeira Revolução, que seria anarquista e libertária.
O desencanto
com o desenrolar da Guerra de Espanha e a perspectiva de emergirem estados
totalitários como até aí não se conheciam (governados por nazismo e comunismo),
leva Orwell a escrever primeiramente “Animal Farm” e depois “1984”, as suas
obras-primas que o tornaram mundialmente célebre.
“Animal Farm” teve
já duas adaptações cinematográficas, uma, excelente, inglesa, de 1954,
realizada por dois dos maiores autores de animação, Joy Batchelor e John Halas,
outra, de produção norte-americana, de 1999, devida a John Stephenson. Na
primeira, o romance foi adaptado por Joy Batchelor, John Halas, Borden Mace,
Philip Stapp e Lothar Wolff, com Gordon Heath como narrador e Maurice Denham
emprestando a sua voz a todas as personagens cridas por George Orwell. Na
versão mais recente, igualmente em animação, as vozes foram entregues a alguns
dos mais conceituados actores ingleses: Kelsey Grammer, Ian Holm, Julia
Louis-Dreyfus, Julia Ormond, Pete Postlethwaite, Paul Scofield, Patrick
Stewart, Peter Ustinov, Alan Stanford, Caroline Gray, etc.
“O Triunfo dos
Porcos” é uma metáfora em tom satírico – a que se adapta bem a técnica de
desenhos animados, mais para adultos do que para crianças – que situa a sua
acção na quinta de um tal Mr. Jones, onde os porcos dirigem uma revolta contra
os humanos. Assegurando o controlo da quinta, comandados por Napoleão (que
muitos identificam com o próprio Estaline), proclama-se um estado solidário, de
justiça e igualdade, que cedo a nomenclatura faz reverter a seu favor. Se o
poder corrompe, aqui corrompe inteiramente e de forma vertiginosa, chegando-se
à máxima que Orwell vulgarizou “All animals are equal, but some animals are
more equal than others” (todos os animais são iguais, mas há uns mais iguais
que outros).
O livro
apareceu em 1945, com o Plano Marshall a ser contestado pela esquerda europeia
e a “guerra fria” a dar os seus primeiros passos (julga-se mesmo que foi Orwell
quem pela primeira vez utilizou a expressão) e “Animal Farm” teria um
acolhimento muito reservado e discreto. O lado premonitório do panfleto não era
ainda bem aceite, muitos dos crimes de Estaline desconheciam-se (ou eram
“esquecidos” em nome da “ditadura do proletariado”) e foi preciso esperar
algumas décadas para a argúcia de Orwell vir ao de cima, sobretudo na sua
denúncia, não tanto da ditadura, mas de uma ditadura de um novo tipo, onde o
poder detendo os meios de comunicação social (naquela altura os jornais, a
rádio e o cinema, não se imaginando sequer ainda o poder que a televisão viria
a ter!) levava a verdadeiras lavagens de cérebro.
“1984” começou a ser esboçado em 1943, com o
título de “O Último Homem da Europa”, mas só viria a ser publicado em 1949. Há
quem afirme que a obra deve muito a um romance russo, “My”, da autoria do
dissidente Evgeni Zamiantin, escrito em 1920 e traduzido para o inglês em 1924.
Orwell confessou conhecer a obra e ser de certa forma seu herdeiro (tal como,
aliás, Aldous Huxley e o seu “Admirável Mundo Novo”). O romance de Orwell será,
todavia, muito mais preciso neste aspecto de denúncia da opressão estatal e
muito mais terrível ainda na sua mensagem de alerta para um mundo dominado pelo
“Olho” omnipresente do “Big Brother”, que tudo observa e a todos domina. Sendo
um intelectual que procurou acima de tudo manter a isenção e a liberdade de
crítica, que se definia a si próprio como um “escritor político”, mas um
escritor político que se colocava para lá de qualquer simpatia ou filiação
partidária – apesar de nunca renegar o seu pender socialista e confessar votar
trabalhista, à falta de melhor –, a sua previsão de um mundo tiranizado pelos
“media” destinava-se tanto a Ocidente como a Oriente, tanto ao capitalismo, que
ele considerava o embrião do fascismo, como ao comunismo da URSS, pervertido
pelo terror estalinista. É esta liberdade de análise que faz de Orwell um
escritor universal e de “1984” um monumento de lucidez, enquadrado na época em
que foi concebido e catapultado para os nossos dias, onde, se possível, é ainda
mais terrivelmente ameaçador do que em 1950.
