quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

SESSÃO 1: 4 de Fevereiro de 2014


OS 39 DEGRAUS (1935)

Não se pode dizer que o cinema mudo inglês tenha sido parco em títulos, mas foi-o certamente em personalidades que para sempre tenham marcado a história do cinema mundial. Com uma excepção: Alfred Hitchcock. Nascido em 1899, estreou-se na realização em 1922, era mudo o cinema, com “Number 13”, de cuja existência pouco se sabe hoje. Há quem ponha a hipótese de não ter sido sequer terminado, outros avançam que se encontra possivelmente perdido. De 1923 é “Always Tell Your Wife”, a que se seguiram mais catorze títulos ainda silenciosos, até chegar 1930, ano em que Hitch assina o primeiro filme sonoro inglês, “Murder!” (Assassínio). De 1935 é “The 39 Steps”, que nos coloca perante um verdadeiro autor de cinema, na posse de todas as suas capacidades, um mestre na forma como manipula as imagens, mas um impressionante utilizador do som já com uma panóplia de soluções criativas muito curiosa. Ainda iria rodar mais cinco títulos em Inglaterra, antes de ser chamado por Hollywood, onde se estrearia, em 1940, com esse fabuloso “Rebecca”. 
Certamente que uma das razões para o interesse dos estúdios norte-americanos por Alfred Hitchcok se ficou a dever ao sucesso crítico e de público deste “The 39 Steps”, seguramente um dos seus filmes ingleses de maior prestígio. Retirado de um romance de um escritor escocês, John Buchan, adaptado ao cinema por Charles Bennett, Ian Hay e pelo próprio Hitchcock, a obra voltaria a interessar outros realizadores, como Ralph Thomas (1959) e Don Sharp (1978), sem atingir os mesmos resultados. James Hawes dirigiu uma versão para televisão, em 2008, e “The 39 Steps” encontra-se presentemente em produção para uma nova adaptação cinematográfica. Acrescente-se que, em 2007, se estreou no West End, em Londres, um divertido espectáculo teatral com o título "John Buchan’s The 39 Steps" que rapidamente passou para a Broadway, no ano seguinte, com um mais ajustado título, "Alfred Hitchcock’s The 39 Steps," (que, posteriormente, se veria em Lisboa, numa versão portuguesa), onde quatro actores interpretavam cerca de 250 pequenos papéis, em alegre paródia a alguns tiques e temas da obra do mestre inglês.


A história de “Os 39 Degraus” é interessante, mas nada de especialmente vibrante por si própria. Hannay (Robert Donat), um elegante canadiano a viver em Londres, entra num salão de music-hall, onde se apresenta Mr. Memory, “o homem mais poderoso do mundo”, pois decora tudo o que lhe passa pela frente e responde a todas as perguntas da intrigada assistência. No meio do espectáculo, ouve-se um tiro, dá-se a debandada geral e Hannay descobre-se, à saída, acompanhado por uma estranha mulher que pede refúgio em sua casa. Ela explica que anda a ser perseguida, que a querem matar, que ela sabe que alguém quer desviar planos secretos ingleses para o estrangeiro. O perfeito gentleman Hannay oferece-lhe a sua cama, indo ele dormir para a sala, mas durante a noite a desconhecida cai-lhe literalmente em cima, apenas por que foi apunhalada pelas costas. Hannay apanha, além do susto, um papel das mãos da mulher e foge, tentando descobrir o que está por detrás do crime e da possível acção de espionagem. Nada mais se diz para não retirar o suspense à trama, mas fundamentalmente o suspense é todo ele obra do mestre do mesmo que consegue aguentar firme uma extravagante perseguição e executá-la com uma mestria plástica invulgar.
A obra abre logo com um sumptuoso momento visual, com um letering em néon anunciando o MUSIC HALL. Depois, a câmara acompanha os pés de alguém que entra no London Palladium, um recinto de espectáculos, lotado e barulhento. Será esse homem que nada tem a ver com a aventura em que se vê envolvido o herói desta obra de Hitch que prolonga assim um dos seus temas de eleição, o do falso culpado, que terá, anos mais tarde, em “Intriga Internacional” uma espécie de versão norte-americana destes “39 Degraus” ingleses. Quem lesse o livro poderia esperar por escadas, que elas ali são bem expressas, mas quem vê o filme bem pode desesperar, que elas não irão surgir, pois a referência, pelo punho de Hitchcock, tem a ver com um grupo de sabotadores.

