segunda-feira, 2 de junho de 2014

SESSÃO 23: 25 DE JUNHO DE 2014

LAWRENCE DA ARÁBIA (1962)


1.A superprodução existiu quase desde sempre no cinema. Basta recordar os filmes históricos italianos ainda na época do mudo, como “Cabíria”, ou “Os Últimos Dias de Pompeia”, ou os épicos de Griffith, “O Nascimento de Uma Nação” e “Intolerância”, igualmente mudos. Sempre se pretendeu realizar o espectáculo “único” que despertasse o interesse de um cada vez mais vasto público.
Mas nos anos 50 e 60 do século passado, a explosão da superprodução teve ainda uma outra causa bem visível. A expansão da televisão, disseminando-se por todos os lares da América e do mundo, acarretou uma forte concorrência para as salas de cinema. Os produtores responderam com filmes que não se podiam ver da mesma forma no pequeno ecrã ou numa majestosa sala equipada com Cinemascope, Cinerama, TODD-AO, VistaVision ou 70 milímetros. Surgiram assim dezenas e dezenas de superproduções que marcaram esse período. Curiosamente a grande maioria foi entregue a mestres do cinema que quase sempre provocaram problemas com os produtores. Os primeiros a tentarem criar obras pessoais com meios astronómicos, os segundos a procuram salvaguardar o capital empatado e a rentabilizá-lo o melhor possível. Em quase todos os casos, as obras finais, apesar dos protestos dos realizadores que se sentiam lesados na sua integridade, foram de grande qualidade cinematográfica e de generosos proveitos. “Spartacus”, “A Queda do Império Romano”, “El Cid”, “Os 55 Dias de Pequim”, “A Ponte do Rio Kway”, “O Gigante”, “Cleópatra”, “Os Dez Mandamentos”, “Ben Hur, “A Conquista do Oeste”, e alguns mais, mostram bem as qualidades de cineastas como Stanley Kubrick, Anthony Mann, Nicholas Ray, Cecil B. De Mille, David Lean, John Ford, William Wyller, George Stevens, Joseph L. Mankiewicz, apesar de muitos deles se terem manifestado insatisfeitos com as montagens definitivas, muitas delas surgidas depois em “director’s cut”, quando editadas em DVD, ou mesmo em reposições em salas de cinema.


Entre todas estas superproduções que deixaram boas recordações e que pouco tem a ver com os blockbusters de agora, uma existe que se impõe sobre todas as outras: “Lawrence da Arábia”.
2. O inglês David Lean é um autor da minha particular estima, sendo que, ainda por cima, o julgo injustamente avaliado e, nalguns casos, mesmo esquecido. Mas David Lean é um verdadeiro autor, com temática própria e um estilo muito definido, ainda que se possam considerar na sua filmografia, que engloba 19 títulos como realizador, dois períodos bem vincados. Um, mais intimista e discreto, muito embora alguns dos seus títulos tenham por cenário a Inglaterra vitoriana ou os palcos da guerra, e que vai desde o início da década da 40, como “Sangue, Suor e Lágrimas” (1942), “Esta Nobre Raça” (1944), “Uma Mulher do Outro Mundo” e “Breve Encontro” (ambos de 1945), passando pelas duas magnificas adaptações de obras de Charles Dickens, “Grandes Esperanças” (1946) e “As Aventuras de Oliver Twist” (1948), até chegar a “Mais Forte que o Amor” (1949), “Culpada ou Inocente?” (1950), “A Barreira Sonora” (1952) ou “As Filhas do Sr. Hobson” (1954). É um período puramente britânico, que encerra algumas obras admiráveis de sensibilidade e pudor, de elegância e contensão emocional. Com “Loucura em Veneza” (1955) David Lean deixa os cenários ingleses, passa a Veneza, e trabalha com Katharine Hepburn e Rossano Brazzi, actores de outras nacionalidades. Este é o filme que marca a transição para o seu período internacional, o mais conhecido, que encerra cinco superproduções de uma qualidade invulgar: “A Ponte do Rio Kwai” (1957) “Lawrence da Arábia” (1962) “Doutor Jivago” (1965) “A Filha de Ryan” (1970) e “Passagem Para a Índia” (1984), seu derradeiro título.
David Lean, que nascera em Croydon, Surrey, em Inglaterra, a 25 de Março de 1908, iria falecer em Londres, a 16 de Abril de 1991. Tinha 83 anos de idade e andava a projectar a realização de "Nostromo", segundo romance de Joseph Conrad.

