sábado, 26 de abril de 2014

SESSÃO 17: 27 DE MAIO DE 2014


COM JEITO VAI MESTRE (1959)

A série de comédias inglesas “Com Jeito Vai…” foi uma das de maior sucesso popular em Inglaterra e em todo o mundo. Produziram-se 31 filmes entre 1958 e 1992, mas 30 delas até 1979. Eram comédias com um tema central para cada uma delas, organizando-se como uma sucessão de sketches, parodiando o assunto, muitas vezes outros filmes de grande sucesso (Cleópatra, westerns, filmes de terror, 007, Emmannuelle, etc.) ou então certas instituições, como a escola, o hospital, o exército, a marinha, o campismo, os cruzeiros, etc.
São comédias populares, sem grandes subtilezas, vivendo de trocadilhos linguísticos e de situações dúbias. São brejeiras, qb, sem entrarem na ordinarice, por vezes com um humor ingénuo, aos nossos olhos de hoje, mas que não só fizeram um tempo, como hoje são vistas como objectos de culto por plateias de várias idades e extractos sociais. Na época foram atacadas por serem uma forma de fuga à realidade (veja-se o ataque que lhes moveram os “angry young men” e o “free cinema”), o que se compreende.


“Com Jeito Vai, Mestre”, terceiro título da série, e um dos mais divertidos destes primeiros anos, passa-se quase todo no interior de uma escola (a Maudlin Street Secondary Modern School), onde acontece uma inspecção que irá analisar o desempenho da instituição, tanto da parte de professores como dos alunos. Há duas concepções pedagógicas que se confrontam, o rigor autoritário de um lado e a “compreensão” laxista para o comportamento dos alunos. Em causa está a continuação ou não de um director de escola (o “headmaster”), consoante os inspectores aprovem ou não o desempenho da escola. Se aprovarem, o director pode ganhar um novo posto, numa nova escola, deixando aquela onde se encontra há vinte anos. Mas alguns alunos resolvem intrometer-se na avaliação, causando os maiores embaraços aos professores. As aulas de música ou de química tornam-se verdadeiros pesadelos para quem as ministra, enquanto um inspector se perde de amores por uma professora de educação física e outra se deixa seduzir (ou seduz) um desastrado mestre.
Os gags tem graça e não ofendem, e a série é hoje em dia uma curiosidade com muitos fans nos clubes de vídeo onde pululam os DVDs desta pandilha que funcionou com um agradável espírito de grupo. Na verdade os actores iam rodando de filme em filme, mantendo-se um núcleo fixo. Em “Com Jeito Vai, Mestre” encontramos alguns deles, como Kenneth Connor, Charles Hawtrey, Leslie Phillips, Joan Sims, Kenneth Williams, Hattie Jacques, Rosalind Knight, enquanto outros, como Sid James, Peter Butterworth, Terry Scott, Bernard Bresslaw, Barbara Windsor, Jack Douglas ou Jim Dale os vamos encontrar noutras aventuras do mesmo jeito.
Depois de “Carry On Sergeant” e “Carry On Nurse”', este “Carry on Teacher”, como sempre produzido por Peter Rogers e realizado por Gerald Thomas (uma dupla que concedeu os trinta e um títulos da série, o que é obra!), prolonga de certa forma um certo tipo de humor tradicional inglês que vem do music hall e dos entertainers.
Curiosidade: anos mais tarde, Morrissey homenageia o filme com uma canção que cita a escola do filme: "Late Night, Maudlin Street".