Entre o livro e o filme há ainda inúmeras diferenças e algumas criações do cineasta, como por exemplo a cena em que Hannay se refugia em casa de um agricultor, ciumento e puritano, casado com uma mulher que tudo faria para dar uma voltinha mais íntima com o desconhecido que lhe entra pela porta dentro, mas que o marido coloca pragmaticamente à distância. Também nestas perversas referências sexuais o filme é fértil, desde as algemas que unem Hannay a uma bela desconhecida que o quer entregar à polícia, até esta magnífica sequência em casa do agricultor. Veja-se a troca de olhares que se estabelece durante o jantar, com o rural a fazer as suas orações, Hannay a olhar para um jornal que se encontra em cima da mesa, com a notícia do fugitivo da justiça, com a mulher a perceber o que se passa e a calar a denúncia, indo mesmo mais tarde ao ponto de oferecer a Hannay a fuga, envolto no casacão do marido.
Há outras sequências dignas de registo, muito embora toda a obra assuma uma coerência e homogeneidade estilística assinaláveis. Por exemplo a viagem de carro, com Hannay e a companheira algemados no banco traseiro de uma viatura conduzida por falsos polícias, e a consequente fuga do casal, a estadia dos fugitivos numa estalagem onde recebem a hospitalidade dos donos que os tomam por apaixonados em furtiva lua-de-mel, ou a derradeira aparição de Mr. Memory, que irá finalmente deslindar o caso, são momentos que marcam bem a genialidade do trabalho de Hitchcock que, como já dissemos atrás, utiliza sabiamente os poderes do som para introduzir efeitos muito curiosos. Logo no início, uma mulher descobre um cadáver e o seu grito de horror confunde-se com o silvo de um comboio a entrar num túnel, criando um belo efeito de montagem. As soluções plásticas que eram uma das bases do cinema mudo, ao nível da imagem, começam já a ser habilmente exportadas para o som.
O filme é admiravelmente fotografado por Bernard Knowles, num preto e branco de grande envolvência, com arrojados enquadramentos, onde a herança expressionista ainda é visível. Também no campo da interpretação, Robert Donat se mostra de grande elegância e eficiência, tendo a seu lado a bela Madeleine Carroll e um elenco dirigido na perfeição.


OS 39 DEGRAUS
Título original: The 39 Steps
Realização: Alfred Hitchcock (Inglaterra, 1935); Argumento: Charles Bennett, Ian Hay, segundo romance de John Buchan; Produção: Michael Balcon, Ivor Montagu; Música: Jack Beaver, Louis Levy; Fotografia (p/b): Bernard Knowles; Montagem: Derek N. Twist; Direcção artística: Oscar Friedrich Werndorff, Albert Jullion; Guarda-roupa: Marianne, Joe Strassner; Assistente de realização: Pen Tennyson; Departamento de arte: Albert Whitlock; Som: A. Birch; Efeitos especiais: Philippo Guidobaldi, Jack Whitehead; Anotadora: Alma Reville; Companhia de produção: Gaumont British Picture Corporation; Intérpretes: Robert Donat (Hannay), Madeleine Carroll (Pamela), Lucie Mannheim (Miss Smith), Godfrey Tearle (Professor Jordan), Peggy Ashcroft (mulher de Crofter), John Laurie (Crofter), Helen Haye (Mrs. Jordan), Frank Cellier (Sheriff), Wylie Watson, Gus McNaughton, Jerry Verno, Peggy Simpson, Ivor Barnard, Charles Bennett, Noel Birkin, Ex-Det. Sergt. Bishop, Matthew Boulton, Edgar K. Bruce, Kate Cutler, Philip Desborough, Pat Hagate, Alfred Hitchcock (passageiro perto de autocarro), Carleton Hobbs, Vida Hope, Robert Horton, Elizabeth Inglis, etc. Duração: 86 minutos; Distribuição em Portugal (cinema): Filmes Luís Machado (1936); Classificação etária: M/12 anos; Data de estreia em Portugal: 11 de Maio de 1936.

