quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

SESSÃO 2: 11 de Fevereiro de 2014


PIGMALIÃO (1938)

Diz-nos a História que o mito de Pigmalião data da antiguidade clássica, havendo referências ao mesmo na Grécia e em Roma. A versão que mais se aproxima da que hoje consta dos dicionários deverá ser a que se prende com um tal Pigmalião, rei de Chipre e escultor, que esculpiu a estátua de uma mulher ideal, pela qual se apaixonou. O Pigmalião de Chipre achava as mulheres da ilha demasiado libertinas e delas se afastara prometendo viver em celibato até ter descoberto a obra-prima impoluta por si edificada. E como na mitologia havia muito contacto entre os homens e os deuses, Afrodite resolveu transformar a pedra em carne e osso, dando ao escultor uma mulher, com quem casou e de quem teve uma filha, Pafos.
Esse mito deu origem a muitas obras de arte, ao longo dos séculos, na pintura, escultura, poesia, literatura e no teatro, quando, no início do século XX, George Bernard Shaw, escreve “Pygmalon”, uma peça que actualiza um pouco o mito e que se estreia precisamente em Londres em 1912. O escultor passa a especialista em fonética, que descobre num mercado de Londres uma florista popular que jura transformar numa dama da alta sociedade em poucos meses de intensas lições de etiqueta e prática contínua de esmerada articulação fonética.
Na peça, vamos encontrar o professor Henry Higgins que, ajudado pelo seu amigo Coronel Pickering, resolve agarrar em Eliza Doolitle, uma florista jovem, mas bronca e com uma horrorosa pronúncia cockney, com que se cruzara em Covent Garden, e vai burilando o material humano até chegar à estátua pretendida. Também Higgins não tem em muito bom apreço as mulheres em geral e Eliza em particular. A andrajosa florista é trabalhada em casa de Higgins, para onde se transfere com autorização do pai desta, que pouco se importa com esses pormenores, desde que possa ir emborcando o seu álcool diário, e, depois de lavada, perfumada, penteada, escovada, vestida a preceito, começa o seu tirocínio para senhora de alta sociedade, capaz de frequentar recepções de reis e princesas, sem destoar no quadro.
Socialista e apologista da igualdade entre os sexos, George Bernard Shaw construiu uma peça que tem uma multiplicidade de leituras e que se impôs rapidamente como uma obra-prima da dramaturgia do século XX. Obviamente que o tema central é o homem-deus que se arroga o direito de transformar a seu belo prazer uma outra pessoa. As interpretações podem ser várias, desde o elogio da educação como forma de elevar o ser humano, até uma premonição das lavagens ao cérebro dos tempos modernos. Mas há pelo meio curiosas considerações sociais, na forma como o dramaturgo tipifica certos comportamentos em função da sua classe social. Por exemplo, quando levam Eliza para casa de Higgins, alguém pergunta a Alfred Doolittle, o pai da jovem florista, se este “não tem moral”, ao que ele responde: “Não tenho dinheiro para isso”, e mais ainda: “Estou sempre contra a moral burguesa”. O que procura subtilmente relacionar a moral vigente com o padrão social. O mesmo se poderá observar numa outra cena da obra, quando Eliza, já consciente do perigoso jogo em que entrara, declara: “Antes vendia flores em Covent Garden. Agora vendo-me a mim”.