David Lean deixou impresso na história do cinema mundial um conjunto de obras admiráveis. Para mim, “Breve Encontro” e “Lawrence da Arábia” são duas obras-primas indiscutíveis. Mas algumas mais se aproximam.
3.Thomas Edward Lawrence, inglês por nascimento, era oficial do exército, poeta, erudito e excêntrico, exibicionista e muito mais, que se tornou árabe por opção. Escreveu “O Sete Pilares da Sabedoria”, correspondia-se com Virginia Woolf, Bernard Shaw, Thomas Hardy, E.M. Forster, Robert Graves, Noel Coward, entre outros, e era amigo de Winston Churchil, em casa de quem aparecia, para jantar, vestido de árabe, para grande gáudio dos filhos deste. Dizem.
O filme, que tem argumento escrito por Robert Bolt, historiador, escritor e dramaturgo, e Michael Wilson, um dos argumentistas norte-americanos colocados na lista negra do macarthismo, parece não respeitar integralmente os acontecimentos históricos que aborda, mas oferece seguramente uma abordagem muito interessante de um período histórico conturbado. Estamos em plena I Guerra Mundial e, no Próximo Oriente, entre o Cairo, a Arábia e a Turquia, o clima é duplamente tórrido. Os árabes estão divididos entre si, com tribos rivais que se guerreiam e são dominadas pelos turcos, que por sua vez são aliados dos alemães e inimigos dos ingleses no conflito mundial.  
O filme inicia-se com o acidente de motorizada que, em 1935, vitima Lawrence, em Inglaterra, passa pelo seu funeral com honras nacionais e, através do testemunho contraditório de algumas personalidades que se cruzaram com ele, desdobra-se num flash back para o seu período passado entre os árabes. Encontramo-lo no Cairo, aborrecido com a sua vida sem agitação, ele que gosta de se pôr continuamente à prova. Consegue ser enviado como observador até junto do Príncipe Feisal, consegue congregar os esforços de tribos desavindas, e lança-as ao ataque do porto de Aqaba, dominado pelos turcos.
Os problemas decorrentes das lutas anti colonialistas são depois o cerne da obra, com Lawrence com uma visão moderna, levando os árabes a pensarem numa independência, enquanto os ingleses intimamente têm outros projectos para aquele espaço estratégico. 


O que surpreende nesta obra, em primeiro lugar, é a aparente contradição entre a estrutura de superprodução e a sua concretização, tanto a nível do argumento, extremamente rico de implicações e nuances emocionais, sexuais, sociais, políticas, militares, como no plano estilístico. Não é muito vulgar uma superprodução internacional possibilitar uma tal maturidade de questões que, muito embora incorra numa ou noutra imprecisão histórica ou nalgumas liberdades ficcionais para dar algum dramatismo ao enredo, debate temas graves e de difícil apreensão pelas plateias habituadas ao facilitismo. Na verdade não é só no plano estritamente político que o filme aborda questões essenciais. Aflora de maneira púdica e discreta o tema da violência sexual e da homossexualidade, nada vulgar em inícios da década de 60.
Mas, para lá desses aspectos que se prendem com a ficção, “Lawrence da Árabia” impõe-se ainda pelo olhar do cineasta, pelo estilo de narrativa escolhido, pela forma como a paisagem adquire um papel preponderante em todo o desenrolar da narrativa. Claro que existem sequências movimentadas e momentos de alguma intensidade bélica, mas no essencial “Lawrence da Arábia” é um filme contemplativo, onde várias personagens se confrontam e defrontam, sendo que as principais serão Lawrence e as areias do deserto. A câmara de David Lean, tal como Lawrence, deixa-se fascinar pela imensidão desse deserto infinito, pela incandescência da areia, pelas nuvens de poeira fustigadas pelo vento, e tudo isso faz desta obra um poema que tem sobrevivido aos anos e às gerações. Não será por acaso que entre todas as listas dos melhores filmes de sempre este ocupa um destacado lugar, sendo mesmo o primeiro nas preferências das melhores superproduções de sempre.
Este é ainda o trampolim decisivo para a carreira de Peter O´Toole, com uma composição brilhante, de uma discreta cintilação, que o tornará num dos maiores actores ingleses de sempre. Igualmente a esplendorosa fotografia de Freddie Young e a inspirada partitura de Maurice Jarre, compositor habitual das bandas sonoras de David Lean, ajudam ao sucesso. Um filme belíssimo. 