ALFRED HITCHCOCK 
(1899-1980)
Alfred Joseph Hitchcock nasceu a 13 de Agosto de 1899, em Leytonstone, Essex, Londres, segundo filho dos três que o casal William Hitchcock (1862–1914) e Emma Jane Hitchcock (Whelan de nome de nascimento: 1863–1942) deram à luz. O pai tinha um lugar de venda de frutas e hortaliças e uma forte convicção religiosa, católica e puritana, que o levou a enviar o filho para uma escola londrina, o St. Ignatius College, em Stamford Hill, de forte inspiração jesuíta, baseado nos ensinamentos de Inácio de Loyola.
Aos 14 anos, Hitchcock ficou órfão de pai, teve de abandonar a escola que frequentava e passou a cursar a London County Council School of Engineering and Navigation, em Poplar. Principia a trabalhar, o que faz na W. T. Henley Telegraph and Cable Company, como fabricante de cabos eléctricos, onde desenvolveu igualmente trabalhos em design gráfico de publicidade. Pouco depois, começa a interessar-se por fotografia e cinema e o seu primeiro trabalho nesta área é desenhar genéricos e intertítulos para filmes mudos. Em 1920, vamos encontrá-lo nos Islington Studios, uma sucursal de estúdios norte-americanos, da Famous Players-Lasky, e da sua sucessora inglesa, Gainsborough Pictures. Colabora numa série de obras de que, na actualidade, se desconhecem cópias. Sabem-se os títulos: “The Call of Youth”, “The Great Day”, “Appearances”, “The Mystery Road”, “The Princess of New York”, “Dangerous Lies” ou  “The Bonnie Brier Bush”, todos de 1921. De designer gráfico passou rapidamente a director de arte, a assistente de realização, argumentista, e realizador. São deste período filmes como “The White Shadow”, “The Prude's Fall”, “The Passionate Adventure” ou “Die Prinzessin und der Geiger”, rodado na Alemanha, no Studio Babelsberg, em Potsdam, perto de Berlim, e dirigido por Graham Cutts. Na Alemanha, Hitchcock observa o labor de Fritz Lang, Pabst e Murnau, cineastas que o irão influenciar a partir daí. “Com Murnau aprendi a contar uma história sem palavras.”
Entretanto, tem os seus escritores preferidos, desde a juventude, Dickens, Poe, Cherterton, Conan Doyle, Wilkie Collins, entre outros. Perde-se a frequentar museus. Detesta o escuro: “A escuridão representa o desconhecido e sempre preferi o que me era familiar. Uma pessoa nunca sabe o que pode estar à espreita na escuridão.”
O início da sua carreira como realizador parece ter sido difícil. Em 1921, por doença do director Hugh Croise, termina, de colaboração com Seymour Hicks, “Always Tell Your Wife”, uma curta-metragem, onde o seu nome não aparece creditado. Em 1922, inicia “Number 13”, que nunca terminou e de que, tudo indica, se terá perdido todo o material. Segue-se “The Pleasure Garden” (O Jardim do Prazer) cuja realização Michael Balcon, da Gainsborough Pictures, entrega a Hitchcock que o roda nos estúdios da UFA, na Alemanha, mas que se transforma num verdadeiro desastre comercial. Em 1926, o drama “The Mountain Eagle” (na América distribuído sob o título “Fear of God”, ao que tudo indica), filmado nos Alpes do Tirol, desapareceu de circulação. O primeiro grande sucesso de Hitchcock como director surge em 1926, com um filme de “suspense”, bem à sua maneira, com um falso culpado e tudo. É mais uma variação sobre o caso de Jack, o Estripador, adaptando um romance de Marie Belloc Lowndes. “The Lodger: A Story of the London Fog” foi o maior sucesso do cinema britânico em 1927 e assinala influências muito seguras do expressionismo alemão, que, aliás, irão perseguir o autor ao longo de toda a sua carreira. Esta será, igualmente, a primeira obra que conta com a sua rápida aparição física (num “cameo”), como figurante, efeito que se irá tornar obsessivamente uma das suas marcas. Para Hitch este terá sido o seu primeiro filme verdadeiramente “hitchcockeano”.