Portanto, não se trata somente de uma crítica à modelação dos seres humanos por outros, o que sugere que a própria educação pode estar (e está quase sempre) ao serviço da classe dominante, mas também de uma contundente observação social.
A peça tem tido milhares de representações ao longo dos tempos, e muitas adaptações ao cinema e ao teatro, a mais conhecida das quais será certamente o musical de George Cukor, “Minha Querida Senhora” (My Fair Lady), com Rex Harrison, Audrey Hepburn e Stanley Holloway nos principais papéis, surgido em 1964. O espectáculo, que originariamente obtivera grande sucesso nos palcos da Broadway, a partir de 1956, com Julie Andrews no papel de Eliza Doolitle, tinha inspirada música de Frederick Loewe e letras das canções de Alan Jay Lerner.
Mas, três décadas antes, o inglês Anthony Asquith rodara uma outra adaptação que contara ainda com a colaboração do próprio dramaturgo na escrita do argumento.
Era sabido que George Bernard Shaw não apreciava muito as adaptações de obras suas ao cinema, que ele próprio não controlasse, procurando manter-se o mais próximo possível do seu texto original. No caso desta película de 1938, ele mesmo se encarregou de verificar a justeza da nova versão, aceitando alguns cortes e uma ou outra sugestão do realizador. Por outro lado, Bernard Shaw admirava a actriz Wendy Hiller e ficou satisfeito com a sua escolha para o papel de Eliza, e Leslie Howard, que iria interpretar a figura de Higgins e co-realizar o filme, impôs-se facilmente. O resultado não poderia ter sido melhor e surge ainda hoje como uma obra-prima de eficácia e sobriedade, mantendo-se escrupulosamente fiel aos intentos do escritor e criando um magnífico clima vitoriano, onde à elegância dos salões se opunha o desbragamento popular de Covent Garden e arredores. O que se reúne na figura de Wendy Hiller que consegue passar brilhantemente de uma a outra situação com igual convicção. Já Leslie Howard mantém o seu esmerado tom de gentlemen, por vezes arrogante e caprichoso, mas sempre de uma refinada elegância. Uma óptima versão cinematográfica de uma obra teatral que consegue reverter para imagens o essencial da peça, servida por uma criteriosa fotografia a preto e branco com a assinatura de Harry Stradling Sr., que viria a ser igualmente o director de fotografia de “My Fair Lady”.



PIGMALEÃO
Título original: Pygmalion
Realização: Anthony Asquith e Leslie Howard (Inglaterra, 1938); Argumento: W.P. Lipscomb, Cecil Lewis, Ian Dalrymple, Anatole de Grunwald, Kay Walsh, George Bernard Shaw, segundo peça teatral deste último; Produção: Gabriel Pascal; Música: Arthur Honegger; Fotografia (p/b): Harry Stradling Sr.; Montagem: David Lean; Direcção artística: John Bryan; Guarda-roupa: Ladislaw Czettel, Schiaparelli, Worth; Direcção de produção: Phil C. Samuel; Assistente de realização: Teddy Baird; Departamento de arte: Laurence Irving, Baden Siddall; Som: Sash Fisher; Companhia de produção: Gabriel Pascal Productions; Intérpretes: Leslie Howard (Professor Henry Higgins), Wendy Hiller (Eliza Doolittle), Wilfrid Lawson (Alfred Doolittle), Marie Lohr (Mrs. Higgins), Scott Sunderland (Coronel George Pickering), Jean Cadell (Mrs. Pearce), David Tre (Freddy Eynsford-Hill), Everley Gregg (Mrs. Eynsford-Hill), Leueen MacGrath (Clara Eynsford Hill), Esme Percy (Conde Aristid Karpathy), Violet Vanbrugh, Iris Hoey, Viola Tree, Irene Browne, Kate Cutler, Cathleen Nesbitt, O.B. Clarence, Wally Patch, H.F. Maltby, George Mozart, Ivor Barnard, Cecil Trouncer, Stephen Murray, Eileen Beldon, Frank Atkinson, Leo Genn, Moyna MacGill, Patrick Macnee , Anthony Quayle, etc. Duração: 96 minutos; Distribuição em Portugal: Cine Digital; Classificação etária: M/ 6 anos; Data de estreia em Portugal: 15 de Janeiro de 1940.