COM JEITO VAI MESTRE
Título original: Carry on Professor
Realização: Gerald Thomas (Inglaterra, 1959); Argumento: Norman Hudis; Produção: Peter Rogers; Música: Bruce Montgomery; Fotografia (p/b): Reginald H. Wyer; Montagem: John Shirley; Casting: Betty White; Direcção artística: Lionel Couch; Maquilhagem: Olga Angelinetta, George Blackler; Guarda-roupa: Laurel Staffell; Direcção de Produção:  Frank Bevis; Assistentes de realização: Bert Batt, Ian Goddard, David Tringham; Departamento de arte: Terence Morgan; Som: Robert T. MacPhee, Gordon K. McCallum, Les Wiggins, Cyril Crowhurst; Peter Rogers Productions, Beaconsfield Productions; Intérpretes: Kenneth Connor (Gregory Adams), Charles Hawtrey (Michael Bean), Leslie Phillips (Alistair Grigg), Joan Sims (Sarah Allcock), Kenneth Williams (Edwin Milton), Hattie Jacques (Grace Short), Rosalind Knight (Felicity Wheeler), Cyril Chamberlain (Alf Hudson), Ted Ray (William 'Wakie' Wakefieldo), Richard O'Sullivan (Robin Stevens), George Howell (Billy Haig), Diana Beevers (Penelope 'Penny' Lee), Jacqueline Lewis (Pat Gordon), Roy Hines (Harry Bird), Carol White (Sheila Dale), Jane White (Irene Ambrose), Paul Cole (John Atkins), Larry Dann, Francesca Annis, Josephine Bailey, David Barry, Sandra Bryant, Jeremy Bulloch, Peter Cleall, Terry Cooke, Leonard Davey, Jane Evans, Daphne Foreman, Irene French, Vicky Harrington, Lorna Henderson, Diane Langton, David Tilley, etc. Duração: 86 minutos; Distribuição em Portugal: LNK; Classificação etária: M/ 12 anos; Data de estreia em Portugal: 23 de Dezembro de 1960.