No seu período inglês, cimenta uma reputação que o faz chegar triunfalmente à América. O êxito de obras como “O Homem que Sabia Demasiado”, “Os 39 Degraus” ou “Desaparecida” chamaram a atenção dos grandes estúdios de Hollywood e Alfred Hitchcock, a convite do produtor David O. Selznick, parte para os EUA, em 1939. O primeiro filme rodado em território americano foi “Rebecca”, com o qual foi de imediato nomeado como melhor realizador e a obra melhor filme do ano, Oscar que viria a vencer. Os seus trabalhos seguintes confirmam-no como um doa maiores cineastas de sempre.
Casado com Alma Reville, sua companheira e colaboradora ao longo de toda a vida, em Setembro de 1940, a família compra um rancho perto de Scotts Valley nas Montanhas de Santa Cruz. Trata-se do Cornwall Ranch que passará, a partir daí, a ser a residência oficial, quando não permanecem na sua casa de Bel Air. Hitchcock morre no dia 29 de Abril de 1980, de insuficiência renal, na sua casa de Bel Air, Los Angeles. Tinha 80 anos. O corpo foi cremado e as cinzas lançadas sobre o Oceano Pacífico. Quatro meses antes, recebera das mãos da Rainha Isabel II a comenda de Cavaleiro da Ordem do Império Britânico. Entretanto em 1979, a AFI entregara-lhe o “Life Achievement Award” desse ano.
Afirmar Alfred Hitchcock como “o mestre do suspense” é dizer muito pouco. Ele foi-o incontestavelmente, mas ao analisar globalmente a sua obra não se deve ficar com a ideia de que Hitch era um mero realizador de divertimentos macabros que empolgaram as plateias de todo o mundo. Alfred Hitchcock foi um dos grandes autores da história do cinema, por muito que ele procurasse aligeirar a concepção e repetisse amiudadas vezes que “Não passa de um filme!”.
A sua filmografia é das que maior coerência ostenta em toda a história do cinema. Hitch era homem de convicções fortes, de obsessões firmes, de temática constante, de um rigor formal e estilístico que assombram. Ainda hoje a maioria dos seus filmes não se deixaram corromper por uma ruga, não envelheceram um minuto e mantêm uma modernidade de olhar e de construção que espantam. Alfred Hitchcock abordou os assuntos do seu tema, mas interessou-se sobretudo pela condição humana. O que é eterno. Fê-lo, simultaneamente, com um entusiasmo e um distanciamento, um humor e uma profundidade, um realismo e uma intuição que o tornam ímpar. Foi contemporâneo do seu tempo sem se deixar aprisionar pelo imediatismo das questões.
Parece lenda, mas a família corrobora, inclusive a sua filha Patricia Hitchcock: quando era muito jovem, Alfred Hitchcock foi apanhado pelo pai numa qualquer traquinice que a severidade da educação católica não permitia. Como castigo, William Hitchcock escreveu um rápido recado num bilhete, meteu-o na mão do filho, e mandou-o levar a um polícia amigo, numa esquadra próxima. O recado dizia que o jovem devia ser enclausurado numa cela. Assim se fez e Alfred Hitchcock conheceu o terror, não mais de alguns minutos, é certo, mas o bastante para o marcar para a vida toda.
Em virtude da sua obra futura, quase poderíamos saudar o acontecimento, tanto mais que a sua vida privada não parece ter sido particularmente aterrorizada pela ocorrência. Mas todas as peripécias da sua juventude ter-se-ão vincado bem na obra que viria a construir. Também a mãe parece não ter sido branda nos castigos que impunha. Obrigava muitas vezes o jovem Hitch a ficar horas, de pé, ao lado da sua cama, como punição para qualquer pequena travessura. Obeso desde criança, Hitch sentia-se só e mal-amado. O seu modelo de homem era Gary Grant, confessa anos mais tarde, mas o seu humor fazia-o ultrapassar os possíveis traumas. “O meu maior sonho era entrar numa loja de roupa de homem e comprar um fato já feito.” Terá transportado para os seus filmes todas estas experiências, numa espécie de exorcismo, ou de sublimação.