Olhando para o filme de Michaelk
Radford, que é uma rigorosa e austera adaptação do romance, sobretudo nas cores
cinzentas do quotidiano e na claustrofobia asfixiante que transmite, apenas
nalguns aspectos a antecipação passa ao lado. Pode dizer-se que não previu esta
nossa sociedade garrida e leviana, aparentemente descontraída e alegre, mas que
encerra terríveis ameaças inlocalizáveis, tão ou mais perigosas do que as
imaginadas pelo escritor. Afinal o terror pode não se instalar pelo cinzento
gélido das paredes de prisões estereotipadas, mas adquirir outros tons. Afinal,
o seu “Big Brother” deu origem a programas de televisão que, deliciados,
assumiram a ficção de Orwell (o que já de si é algo monstruoso) e fazem
reverter em proveito próprio a estrutura de um Estado vigiado que Orwell
antevia. Afinal a “Guerra é Paz”, a “Liberdade é Escravidão”, a “Ignorância é
Força”, sem necessidade de haver um “Ministério da Verdade” para difundir a
mentira. Dizia Orwell que “quem controla o passado controla o futuro, e quem
controla o presente controla o passado”. A História sempre foi escrita pelos
vencedores e, segundo a sua óptica, em “Oceania”, um dos três Estados que
controlam o mundo em “1984”, a História já não é só escrita pelos vencedores, é
refeita pelos tiranos, que a moldam a seu belo prazer e introduzem mesmo uma
nova linguagem para, com base nela, controlarem o mundo. O “Newspeak” (não
deixa de ser curioso que a nova língua seja anglófila!) aí está para controlo
dos espíritos.
O mundo que
Orwell antecipa de quarenta anos vive espartilhado em três grandes blocos
políticos: Eurasia, Estasia e a já referida Oceania, esta governada por um
Partido que dividiu a História em duas épocas: antes e depois do aparecimento
do Partido. A História anterior desapareceu, ignorada, destruída, desvirtuada.
Os deuses foram substituídos pelo “Big Brother” (esse “grande irmão” que criou
a revolução e governa em nome dela). Um pouco por todo o lado impera o “Olho”
desse inspector-geral, que por vezes cede lugar à imagem do rebelde fugitivo,
Emanuel Goldstein, inimigo nº 1 da Revolução, que escreveu um livro
amaldiçoado, relatando a verdade sobre o que se passa na Oceania. É preciso
odiar Goldstein e amar a Revolução e a Ordem estabelecida. Winston (John Hurt,
notável) é apenas um trabalhador do Ministério da Verdade, que escreve artigos
que, não só contribuem para o desenvolvimento de uma nova linguagem, como
também se encarregam de expandir a doutrina “certa” e erradicar as heresias.
Mas, numa terra onde o amor está proibido e se consentem as relações sexuais
apenas com o fim de procriar, Winston cai num “crime mental”, e ama Julia. “Eu
era um agente de Goldstein e não sabia”. É assim que irá parar às mãos de
O’Brien (Richard Burton, numa das melhores interpretações da sua carreira), que
se encarregará de torturar o dissidente até este assumir o erro, expurgar as
falhas através da técnica de “vaporização” e outras igualmente terríveis que o
levarão a aceitar o “duplo-pensamento” que permite que “2+2 sejam 5”, ou o que
quer que o Partido ordene. A panóplia de elementos exteriores cenográficos pode
ter perdido algum do seu tom de ameaça, tão latente em 1949 (paradas militares,
prisões, torturas físicas e psicológicas, continuam a existir hoje, mas se
calhar não serão as mais graves, talvez por serem as mais facilmente
detectáveis), mas a lavagem ao cérebro que permite dominar subtilmente “por
dentro” o cidadão, essa sublimou-se habilmente.
Resta
sublinhar que, em “1984”, o grande Olho perseguia o cidadão na rua e em casa de
forma obsessiva e ameaçadora. Afinal, chegados ao início do século XXI, há
milhares de cidadãos que formam fila indiana à porta de estúdios de TV em todo
o mundo para serem “vigiados” não por um ente totalitário, mas por todos nós. A
perversão da História foi fazer de (quase) todos os cidadãos comparsas
voluntários deste jogo terrível. “A guerra mantem a estrutura da sociedade
intacta. A guerra não é para vencer. A guerra é para continuar.”
Esta adaptação
de “1984”, da autoria de Michael Radford, não foi a única, apesar de até hoje
julgar-se a mais representativa. Várias outras houve, entretanto. Uma assinada
por Rudolph Cartier (Inglaterra, 1954), com argumento de Nigel Kneale, e
interpretada por um bom grupo de actores da Hammer Films, Peter Cushing, André
Morell, Yvonne Mitchell, Donald Pleasence, entre outros.
Dois anos
depois, Michael Anderson (Inglaterra, 1956), sob argumento de Ralph Gilbert
Bettison, e com actores como Edmond O'Brien, Jan Sterling, Michael Redgrave,
Donald Pleasence, regressa ao tema, com menos inspiração. Já nos anos 60, de
novo para televisão, é Christopher Morahan (Inglaterra, 1965) quem retoma o
romance, agora servido pela interpretação de David Buck, Jane Merrow, Joseph
O'Conor, Cyril Shaps, etc.
Outra obra
certamente interessante sobre esta metáfora será o documentário “1984: A
Personal View of Orwell's “Nineteen Eighty Four”, escrito por Anthony
Burgess (o autor de “Laranja Mecânica”), com produção de Peter Tabern
(Inglaterra, 1983), e narração do próprio Anthony Burgess, que se serve de
imagens de arquivo, onde surgem estadistas como Winston Churchill, Francisco
Franco, Benito Mussolini, etc.