                                               o verdadeiro Lawrence 
LAWRENCE DA ARÁBIA
Título original: Lawrence of Arabia
Realização: David Lean (Inglaterra, 1962); Argumento: Robert Bolt, Michael Wilson (inicialmente não creditado, o que só aconteceu a partir de 1978, na cópia restaurada), segundo escritos de T.E. Lawrence; Produção: Sam Spiegel, David Lean;  Música: Maurice Jarre; Fotografia (cor): Freddie Young; Montagem: Anne V. Coates; Casting: Maude Spector; Design de produção: John Box; Direcção artística: John Stoll, Anthony Masters; Decoração:  Dario Simoni; Guarda-roupa:  Phyllis Dalton; Maquilhagem: Charles E. Parker, A.G. Scott;  Direcção de Produção: John Palmer, R.L.M. Davidson, Tadeo Villalba; Assistentes de realização: Noël Howard, André Smagghe, Roy Stevens, Bryan Coates, André De Toth (segunda unidade), Benchekroun Larbi, Michael Stevenson, David Tringham; Departamento de arte: Peter Dukelow, Eddie Fowlie;  Som: John Cox, Paddy Cunningham, Winston Ryder; Efeitos especiais: Cliff Richardson, Wally Veevers; Agradecimentos especiais (restauro de cópia 1989): Jon Davison, David Lean, Martin Scorsese, Steven Spielberg; Companhias de produção: Horizon Pictures; Intérpretes: Peter O'Toole (T.E. Lawrence), Alec Guinness (Príncipe Feisal), Anthony Quinn (Auda Abu Tayi), Jack Hawkins (General Allenby), Omar Sharif (Sherif Ali), José Ferrer (Turkish Bey), Anthony Quayle (Coronel Brighton), Claude Rains (Mr. Dryden), Arthur Kennedy (Jackson Bentley), Donald Wolfit (General Murray), I.S. Johar (Gasim), Gamil Ratib (Majid), Michel Ray (Farraj), John Dimech, Zia Mohyeddin, Howard Marion-Crawford, Jack Gwillim, Hugh Miller, Robert Rietty, John Barry, Bruce Beeby, Fred Bennett, John Bennett, Steve Birtles, Robert Bolt (oficial de cachimbo), Peter Burton, J.R.M. Chapman, Tim Clutterbuck, Barbara Cole, John Crewdson, Basil Dignam, Peter Dukelow, Mohamed El Habachi, Kenneth Fortescue, Harry Fowler, Jack Hedley, Rafael Hernández, Bert Holliday, Noel Howlett, Cher Kaoiu, Patrick Kavanagh, David Lean (motociclista no Canal de Suez), Ian MacNaughton, Clive Morton, Daniel Moynihan, Henry Oscar, George Plimpton, Bryan Pringle, Kamal Rashid, John Robinson, Norman Rossington, John Ruddock, Fernando Sancho, Stuart Saunders, Cyril Shaps, Roy Stevens, Barry Warren, etc. Duração: 216 ou: 228 minutos (Director’s cut); Distribuição em Portugal: Columbia TriStar Home Video; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 28 de Novembro de 1963.