Filmografia
Como realizador
Período inglês: 1922: Number 13 (não terminado, possivelmente perdido); 1923: Always Tell Your Wife; 1925: The Pleasure Garden (O Jardim do Prazer); 1926: The Mountain Eagle (A Águia da Montanha); 1927: The Lodger, a Story of the London Fog (O Hóspede); Downhill (O Declive); The Ring (O Anel); 1928: Easy Virtue (Virtude Fácil); The Farmer's Wife (A Mulher do Lavrador); Champagne (Champagne); 1929: The Manxman (Pobre Pete); Harmony Heaven (Céu Harmonioso); Blackmail (Chantagem); 1930: Elstree Calling (Elstree Chama); An Elastic Affair; Juno and the Paycock (Juno e Paycock); Murder! (Assassínio); 1931: The Skin Game (Jogo Fraudulento); Mary (Maria); 1932: Rich and Strange (Ricos e Estranhos); Number Seventeen (Número Dezassete); Lord Camber’s Ladies; 1934: The Man Who Knew Too Much (O Homem Que Sabia Demasiado); Waltzes from Vienna (Valsas de Viena); 1935: The 39 Steps (Os 39 Degraus); 1936: Secret Agent (Os 4 Espiões); Sabotage (À 1 e 45); 1937: Young and Innocent (Jovem e Inocente); 1938: The Lady Vanishes (Desaparecida!); 1939: Jamaica Inn (A Pousada da Jamaica),
Período americano: 1940: Rebecca (Rebecca); 1940: Foreign Correspondent (Correspondente de Guerra); 1941: Mr. & Mrs. Smith (O Sr. e Sra. Smith); Suspicion (Suspeita); 1942: Saboteur (Sabotagem); 1943: Shadow of a Doubt (Mentira); 1944: Aventure Malgache (Aventura Malgache); Bon Voyage (Boa Viagem); Lifeboat (Um Barco e Nove Destinos); The Fighting Generation; 1945: Watchtower Over Tomorrow; Spellbound (A Casa Encantada); 1946: Notorious (Difamação); 1947: The Paradine Case (O Caso Paradine); 1948: Rope (A Corda); 1949: Under Capricorn (Sob o Signo de Capricórnio); 1950: Stage Fright (Pânico nos Bastidores); 1951: Strangers on a Train (O Desconhecido do Norte-Expresso); 1953: I Confess (Confesso!); 1954: Dial M for Murder (Chamada para a Morte); 1954: Rear Window (A Janela Indiscreta); 1955: To Catch a Thief (Ladrão de Casaca); The Trouble with Harry (O Terceiro Tiro); 1956: The Man Who Knew Too Much (O Homem Que Sabia Demais); The Wrong Man (O Falso Culpado); 1958: Vertigo (A Mulher Que Viveu Duas Vezes); 1959: North by Northwest (Intriga Internacional); 1960: Psycho (Psico); 1963: The Birds (Os Pássaros); 1964: Marnie (Marnie) ; 1966: Torn Curtain (Cortina Rasgada) ; 1969: Topaz (Topázio); 1972: Frenzy (Perigo na Noite); 1976: Family Plot (Intriga em Família).