Ainda para a
televisão, conhece-se uma adaptação do romance “Coming Up for Air”, novamente
dirigido por Christopher Morahan (Inglaterra, 1965), com interpretação de Colin
Blakely.
Orwell morreu
em 1950, em Londres. Tinha antecipadamente pedido à mulher para ser enterrado o
mais perto possível do local onde falecesse. No centro de Londres, porém, não
havia campas disponíveis, e Sonia Brownell solicitou a todos os amigos para
descobrirem uma vaga num cemitério. O corpo do escritor foi deste modo parar ao
cemitério da igreja de Sutton Courtenay, perto de Abingdon, em Oxfordshire,
local com o qual o escritor nada teve a ver, ele que sempre se mostrara
distante das universidades, e até criticava as carreiras de alguns intelectuais
“universitários”, talvez por despeito, por nunca ter frequentado nenhuma. Mas ali repousa, com uma lápide insólita: "Eric
Arthur Blair / Born June 25th 1903 / Died January 21st 1950". Nenhuma menção
ao escritor ou à sua obra. Apenas o nome de baptismo. Mas George Orwell
gostaria de ser recordado certamente também por outros aspectos da sua
personalidade, que esta frase sua ilustra bem: “Sem dúvida, o álcool, o tabaco
e similares são coisas que um santo deve evitar - mas a santidade é por sua vez
uma coisa que os seres humanos devem evitar...”
(1) in “George Orwell, de Gordon Bowker, ed. A Little,
Brown Book, Londres, 2003
(2) in
“Recordando a Guerra Espanhola”, Ed. Antígona. Trad. e posfácio de Júlio
Henriques; Lisboa, 1997.
GEORGE ORWELL
Bibliografia:
Romances:
“Burmese Days: a Novel”. Ed. Harper &
Brothers, Nova Iorque, 1934.
“A Clergyman's Daughter”. Ed. V. Gollancz ltd.,
Londres, 1935.
“Keep the Aspidistra Flying”. Ed. V. Gollancz,
ltd., Londres, 1936.
“Coming Up for Air”. Ed. V. Gollancz, ltd., Londres, 1939.
“Animal Farm; a Fairy Story”. Ed. Secker &
Warburg, Londres, 1945.
“Nineteen Eighty-Four”. Ed. Secker &
Warburg, Londres, 1949.
Ensaios:
“Down and Out in Paris and London”. Ed. V. Gollancz ltd., Londres, 1933.
“The Road to Wigan Pier”. Ed. V. Gollancz ltd.,
Londres, 1937.
“Homage to Catalonia”. Ed. Secker & Warburg, Londres, 1938.
“The Lion and the Unicorn; Socialism and the
English Genius”. Ed.Secker & Warburg, Londres, 1941.
(Composto por três partes: England Your England, Shopkeepers at War, and
The English Revolution. England Your England foi mais tarde impresso em
separado.)
“James Burnham and the Managerial Revolution”.
Ed. Socialist Book Centre, Londres,
1946.
*A pamphlet printing of "Second Thoughts on James
Burnham"
“The English People”. Ed. Collins, Londres,
1947.
Composto por seis partes: England at First Glance, The Moral Outlook of
the English People, The Political Outlook of the English People, The English
Class System, The English Language, The Future of the English People
Ensaios e
artigos:
George Orwell
publicou centenas de artigos, ensaios, recensões críticas, introduções a outras
obras, textos para rádio, etc. Todos estes estudos se encontram referenciados
no site http://students.ou.edu/C/Kara.C.Chiodo-1/orwell.html que é
seguramente dos melhores e mais bem documentados trabalhos de internet dedicado
a este autor.
Muitos
destes artigos e ensaios, aparecidos entre 1928 (textos ainda de jornais
escolares) e 1950, foram reunidos em quatro volumes: “The Collected Essays,
Journalism, and Letters of George Orwell”.
Outros
foram antologiados ainda em vida do autor, em várias recolhas:
“Inside the Whale” Londres, 1940.
(recolha de artigos).
“Critical Essays” Londres, 1946 (recolha
de artigos).
“Dickens, Dali and Others”, Londres,
1946 (recolha de artigos).
“Shotting na Elephant”, Londres, 1950
(recolha de artigos).
Outros,
como os relativos á sua participação na Guerra de Espanha, forma antologiados
posteriormente em “Recordando a Guerra
Espanhola”.
Edições
portuguesas:
“Porco Triunfante”, Ed. Gráfica
Santelmo. Trad. Alberto Apra, Lisboa, 1946
“1984”, Ed. Ulisseia. Trad. Paulo Santa
Rita, com prefácio de Álvaro Ribeiro. Lisboa, 1955.
“1984”, Ed.
Público, Trad. Ana Luísa Faria; Col. Mil Folhas, 2002.
“O Triunfo dos Porcos”, Ed. Perspectivas & Realidades. Trad. Maria
Antunes. Lisboa, 1976.
“O Triunfo
dos Porcos”, Ed. Moraes. Trad. de L. Morais com prefácio de José Pacheco
Pereira. Lisboa, 1984.