ANTHONY ASQUITH 
(1902-1968)
Nasceu a 9 de Novembro de 1902, em Londres, Inglaterra, e viria a falecer a 20 de Fevereiro de 1968, em Marylebone, Londres, Inglaterra, vítima de cancro. Filho de H.H. Asquith, dirigente do Partido Liberal, que chegou a ser Primeiro-Ministro de Inglaterra, entre 1908-1916, e da sua segunda esposa, Anthony começou o seu trabalho no cinema ainda no tempo do mudo, projectando uma carreira nacional e internacional particularmente reputada. Ele ombreou com David Lean e Carol Reed como os mais prestigiados realizadores do cinema inglês, entre as décadas de 30 e 60. Grande admirador de música e de teatro, fez várias adaptações de peças, onde sobressaia a sua direcção de actores e um notável sentido da imagem. Foi um dos promotores da London Film Society, que se destinava a incentivar os valores artísticos dos filmes ingleses. Desde os anos 20 que mantinha uma assídua proximidade com os estúdios norte-americanos, tornando-se no final da carreira um director de grandes produções internacionais, como “A Milionária” (1960), “O Rolls-Royce Amarelo” (1964), ou “The V.I.P.s” (1963). Mas o seu melhor período começa com “Pigmaleão” (1938), e continua com várias adaptações de obras do dramaturgo Terence Rattigan, como “Causa Célebre” (1948), “A Sombra de um Homem” (1951) ou “Cautela com as Mulheres” (1940). Grande sucesso teve também a sua versão de Oscar Wilde “A Importância de se Chamar Ernesto” (1952). Curiosidade: foi o pai de Anthony Asquith, então secretário de Estado, quem mandou prender Oscar Wilde por homossexualidade. Anos mais tarde, o seu filho Anthony seguia as pisadas do célebre dramaturgo.
Morreu em 1968, vítima de cancro, quando se preparava para iniciar a rodagem de “As Sandálias do Pescador” (1968), que acabaria por ser assinado por Michael Anderson. O prémio da Melhor Música, da British Academy Award, chama-se Anthony Asquith Award, em sua honra.

Filmografia:
Como realizador:
1928: Shooting Stars (Nos Bastidores do Cinema); Underground (Um Grito no Metropolitano); 1929: A Cottage on Dartmoor; The Runaway Princess; 1931: Tell England; 1932: Marry Me; The Lucky Number, Dance, pretty lady!; 1933: The Lucky Number; 1934: Unfinished Symphony; 1935: Moscow Nights; 1936: The Story of Papworth, the Village of Hope (curta-metragem); 1938: Pygmalion (Pigmalião); 1939: French Without Tears (Cautela com as Mulheres); 1940: Channel Incident (curta-metragem); 1941: Rush Hour (curta-metragem); Cottage to Let; Quiet Wedding (Pedido de Casamento); Freedom Radio (Grito de Liberdade); 1942: Uncensored; 1943: A Welcome to Britain (documentário); We Dive at Dawn (Mergulhamos ao Amanhecer), The Demi-Paradise; 1944: Two Fathers (curta-metragem), Fanny by Gaslight (Unidos Além da Morte; 1945: The Way to the Stars (O Caminho das Estrelas); 1947: While the Sun Shines; 1948: The Winslow Boy (Causa Célebre); 1950: The Woman in Question (A Mulher das Cinco Caras); 1951: The Browning Version (A Sombra de um Homem); 1952: The Importance of Being Earnest (A Importância de se Chamar Ernesto); 1953: The Net (M-7 Não Responde); 1954: The Final Test, The Young Lovers (Jovens Amantes); 1955: Carrington V.C.; 1956: On Such a Night (curta-metragem); 1958: Orders to Kill; 1958: The Doctor's Dilemma); 1959: Libel (A Grande Difamação); 1960: Zero (curta-metragem), The Millionairess (A Milionária); 1961: Two Living, One Dead; 1962: Guns of Darkness; 1963: The V.I.P.s ou International Hotel (Hotel Internacional), An Evening with the Royal Ballet (documentário); 1964: The Yellow Rolls-Royce (O Rolls-Royce Amarelo).
Como actor aparece em “A Cottage on Dartmoor” (1929)  