Realizador e produtor de TV: 1955-1962: Alfred Hitchcock Presents: 268 episódios, dos quais alguns dirigidos por si: 1955: "Revenge", "Breakdown", "The Case of Mr. Pelham"; 1956: "Back for Christmas", "Wet Saturday", "Mr. Blanchard's Secret"; 1957: "One More Mile to Go", “Four O’Clock”, "The Perfect Crime"; 1958: "Lamb to the Slaughter", "Dip in the Pool", "Poison"; 1959: "Banquo's Chair", "Arthur", "The Crystal Trench"; 1960: “Incident at Corner”, "Mrs. Bixby and the Colonel's Coat"; 1961: "The Horseplayer", "Bang! You're Dead", “I Saw The Whole Thing”.
1962-1965: The Alfred Hitchcock Hour: 92 episódios, tendo dirigido apenas 1 deles, "I Saw the Whole Thing" (1962). 1957: dirigiu o episódio "Four O'Clock" da série “Suspicion”. 1960: dirigiu o episódio "Incident at a Corner" da série “Startime”.

ROBERT DONAT (1905-1958)
Friedrich Robert Donath, com ascendência polaca, nasceu a 18 de Março de 1905, em Withington, Manchester, Inglaterra e viria a falecer em Londres, a 6 de Junho de 1958, vítima de um ataque de asma. Apesar de uma pronúncia característica do norte de Inglaterra, e de ser asmático desde novo, cedo se interessou pelo teatro, representando Shakespeare e outros clássicos desde os 16 anos, em companhias teatrais que viajavam pela província. Em 1924, junta-se à companhia de Sir Frank Benson e, posteriormente, ao Liverpool Repertory Theater. Alexander Korda, o célebre produtor inglês, oferece-lhe um contrato de três anos, para aparecer em várias obras, entre as quais se conta “A Vida Privada de Henrique VIII” (1933). Em Hollywood, ficou famosa a sua composição em “The Count of Monte Cristo”. “The 39 Steps” (1935) foi um dos seus momentos de glória, numa carreira precocemente terminada. Foi nomeado para Oscar de Melhor actor em A Cidadela (1938), Oscar que ganharia no ano seguinte, em “Goodbye, Mr. Chips”. Apesar de muito apreciado nos EUA, manteve-se fixo em Inglaterra, no teatro e no cinema, onde interpretou um curioso grupo de filmes, tendo ainda escrito, produzido e realizado “The Cure for Love” (1949). A sua doença impunha já uma garrafa de oxigénio no estúdio e foi assim que terminou “A Pousada da Sexta Felicidade” (1958), seu derradeiro filme. A sua derradeira frase no filme, dirigida a Ingrid Bergman, foi premonitória: “Creio que não nos voltaremos a ver”. Assim foi.
Casado com Ella Annesley Voysey (1929 - 1946), de quem teve três filhos, e após o divórcio, com Renée Asherson (1953 - 1958). Peter Sellers tinha-o como o seu actor preferido, a quem considerava “um deus”. Já o próprio Donat tinha como actores de eleição Charles Chaplin, Paul Muni, Spencer Tracy, Greta Garbo e Deanna Durbin.

Filmografia
Como actor
1932: That Night in London, de Rowland V. Lee; Men of Tomorrow, de Zoltan Korda e Leontine Sagan; 1933: Cash, de Zoltan Korda; The Private Life of Henry VIII (A Vida Privada de Henrique VIII), de Alexandre Korda; 1934: The Count of Monte Cristo (O Conde de Monte Cristo), de Rowland V. Lee; 1935: The 39 Steps (Os 39 Degraus), de Alfred Hitchcock; The Ghost Goes West (Vende-se Um Fantasma), de René Clair; 1937: Knight without armour (Cavaleiro Sem Armas), de Jacques Feyder; 1938: The Citadel (A Cidadela), de King Vidor; 1939: Goodbye, Mr. Chips (Adeus, Mr. Chips), de Sam Wood; 1942: The Young Mr. Pitt (Pitt, Vencedor de Napoleão), de Carol Reed; 1943: The Adventures of Tartu (As Aventuras de Tartu), de Harold S. Bucquet; The New Lot (curta-metragem); 1945: Perfect Strangers (Férias de Casamento), de Jack Conway; 1947: Captain Boycott (Capitão Boycott), de Frank Launder; 1948: The Winslow Boy (Causa Célebre), de Anthony Asquith; 1949: The Cure for Love, de Robert Donat; 1950: The Cure for Love, de Robert Donat; 1951: The Magic Box, de John Boulting; 1954: Lease of Life (Escândalo na Aldeia), de Charles Frend; 1956: Kraft Television Theatre (série de TV); 1958: The Inn of the Sixth Happiness (A Pousada da Sexta Felicidade), de Mark Robson.
Como argumentista, produtor e realizador: 1949: The Cure for Love, de Robert Donat.

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