“Homenagem à
Catalunha” Ed. Livros do Brasil; Trad. Fernanda Pinto Rodrigues. Lisboa,
1975.
“O Triunfo
dos Porcos”, Ed. Europa-América, Trad. Madalena Esteves; Lisboa, 2001 (3ª
edição)
“Homenagem à
Catalunha”, Ed. Livros do Brasil. Lisboa.
“A Filha de
Um Reitor”, Ed. Livros do Brasil. Lisboa
“Vil Metal”, Ed. Livros do Brasil.
Lisboa
“Recordando
a Guerra Espanhola”, Ed. Antígona. Trad. e posfácio de Júlio Henriques;
Lisboa, 1997.
“Na Penúria
em Paris e em Londres”, Ed. Antígona. Lisboa
“A Caminho
de Wigan Pier”, Ed. Antígona. Trad. Ana Barradas. A sair em Setembro de
2003.
Recentemente,
saiu o primeiro volume dos seus “Diários”,
com edição, introdução e notas de Peter Davison,trad. De Daniela Carvalhal
Garcia; Ed. D. Quixote, 2014.
Biografias:
Bowker, Gordon.
“George Orwell”. Londres: Little, Brown, 2003.
Buddicom, Jacintha. “Eric and Us: A Remembrance of
George Orwell”. Londres: Leslie Frewin, 1974.
Crick, Bernard. “George Orwell: A Life”.
Londres: Secker & Warburg, 1980.
Dunn, Avril. "My Brother, George Orwell".
Twentieth Century. Março 1961: 255-61.
Fyvel, T. R. “George Orwell: A Personal Memoir”.
Londres: Macmillan, 1982.
Heppenstall, Rayner. “Four Absentees”. Londres:
Barrie and Rockcliff, 1960.
Potts, Paul. "Don Quixote on a Bicycle: In
Memoriam, George Orwell, 1903-1950". London Magazine. Março 1957:
39-47.
Powell, Anthony. "George Orwell: A
Memoir". Atlantic Monthly. Outubro 1967: 62-68.
Pritchett, V. S. "George Orwell". New
Statesman. 28 Janeiro 1950: 96.
Stansky, Peter e William Abrahams. “Orwell: The
Transformation”. Londres: Constable, 1979.
Stansky, Peter e William Abrahams. “The Unknown
Orwell”. Londres: Constable, 1972.
Symons, Julian. "Orwell -- A
Reminiscence". London
Magazine. Setembro 1963: 35-49.
FILMES
RETIRADOS DE OBRAS DE GEORGE ORWELL
ANIMAL
FARM
Título
original: Animal Farm (1954)
Realização: Joy Batchelor,
John Halas (Inglaterra, 1954); Argumento: Joy Batchelor, John Halas, Borden
Mace, Philip Stapp, Lothar Wolff, segundo romance de George Orwell; Música:
Matyas Seiber; Fotografia (cor): S.G. Griffiths, J. Gurr, W. Traylor, R. Turk;
Som: William S. Bland, Jack King, George Newberry, Animadores: Ralph Ayres,
Arthur Humberstone, Frank Moysey, Edric Radage, John F. Reed, Matyas Seiber,
Digby Turpin, Harold Whitaker; Produção: Joy Batchelor, Louis De Rochemont,
John Halas; Intérpretes (vozes): Gordon Heath (narrador), Maurice Denham (todos
os animais); Duração: 72 minutos.
1984
Título
original: 1984 (TV)
Realização: Rudolph
Cartier (Inglaterra, 1954); Argumento: Nigel Kneale, segundo romance de George Orwell; Música:
John Hotchkis; Design de produção: Barry Learoyd; Efeitos visuais: Jack Kine,
Bernard Wilkie; Produção: Rudolph Cartier; Intérpretes: Peter Cushing (Winston
Smith), André Morell (O'Brien), Yvonne Mitchell (Julia), Donald Pleasence
(Syme), Arnold Diamond (Emmanuel Goldstein), Campbell Gray (Parsons), Hilda
Fenemore (Mrs. Parsons), Pamela Grant, Keith Davis, Janet Barrow, Norman
Osborne, Tony Lyons, Malcolm Knight, John Baker, Victor Platt, Van Boolen,
Wilfrid Brambell, Leonard Sachs, Sydney Bromley, Janet Joye, Harry Lane,
Richard Williams, etc. Duração: 120 min
1984
Título
original: 1984
Realização: Michael
Anderson (Inglaterra, 1956); Argumento: Ralph Gilbert Bettison, segundo romance
de George Orwell; Música: Malcolm Arnold; Ludwig van Beethoven ("Symphony
Nr. 5); Fotografia (cor): C.M. Pennington-Richards; Montagem: Bill Lewthwaite;
Casting: Robert Lennard; Design de produção: Terence Verity; Direcção
artística: Len Townsend; Guarda roupa: Barbara Gray; Maquilhagem: L.V. Clark,
Henry Montsash; Direcção de produção: John Croydon, G.R. Mitchell; Assistentes
de realização: Fred Slark; Som: Arthur Bradburn, Harold V. King, Arthur
Southgate; Efeitos especiais: George Blackwell, Bryan Langley, Norman Warwick;
Produção: N. Peter Rathvon; Intérpretes: Edmond O'Brien (Winston Smith), Jan
Sterling (Julia), Michael Redgrave (General O'Connor), Donald Pleasence (R.