PETER O'TOOLE 
(1932-2014)
Peter Seamus O’Toole nasceu em Connemara, Irlanda, a 2 de Agosto de 1932, e viria a falecer em Londres, a 14 de Dezembro de 2013. Filho de Jane Constance, enfermeira escocesa, e Patrick Joseph O'Toole, irlandês. Foi criado numa escola católica, o que deixou marcas na sua personalidade. Disse: “Costumava ter medo das freiras. A negação da feminilidade, os vestidos pretos e o cabelo rapado, tudo isso era horrível, terrível.” Ao sair da escola trabalhou como jornalista e fotógrafo, tendo conseguido depois, em 1952, uma bolsa de estudos na Royal Academy of Dramatic Art (RADA), onde foi colega de Albert Finney, Alan Bates ou Brian Bedford. Estreou-se no teatro, antes de aparecer na televisão em 1954. No cinema surge em 1959, num pequeno papel. É com o desempenho de T. E. Lawrence no filme de David Lean “Lawrence da Arábia” de 1962, que ganha projecção mundial. Recebeu a primeira das oito nomeações para o Oscar de Melhor Actor, que só ganhou em 2003, pela globalidade do seu trabalho (um Oscar honorário). Foi realizador de cinema em “The Stunt Man” (1980) e, em 1982, foi novamente nomeado na comédia “My Favorite Year”. Com “Man of La Mancha”(1972), adaptação do musical da Broadway de 1965, obteve um estrondoso sucesso.  Ganhou um Emmy pela sua contribuição na mini-série de 1999 “Joan of Arc”. Voltou a ser nomeado para Oscar de Melhor Actor em 2006, em “Venus”.
Em 1959, casou-se com a actriz Siân Phillips, de quem teve duas filhas, Kate (1960) e Patricia (1963). Peter e Siân divorciaram-se em 1979, com revelações de crueldade mental, em grande parte alimentada por alcoolismo, do actor. Mais tarde, envolveu-se com a modelo Karen Brown, de que nasceu um filho, Lorcan (1983). Em 1976 foi operado ao pâncreas e ao estômago em virtude dos seus excessos. Peter O'Toole faleceu aos 81 anos, em Londres, num domingo, 15 de Dezembro de 2013.