LESLIE HOWARD 
(1893-1943)
Leslie Howard Stainer nasceu a 3 de Abril de 1893, em Forest Hill, Londres, Inglaterra, e viria a falecer, a 1 de Junho de 1943, quando um avião onde seguia, de Lisboa para Londres, foi abatido pelos nazis. Os pais, Ferdinand "Frank" Steiner e Lilian Bloomberg, eram húngaros, e mudaram-se para Londres em 1862. Estudou no Dulwich College, trabalhou num banco e, durante a I Guerra Mundial, alistou-se no exército, mas, em 1917, foi dado como inválido (foi-lhe diagnosticado um tipo de stress então denominado “shell-shocked”), e foi-lhe aconselhado como terapia representar. Em pouco tempo tornou-se uma verdadeira vedeta dos palcos e dos ecrãs ingleses, e posteriormente internacionais. O seu primeiro filme datava já de 1914, “The Heroine of Mons”, mas a sua estreia no sonoro dá-se em 1930, com “Outward Bound” (1930). Um dos papéis que maior renome lhe trouxe foi o de Sir Percy Blakeney em “A Revolução Francesa” (1934). Ficou igualmente conhecido por ter insistido com os produtores para darem no cinema o papel de Duke Mantee a Humphrey Bogart, no filme “A Floresta Petrificada” (1936). Ambos tinham interpretado essa obra no teatro, e o trabalho de Bogart catapultou-o para glória. Reconhecido, Bogart deu o nome do seu amigo a uma filha, Howard. Em 1938 foi o professor Higgins, em Pigamilão, que co-dirigiu com Antonhy Asquith e, no ano seguinte, a celebridade continuou a bater-lhe à porta, com o desempenho do intelectual sulista, Ashley Wilkes, em “E Tudo o Vento Levou”.
Durante a II Guerra Mundial dedicou grande parte do seu tempo e energia em apoio da Inglaterra na sua luta contra os nazis, e foi por eles abatido, no golfo da Biscaia, num voo da KLM que saiu de Lisboa, com destino a Inglaterra, quando os espiões alemães julgaram que Churchill ia a bordo desse avião.
Casado com Ruth Evelyn Martin (1916 - 1943), de quem teve dois filhos. Manteve durante anos uma relação com Violette Cunnington (1938 – 1942). 

Filmografia:
Como actor
Filmes mudos: 1914: The Heroine of Mons, de Wilfred Noy; 1917: The Happy Warrior, de Floyd Martin Thornton; 1918: The Lackey and the Lady, de Thomas Bentley; 1919: Bookworms, de Adrian Brunel; 1919: The Blump, de Adrian Brunel; 1920: Five Pounds Reward, de Adrian Brunel; 1920: The Temporary Lady, de Adrian Brunel; 1920: Twice Two, de Adrian Brunel; 1921: Too Many Cooks, de Adrian Brunel.
Filmes sonoros: 1930: Outward Bound, de Robert Milton; 1931: Daughter of Luxury ou Five and Tem, de Robert Z. Leonard; A Free Soul (Uma Alma Livre), de Clarence Brown; Never the Twain shall Meet, de W.S. Van Dyke; 1931: Devotion, de Robert Milton; 1932: Services of Ladies ou Reserved for Ladies, de Alexander Korda; Smilin’throug (Um Amor que não Morreu), de Sidney Franklin; The Animal Kingdom ou The Woman in the House, de Edward H. Griffith; The Lady is Willing, de Gilbert Miller; 1933: Secrets (Segredos) de Frank Borzage; Captured ! (Capturado), de Roy Del Ruth; Berkeley Square, de Frank Lloyd; 1934: British Agent ou Brutal Agent, de Michael Curtiz; Of Human Bondage (Escravos do Desejo), de John Cromwell; British Agent, de Michael Curtiz; The Lady Is Willing, de George Miller; 1935: The Scarlet Pimpernel (A Revolução Francesa), de Harold Young; 1936: Romeo and Juliet (Romeu e Julieta), de George Cukor; The Petrified Forest (A Floresta Petrificada), de Archie Mayo; 1937: It’s Love I’m After (A Comédia do Amor), de Archie Mayo; Stand-In (Fábrica das Ilusões), de Tay Garnett; 1938: Pygmalion (Pigmalião), de Anthony Asquith e Leslie Howard; 1939: Escape to Hapiness ou Intermezzo: A love Story (Intermezzo), de Gregory Ratoff; Gone with the Wind (E Tudo o Vento Levou), de Victor Fleming; 1940: From the four corners de Anthony Havelock-Allan; Common Heritage, narrador (curta-metragem); 1941: 49th Parallel ou The Invaders (Os Invasores), de Michael Powell; White Eagle, de Eugeniusz Cekalski narrador (curta-metragem); Pimpernel Smith ou The fighting Pimpernel (O Professor Smith), de Leslie Howard; 1942: The First of the Few (Spitfire, o 1º Entre Poucos), de Leslie Howard; The Lamp Still Burns (Luz Eterna), de Maurice Elvey; In Which We Serve (Sangue, Suor e Lágrimas), de Noel Coward, David Lean (voz); 1943: The Gentle Sex (Mulheres, Irmãs e Noivas) de Leslie Howard; War in the Mediterranean, narrador (curta-metragem).