Parsons), David Kossoff, Carol Wolveridge, Patrick Allen, Mervyn Johns, Ewen
Solon, Michael Ripper, Ernest Clark, Ronan O'Casey, Kenneth Griffith, John
Vernon, etc. Duração: 90 minutos.
COMING
UP FOR AIR
Título
original: Coming Up for Air (TV)
Realização: Christopher
Morahan (Inglaterra, 1965); Argumento, segundo romance de George Orwell;
Produção: Cedric Messina; Intérpretes: Colin Blakely, etc.
1984
Título original: Nineteen Eighty Four (TV)
Realização: Christopher
Morahan (Inglaterra, 1965); Argumento, segundo romance de George Orwell;
Produção: Cedric Messina; Intérpretes: David Buck, Jane Merrow, Joseph O'Conor,
Cyril Shaps, etc.
1984: A PERSONAL VIEW OF ORWELL'S “NINETEEN EIGHTY
FOUR”
Título original: 1984: A Personal View of Orwell's
“Nineteen Eighty Four” (TV)
Argumento: Anthony Burgess, segundo romance de George Orwell; Música:
Jon Hiseman; Produção: Peter Tabern (Inglaterra, 1983); Intérpretes: Anthony
Burgess, Winston Churchill, Francisco Franco, Benito Mussolini, etc.
1984
Título original: Nineteen Eighty-Four
Realização: Michael Radford (Inglaterra, 1984); Argumento: Jonathan Gems, Michael
Radford, segundo romance de George Orwell; Música: Dominic Muldowney, Annie
Lennox, David A. Stewart (canção); Fotografia (cor): Roger Deakins; Montagem:
Tom Priestley; Casting: Rebecca Howard; Design de produção: Allan Cameron;
Direcção artística: Martyn Hebert, Grant Hicks; Guarda roupa: Emma Porteus;
Maquilhagem: Anna Dryhurst, Paula Gillespie, Mary Hillman, Stephanie Kaye,
Debbie Scragg; Direcção de produção: Tony Hopkins, Gladys Pearce, Paul Shersby,
Paul Sparrow; Assistentes de realização: Stephen Brown, John Dodds, Dave
Keating, Patrick Kinney, Crispin Reece, Chris Rose; Som: Derek Holding, Gerry
Humphreys, Colin Miller, Bryan Tilling; Efeitos especiais: Ian Scoones, Andrew
Thompson, Chris Verner; Efeitos visuais: Ray Caple; Produção: Al Clark, John
Davis, Robert Devereux, Simon Perry, Marvin J. Rosenblum; Intérpretes: John
Hurt (Winston Smith), Richard Burton (O'Brien), Suzanna Hamilton (Julia), Cyril
Cusack (Charrington), Gregor Fisher (Parsons), James Walker (Syme), Andrew
Wilde (Tillotson), David Trevena, David Cann, Anthony Benson, Peter Frye, Roger
Lloyd-Pack, Rupert Baderman, Corinna Seddon, Martha Parsey, Merelina Kendall,
P.J. Nicholas, Lynne Radford, Shirley Stelfox, Janet Key, Hugh Walters, Robert
Putt, Christine Hargreaves, Garry Cooper, Matthew Scurfield, John Golightly,
Rolf Saxon, Ole Oldendorp, Eddie Stacey, Norman Bacon, John Foss, Carey Wilson,
Mitzi McKenzie, Phyllis Logan, Pam Gems, Joscik Barbarossa, John Boswall, Bob
Flag, John Hughes, Pip Donaghy, etc. Duração: 113 minutos.
PRAZERES LONDRINOS
Título original: Keep the Aspidistra Flying ou A Merry
War ou Comstock and Rosemary
Realização: Robert Bierman (Inglaterra, 1997); Argumento: Alan Plater, Segundo
romance de George Orwell; Música: Mike Batt; Fotografia (cor): Giles Nuttgens;
Montagem: Bill Wright; Casting: Michelle Guish; Design de produção: Sarah
Greenwood; Direcção artística: Philip Robinson; Guarda Roupa: James Keast;
Maquilhagem: Sarah Grispo, Marilyn MacDonald, Di Wickens; Assistentes de
realização: Connie Boylan, Richard Hewitt, Toby Sherborne; Som: Richard Coles,
Paul Conway, Paul Hamblin, Catherine Hodgson, Leslie Hodgson, Patrick Quirke,
André Schmidt, Joanna Tam; Produção: Peter Shaw, Robert Bierman, Sara Giles,
Joyce Herlihy, John Wolstenholme.
Intérpretes: Richard E. Grant (Gordon Comstock), Helena Bonham Carter
(Rosemary), Julian Wadham (Ravelston), Jim Carter (Erskine), Harriet Walter
(Julia Comstock), Lesley Vickerage (Hermione), Barbara Leigh-Hunt (Mrs.