Filmografia
Como actor: 1956: A Tale of Two Pigtails; The Scarlet Pimpernel (TV Series); 1958: The Castiglioni Brothers (TV); 1959: The Long and the Short and the Tall (TV); 1959-1961:  Rendezvous (TV) - London-New York, Once a Horseplayer, End of a Good Man; 1960: Kidnapped (Raptados), de Robert Stevenson; The Savage Innocents (Sombras Brancas), de Nicholas Ray; The Day They Robbed the Bank of England (O Roubo do Banco de Inglaterra), de John Guillermin; 1962: Lawrence of Arabia (Lawrence da Arábia), de David Lean; 1964: Becket (Becket), de Peter Glenville; 1965: Lord Jim (Lord Jim), de Richard Brooks; What's New, Pussycat ? (Que há de Novo, Gatinha?), de Clive Donner; The Sandpiper (Adeus Ilusões), de Vincente Minnelli (voz); 1966: How To Steal A Million ? (Como Roubar Um Milhão), de William Wyler; 1966: The Bible: In the Beginning... (A Biblia), de John Huston; 1967: Casino Royale (Casino Royale), de John Huston; The Night of the Generals (A Noite dos Generais), de Anatole Litvak; ITV Play of the Week (TV); 1968: Great Catherine (Catarina, Imperatriz da Rússia), de Gordon Flemyng; The Lion in Winter (O Leão no Inverno), de Anthony Harvey; 1969: Goodbye, Mr. Chips (Adeus, Mr. Chips), de Herbert Ross; 1970: Country Dance, de J. Lee Thompson; 1971: Murphy's War (Duelo à Beira do Rio), de Peter Yates; Brotherly Love ou The Same Skin (Jogo na Escuridão), de Peter Yates; 1972: The Ruling Class (A Classe Dominante), de Peter Medak; 1972: Man of La Mancha (O Homem da Mancha), de Arthur Hiller; Under Milk Wood, de Andrew Sinclair; 1975: Fox Trot (Fox Trot), de Arturo Ripstein; Rosebud (O Caso Rosebud), de Otto Preminger; Man Friday (O Meu Criado Sexta-Feira) de Jack Gold; 1976: Rogue Male (TV); 1978: Power Play (Golpe de Estado), de Martyn Burke; 1979: Zulu Dawn (Alvorada Zulu), de Douglas Hickox; Caligula (Calígula), de Tinto Brass; 1980: The Stunt Man (O Fugitivo), de Richard Rush; 1980: Strumpet City (TV); 1981: Masada, de Boris Sagal; 1982: My Favorite Year (Meu Ano Favorito), de Richard Benjamin; Svengali (TV); Man and Superman (TV); 1983: Sherlock Holmes and the Valley of Fear, Sherlock Holmes and a Study in Scarlet, Sherlock Holmes and the Sign of Four, Sherlock Holmes and the Baskerville Curse (todos TV); The Ray Bradbury Theater (TV); Pygmalion (TV); 1984: Supergirl (Supergirl), de Jeannot Szwarc; Kim (TV); 1985: Creator (Louca por Si, Professor), de Ivan Passer; 1986: Club Paradise (Clube Paraíso), de Harold Ramis; 1987: The Last Emperor (O Último Imperador), de Bernardo Bertolucci; 1988: High Spirits (Malucos e Libertinos), de Neil Jordan; 1989: The Dark Angel (TV); 1989: In una Notte di Chiaro di Luna (Morte Silenciosa), de Lina Wertmüller; 1990: Wings of Fame, de Otakar Votocek; The Rainbow Thief de Alejandro Jodorowsky; The Nutcracker (O Príncipe Quebra-Nozes), de Paul Schibli (voz); Crossing to Freedom (TV); 1991: Isabelle Eberhardt, de Ian Pringle; King Ralph (King Ralph - O Primeiro Rei Americano), de David S. Ward; 1992: The Seventh Coin (A Sétima Moeda), de Dror Soref; Civvies (TV); Rebecca's Daughters, de Karl Francis; 1994: Heaven & Hell: North & South, Book III (TV); 1995: Heavy Weather (TV); 1996: Les Voyages de Gulliver (As Viagens de Gulliver), de Charles Sturridge (TV); 1997: FairyTale: A True Story, de Charles Sturridge; 1998: Phantoms (Fantasmas), de Joe Chappelle; Coming Home, de Giles Foster (TV); 1999: Joana d'Arc - A Donzela da Lorena (TV), de Christian Duguay; Jeffrey Bernard Is Unwell (TV); 1999: The Manor, de Ken Berris; Molokai: The Story of Father Damien, de Paul Cox; 2002: Global Heresy, de Sidney J. Furie; The Final Curtain, de Patrick Harkins (TV); The Education of Max Bickford (TV); 2003: Hitler: the Rise of Evil, de Christian Duguay (TV); Bright Young Things (Sexo, Escândalos e Celebridade), de Stephen Fry; Imperium: Augustus (TV); 2004: Troy (Tróia), de Wolfgang Petersen; 2005: Lassie de Charles Sturridge; 2005: Casanova, de Russell T. Davies (TV); 2006: One Night with the King (Uma Noite com o Rei), de Michael O. Sajbel; 2007: Venus (Venus), de Roger Michell; Ratatouille (Ratatui), de Brad Bird (voz); Stardust (Stardust - O Mistério da Estrela Cadente), de Matthew Vaughn; 2008: Dean Spanley, de Toa Fraser; 2008: Thomas Kinkade's The Christmas Cottage,  de Michael Campus; 2008: The Tudors (TV); 2009: Iron Road (TV); 2010: Eager to Die, de Michael Mandell; 2011: For Greater Glory: The True Story of Cristiada, de Dean Wright; 2011: Eldorado (narrador); 2012: Cristeros, de Dean Wright; 2013: Katherine of Alexandria, de Michael Redwood; 2014: The Whole World at Our Feet, de  Salamat Mukhammed-Ali.

Como realizador: 1999: Jeffrey Bernard Is Unwell (TV). 

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