CARRY ON  - A SÉRIE
A série “Carry On” (“Com Jeito Vai…” na sua tradução portuguesa) é um conjunto de comédias inglesas que se iniciaram em 1958 e que se prolongou até 1992, inicialmente distribuídos pela   Anglo-Amalgamated (1958 – 1966), pela Rank Organisation (1967 – 1978), todas elas rodadas nos Pinewood Studios. Consta de 31 títulos para cinema, três especiais de Natal, e uma outra série de televisão, com  treze episódios, além de três espectáculos teatrais que estrearam no West End de Londres e fizeram tournées pela província.
Peter Rogers e Gerald Thomas foram respectivamente o produtor e o realizador, sendo que por duas vezes ambos assinaram conjuntamente a direcção. Empregavam um conjunto de actores mais ou menos constante que circulavam pelas diversas obras, consoante as necessidades do projecto. Os nomes mais assíduos foram os de Sid James, Kenneth Williams, Charles Hawtrey, Joan Sims, Kenneth Connor, Peter Butterworth, Hattie Jacques, Terry Scott, Bernard Bresslaw, Barbara Windsor, Jack Douglas e Jim Dale. Entre 1958 e 1992, surgiram sete argumentistas, entre os quais Norman Hudis (1958–62) e Talbot Rothwell (1963–74). As partituras musicais tiveram três compositores principais: Bruce Montgomery (1958–62), Eric Rogers (1963–75, 1977–78) e Max Harris (1976: Carry On England).
É até hoje a segunda série de filmes ingleses com maior duração, só ultrapassada pelo James Bond, 007.  Existiu um longo hiato entre 1978 e 1992.
Foi uma série muito popular, não só Inglaterra, como um pouco por todo o lado. Em Portugal estrearam-se quase todas no Cinema São Jorge, em épocas apropriadas, Carnaval ou Natal. 
Filmografia: 1958: Carry On Sergeant (Com Jeito Vai, Sargento), de  Gerald Thomas; 1959: Carry On Nurse, de  Gerald Thomas; Carry On Teacher (Com Jeito Vai, Mestre), de  Gerald Thomas; 1960: Carry On Constable (Com Jeito Vai, Sr. Guarda), de  Gerald Thomas; Carry On Regardless, de Gerald Thomas, Ralph Thomas; 1962: Carry On Cruising, de  Gerald Thomas,Ralph Thomas; 1963: Carry On Cabby, de Gerald Thomas; Carry On Jack, ou Carry On Venus, de Gerald Thomas; 1964: Carry On Spying, de  Gerald Thomas; Carry On Cleo (Com Jeito Vai... Cleópatra), de  Gerald Thomas; 1965: Carry On Cowboy, de  Gerald Thomas; 1966: Carry On Screaming! (Com Jeito Vai... Gritando), de  Gerald Thomas; Carry On – Don't Lose your Head, de  Gerald Thomas; 1967: Carry On – Follow that Camel, de  Gerald Thomas; Carry On Doctor (Doutor, Vamos a Isto), de  Gerald Thomas; 1968: Carry On up the Khyber (Saias Acima), de  Gerald Thomas; 1969: Carry On Camping (Com Jeito Vai... Campista), de  Gerald Thomas; Carry On Again Doctor (Doutor... Agora É Que São Elas), de  Gerald Thomas; 1970: Carry On Up the Jungle ( Agência de Vigarices), de  Gerald Thomas; Carry On Loving, de  Gerald Thomas; Carry On Henry (A Sétima Mulher de Henrique VIII), de  Gerald Thomas; 1971: Carry On At your Convenience (Os Revoltados do Cano), de  Gerald Thomas; 1972: Carry On Matron (Até à... Maternidade!), de  Gerald Thomas; Carry On Abroad (Com Jeito Vai... na Pândega!), de  Gerald Thomas; 1973: Carry On Girls (Simplesmente... 'Garotas'), de  Gerald Thomas; 1974: Carry On Dick (Com Jeito Vai... de Bacamarte à Solta), de Gerald Thomas; 1975: Carry On Behind (Com Jeito Vai... na Farra), de  Gerald Thomas; 1976: Carry On England (Com Jeito Vai... Inglaterra), de  Gerald Thomas; 1978: Carry On Emmannuelle (Com Jeito Vai Emmannuelle), de  Gerald Thomas; 1979: That's Carry On (Com Jeito Vai... Pessoal), de  Gerald Thomas; 1992: Carry On Columbus (Com Jeito Vai... Colombo), de  Gerald Thomas; em televisão: 1998: Carry on Snogging (TV), 2001: Can We Carry On, Girls? (TV), 2011: Greatest Ever Carry On Films (TV).
Em 1969, o canal de televisão ITV apresentou um “Christmas Special”,  "Carry On Christmas", produzido pela Thames Television, que foi visto por mais de oito milhões de tele espectadores. Dois outros “Especiais de Natal” foram lançados em 1972 e 1973. Em 1975 surgiu a primeira série de seis episódios para televisão, a que se seguiu uma segunda série de sete episódios, todos de meia hora. 
A escritora Penelope Gilliatt escreveu sobre uma serie:.. "A carga habitual de fazer contra o Carry On filmes é dizer que eles poderiam ser muito melhor feito Isso é verdade suficiente Olham terrível, eles parecem ser editado com um cortador de toucinho , os efeitos são superficiais e os empurrões de ritmo ao longo de quadrinhos como um gato em uma manhã fria Mas se todas essas coisas eram mais elegante que eu realmente não acho que os filmes seriam mais agradável:.. a maldade faz parte da funniness "
Na imagem, que serviu de capa a um DVD, em 2003, apresentam-se as caricaturas de alguns dos principais actores da série (da esquerda para a direita): Bernard Bresslaw, Kenneth Williams, Joan Sims, Sid James, Hattie Jacques, Jim Dale, Barbara Windsor e Charles Hawtrey.
Uma outra série de comédias desta época, iniciada com "Doctor at Sea" (Uma Garota a Bordo), em 1955, sempre com realização de Ralph Thomas, teve um sucesso algo semelhante. Seguiram-se "Doctor at Large" (Não Diga, Doutor, 1957), "Doctor in Love" (Doutor Apaixonado, 1960), "Doctor in Distress" (Diga... 33 e 1/2, 1963), "Doctor in Clover" (Doutor... tenha Maneiras, 1966), “Doctor in Trouble” (1970), com participação de alguns excelentes actores, como Dirk Bogarde , James Robertson Justice, Leslie Phillips ou Harry Secombe, mas, apesar disso, não conseguiu a continuidade e o êxito de “Com Jeito Vai…”.

GERALD THOMAS (1920-1993)
Gerald Thomas, nascido a 10 de Dezembro de 1920 , em Hull, Yorkshire, Inglaterra, e falecidao a 9 de Novembro de 1993, em Beaconsfield, Buckinghamshire, Inglaterra, iniciou a sua carreira, em 1946, como montador da produtora Two Cities Films, sendo posteriormente realizador de toda a série “Com Jeito Vai…”, de que foi sempre produtor o seu amigo Peter Rogers. Irmão mais novo de Ralph Thomas, que dirigiu diversas obras para a Rank, incluindo a série iniciada com "Doctor at Sea" (Uma Garota a Bordo), em 1955.

Gerald Thomas esteve alistado no Exército inglês durante a II Guerra Mundial e tinha por hábito, para “preservar a espontaneidade dos actores”, utilizar quase sempre a primeira take de cada plano. Por uma questão de economia também, pensamos nós, dado que toda a série “Com Jeito Vai…! Tinha como característica  essencial ser muito económica. 

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