Wisbeach), Liz Smith (Mrs. Meakin), John Clegg (McKechnie), Bill Wallis (Mr.
Cheeseman), Lill Roughley (Mrs. Trilling), Dorothea Alexander (velha), Peter
Stockbridge (velho), Grant Parsons (rapariga), Malcolm Sinclair (Paul Doring),
Derek Smee (leitor), Ben Miles, Richard Dixon, Eve Ferret, Roger Morlidge,
Roland Oliver, Roger Frost, Dorothy Atkinson, Harri Alexander, Lucy Speed, Joan
Blackham, Roy Evans, Maggie McCarthy, Lone Vidahl, Steven Crossley, etc.
Duração: 101 minutos; Distribuição em
Portugal: Filmitalus; Classificação etária: M/ 12 anos.
ANIMAL
FARM
Título
original: Animal Farm (TV)
Realização: John
Stephenson (Inglaterra, EUA, 1999); Argumento: Alan Janes, George Orwell;
Intérpretes (vozes): Kelsey Grammer, Ian Holm, Julia Louis-Dreyfus, Julia
Ormond, Pete Postlethwaite, Paul Scofield, Patrick Stewart, Peter Ustinov, Alan
Stanford, Caroline Gray, Gail Fitzpatrick, Joe Taylor, Jimmy Keogh, Noel
O'Donovan, Gerard Walsh, etc. Duração: 91 minutos.
MICHAEL RADFORD (1946 - )
Nasceu a 24
de Fevereiro de 1946,em Nova Deli, na Índia, filho de pai inglês e de mãe
australiana. Foi educado na Bedford School depois no Worcester College, em
Oxford. Durante alguns anos foi professor, depois inscreveu-se na National Film
and Television School, onde estudou cinema. Começou a trabalhar como
documentarista na BBC, entre 1976 e 1982. Autor de uma curta obra de ficção,
mas extremamente interessante, conheceu alguns sucessos de público e de
crítica, como “1984”, “White Mischief”,
“Another Time, Another Place”, mas sobretudo
com a obra de 1994, “Il Postino”, adaptação do romance “Ardiente
Paciencia”, de Antonio Skármeta. Em 2000, estreia-se como encenador de teatro,
no West End londrino, com “The Seven Year Itch”. Casado com Iseult Teran, e
posteriormente com Emma Tweed.
Filmografia
Como realizador:
1980: Van Morrison in Ireland (documentário); The White Bird Passes (TV); 1982:
The Making of 'The Pirates of Penzance' (documentário); 1983: Another Time,
Another Place; 1984: Nineteen Eighty-Four (1984); 1987: White Mischief (Adeus,
África); 1994: Il Postino (O Carteiro de Pablo Neruda); 1998: B. Monkey; 2000:
Dancing at the Blue Iguana (Iguana Azul); 2002: Ten Minutes Older: The Cello
(episódio "Addicted to the Stars"); 2004: The Merchant of Venice (O
Mercador de Veneza); 2007: Flawless (Estratégia Brilhante); 2011: Michel
Petrucciani (documentário); 2011: Hotel Lux; La Mule; 2014: Elsa & Fred.
JOHN HURT (1940 - )
John
Vincent Hurt nasceu a 22 de Janeiro de 1940, em Chesterfield, Derbyshire,
Inglaterra. Filho de um padre anglicano, Arnold Herbert, e de Phyllis Massey,
engenheira e actriz amadora. Aos oito anos foi para a Anglican St Michael's
Preparatory School em Otford, Kent, onde decidiu ser actor. Integra o
Cleethorpes Repertory Theatre, onde é aconselhado a prosseguir a carreira. Aos 17 anos, Hurt entra na
Grimsby Art School (agora a East Coast School of Art & Design), para
estudar arte. Em 1959, Hurt tem uma bolsa para entrar no Art Teacher's Diploma
(ATD), na Saint Martin's School of Art, em Londres, e finalmente na Royal
Academy of Dramatic Art. A sua primeira actuação no cinema dá-se em “The
Wild and the Willing” (1962), mas o seu primeiro grande papel acontece em “A
Man for All Seasons” (1966). Novos trabalhos, como “The Naked Civil Servant”,
levam-no a ganhar o British Academy Television Award para Melhor Actor. Integra
o elenco da série televisiva “I, Claudius”, e com “Midnight Express”, alcança o
Globo de Ouro e o BAFTA e foi nomeado para o Oscar de Melhor Actor Secundário.
Com “The Elephant Man”, volta a triunfar: conquista um BAFTA e nomeações para o
Oscar e o Globo de Ouro de Melhor Actor. Em 1984, Hurt interpreta a personagem
de Winston Smith na adaptação de Michael Radford do romance de George Orwell,
“Nineteen Eighty-Four”, um dos seus melhores desempenhos no cinema. Em Junho de
2009, Hurt volta à mesma figura na representação teatral de “Big Brother”, na
Paper Zoo Theatre Company. Na 65ª cerimónia da British Academy Film Awards,
Hurt obteve um prémio especial pela sua contribuição para a arte de representar
no cinema. A sua carreira no cinema não pára, em simultâneo com aparições
constantes na televisão.
Casado com
a actriz Annette Robertson (1962-1964). Em 1967 inicia uma relação com a modelo
francesa Marie-Lise Volpeliere-Pierrot, com quem planeava casar ao fim de
quinze anos, o que não se verificou em virtude de uma queda fatal de Marie-Lise
de um cavalo, em 1983. Em 1984, Hurt casa com uma velha amiga, a actriz texana
Donna Peacock, viveram no Quénia e divorciaram-se em 1990. Entre 1990 e 1996
esteve casado com a assistente de produção Joan Dalton, seguindo uma longa
relação com a escritora e apresentadora Sarah Owens. A separação aconteceu em
2002, e Hurt volta a casar pela quarta vez, agora com a produtora de
publicidade Anwen Rees Meyers. Em 2004, Hurt foi feito Comandante da Ordem do
Império Britânico, entre variadas distinções de que foi alvo deste então.
Filmografia
Como actor (somente no
cinema): 1962: The Wild and the
Willing, de Ralph Thomas; 1964: This Is My Street, de Sidney Hayers; 1966: A
Man for All Seasons (Um Homem para a Eternidade), de Fred Zinnemann; 1967: The
Sailor from Gibraltar, de Tony
Richardson; 1969: Sinful Davey (Davey, o Folgazão), de John Huston; 1969:
Before Winter Comes (Antes do Inverno Chegar), de J. Lee Thompson; In Search of
Gregory (Convite ao Pecado), de Peter Wood; 1971: Mr. Forbush and the Penguins
de Arne Sucksdorff, Alfred Viola e Roy Boulting; 10 Rillington Place (Violador
de Rillington), de Richard Fleischer; 1972: The Pied Piper (A Flauta Mágica) de
Jacques Demy; 1974: Little Malcolm, de Stuart Cooper; 1975: The Ghoul (O
Monstro do Pântano), de Freddie Francis; 1976: La Linea del Fiume de Aldo
Scavarda; 1977: Three Dangerous Ladies, episódio “The Island”, de Robert Fuest;
East of Elephant Rock de Don Boyd; Paperback, de David Bailey; The Disappearance (O Homem que
Matou o Passado), de Stuart Cooper; 1978: The Shout (O Uivo), de Jerzy
Skolimowski; Midnight Express (O Expresso da Meia-Noite), de Alan Parker;
Watership Down, de Martin Rosen; J. R. R. Tolkien's The Lord of the Rings (O
Senhor dos Anéis), de Ralph Bakshi; 1979: Alien (Alien - O 8.º Passageiro), de
Ridley Scott; 1980: Elephant Man (O Homem Elefante), de David Lynch; Heaven's
Gate (As Portas do Céu), de Michael Cimino; 1981: History of the World: Part I
(Uma Louca História do Mundo), de Mel Brooks; 1982: Night Crossing, de Delbert
Mann; Partners (Sócios), de James Burrows; The Plague Dogs, de Martin Rosen;
1983: The Osterman Weekend (O Fim-de-Semana de Osterman), de Sam Peckinpah;
1984: Champions (Os Campeões), de John Irvin; Success Is the Best Revenge, de
Jerzy Skolimowski; The Hit (Refém de Boa Vontade) de Stephen Frears; 1984
(1984), de Michael Radford; 1985: After Darkness, de Sergio Guerraz e Dominique
Othenin-Girard; The Black Cauldron (Taran e o Caldeirão Mágico), de Ted Berman
e Richard Rich; 1986: Jake Speed (Jacke Speed, o Vingador), de Andrew Lane;
1987: Rocinante, de Ann Guedes e Eduardo Guedes; 1987: White Mischief (Adeus,
África) de Michael Radford; The Hunting of the Snark, de Mike Batt (narrador); Vincent, de Paul Cox
(voz); From the Hip de Bob Clark; Aria (Aria), episódio “I pagliacci”, de Bill
Bryden; Spaceballs (A Mais Louca Odisseia no Espaço) de Mel Brooks; 1988: La
Nuit Bengali, de Nicolas Klotz; 1989: Little Sweetheart (Criança Adorável), de
Anthony Simmons; Scandal (Escândalo), de Michael Caton-Jones; 1990:
Romeo.Juliet, de Armondo Linus Acosta; 1990: Windprints, de David Wicht; The
Field (The Field - Esta Terra é Minha), de Jim Sheridan; Frankenstein Unbound
(Frankenstein Revisitado), de Roger Corman; 1991: I Dreamt I Woke Up, de John
Boorman; I Dreamt I Woke Up (curta-metragem); King Ralph (King Ralph - O
Primeiro Rei Americano), de David S. Ward; 1992: Lapse of Memory, de Patrick
Dewolf; L'Œil qui Ment, de Raoul Ruiz; 1993: Kölcsönkapott idö, de István Poór;
Monolithe (Presas e Predadores), de John Eyres; Even Cowgirls Get the Blues
(Até as Vaqueiras Ficam Tristes), de Gus Van Sant; 1994: Thumbelina (A
Polegarzinha), de Don Bluth; Second Best (Duas Vidas, Um Destino), de Chris
Menges; Rabbit Ears: Aladdin and the Magic Lamp (vídeo); 1995: Two Nudes
Bathing, de John Boorman (curta-metragem); Saigon Baby, de David Attwood; Rob
Roy (Rob Roy), de Michael Caton-Jones; Dead Man (Homem Morto), de Jim Jarmusch;
Wild Bill (Wild Bill), de Walter Hill; 1997: Love and Death on Long Island, de
Richard Kwietniowski; Contact (Contacto), de Robert Zemeckis; Brute, de Maciej
Dejczer; My Funny Valentine (curta-metragem); Tender Loving Care (vídeo); 1998:
The Commissioner, de George Sluizer; The Climb, de Bob Swaim; Night Train, de
John Lynch; All the Little Animals (Todos São Animais), de Jeremy Thomas; 1999:
New Blood (Sangue Novo), de Michael Hurst; Le Château des Singes, de
Jean-François Laguionie; If... Dog... Rabbit..., de Matthew Modine; You're
Dead..., de Andy Hurst; 2000: The Tigger Movie (As Aventuras do Tigre), de Jun
Falkenstein; Lost Souls (Possuídos), de Janusz Kamiński; 2001: Tabloid, de
David Blair; Captain Corelli's Mandolin (O Capitão Corelli), de John Madden;
Harry Potter and the Philosopher's Stone (Harry Potter e a Pedra Filosofal), de
Chris Columbus; 2002: Miranda (Mistérios de Uma Mulher), de Marc Munden; Crime
and Punishment, de Menahem Golan; 2003: Mister Cash ou Owning Mahowny (A Queda
de um Jogador), de Richard Kwietniowski; Meeting Che Guevara and the Man from
Maybury Hill, de Anthony Byrne (curta-metragem); Dogville (Dogville), de Lars
von Trier; 2004: Hellboy (Hellboy), de Guillermo del Toro; 2005: Short Order,
de Anthony Byrne; 2005: Valiant (Valiant - Os Bravos do Pombal), de Gary
Chapman; The Proposition (Escolha Mortal), de John Hillcoat; Shooting Dogs
(Shooting Dogs - Testemunhos de Sangue), de Michael Caton-Jones; Manderlay
(Manderlay), de Lars von Trier; The Skeleton Key (A Chave), de Iain Softley;
2006: V for Vendetta (V de Vingança), de James McTeigue; Perfume: The Story of
a Murderer (O Perfume - História de um Assassino), de Tom Tykwer; 2007: Boxes,
de Jane Birkin; 2008: The Oxford Murders (Os Crimes de Oxford), de Álex de la
Iglesia; Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull (Indiana Jones e o
Reino da Caveira de Cristal) de Steven Spielberg; Outlande (Outlander - A
Vingança), de Howard McCain; Hellboy II: The Golden Army (Hellboy II - O
Exército Dourado), de Guillermo del Toro; Lezione 21, de Alessandro Baricco;
2009: New York, I Love You (episódio "Shekhar Kapur"); An Englishman
in New York, de Richard Laxton; The Limits of Control (Os Limites do Controlo),
de Jim Jarmusch; 44 Inch Chest (Rapto Perigoso), de Malcom Venville; 2010: Lou,
de Belinda Chayko; Sammy's avonturen: De geheime doorgang (As Aventuras de
Sammy - A Passagem Secreta 3D), de Ben
Stassen; Brighton Rock (Crime e Pecado), de Rowan Joffé; Harry Potter and the
Deathly Hallows: Part 1 (Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 1), de
David Yates; Love at First Sight, de Michael Davies (curta-metragem);
Ultramarines: A Warhammer 40,000 Movie, de Martyn Pick; 2011: Regret Not
Speaking, de Richard Kwietniowski; Melancholia (Melancolia), de Lars von Trier;
Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2 (Harry Potter e os Talismãs da
Morte: Parte 2), de David Yates; Les Immortels (Imortais), de Tarsem Singh; 23
Degrees, 5 Minutes (curta-metragem); In Love with Alma Cogan, de Tony Britten; Sailcloth (curta-metragem); The
Confession, de Brad Mirman;2012: Tinker, Tailor, Soldier, Spy (A Toupeira), de
Tomas Alfredson; Sightseers (Assassinos de Férias), de Ben Wheatley; Jayne Mansfield's Car (Uma
Família de Estranhos), de Billy Bob Thornton; Snowpiercer, de Bong Joon-ho; The
Necessary Death of Charlie Countryman (Uma Morte Necessária), de Fredrik Bond
(narrador); Only Lovers Left Alive (Só os Amantes Sobrevivem), de Jim Jarmusch;
King Lear: Scene 133 (curta-metragem); Look Again (curta-metragem); Benjamin
Britten: Peace and Conflict, de Tony Britten (narrador); 2014: Hercules, de
Brett Ratner; The Man Who Killed Don Quixote, de Terry Gilliam; Stabat Mater,
de Tova Asher.
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