GEORGE BERNARD SHAW 
(1856-1950)
Irlandês, George Bernard Shaw nasceu a 26 de Julho de 1856, em Synge Street, Dublin, e viria a falecer a 2 de Novembro de 1950, em Ayot St. Lawrence, Hertfordshire, Inglaterra, em virtude das consequências de uma queda. Foi, e continua a ser por muitos, considerado o maior dramaturgo de língua inglesa da primeira metade do século XX.
Filho de George Carr Shaw, e Elizabeth Lucinda Shaw, uma cantora profissional, teve uma educação protestante, estudou pouco, empregou-se num escritório, muito novo, mas interessou-se pelas artes, impulsionado pela mãe. Em 1876, mudou-se para Londres com a intenção de se tornar escritor. Mas os seus artigos e romances foram sistematicamente recusados pelos editores até que, em 1885, conseguiu finalmente um trabalho fixo na imprensa onde escreveu críticas de arte, literárias e musicais. Então a sua produção teatral ganhou um outro alento, somando sucessos. Vegetariano, socialista democrático, lutando pela igualdade entre homens e mulheres, por melhores condições de vida para as classes trabalhadoras, reformista e não revolucionário, abordou de forma frontal e polémica temas políticos, sociais e económicos, sempre com grande convicção e empenho. Foi membro da “Fabian Society”, onde se pugnava por um socialismo democrático.
Como crítico de teatro da “Saturday Review” (1895) não perdoou a pobreza da produção teatral da época vitoriana. Durante a I Guerra Mundial, pôs de lado a sua produção teatral e publicou um panfleto anti belicista, “Common Sense About the War”, no qual considerava ambos os lados da guerra culpados da mesma e apelava à paz. Recusou o prémio pecuniário do Nobel de Literatura que lhe foi atribuído de 1925 e enviou-o para obras de caridade. Foi até hoje a única personalidade que recebeu um Nobel e um Oscar, este pela escrita do argumento de “Pigmalião” (1938). Durante cinco anos deixou de escrever para o teatro e dedicou-se à edição das suas obras escolhidas (1930-1938), e a um tratado político “The Intelligent Woman's Guide to Socialism and Capitalism” (1928). Usou muitas vezes as iniciais GBS ou o pseudónimo "Corno di Bassetto" para assinar colunas de opinião. Casado com Charlotte Payne-Townshend (1898 - 1943).
Sabe-se que o casal Shaw era muito amigo de Harpo Marx e conta-se como surgiu essa amizade. Estando GBS e a mulher em férias numa estância de verão inglesa, foi-lhes dito que Harpo Marx se encontrava na praia completamente nu. Ambos se dirigiram imediatamente para o local onde surpreenderam o banhista tal como havia sido descrito. Do encontro nasceu uma amizade eterna. Finalmente, uma outra nota de humor: quando a casa de GBS se transformou em Casa Museu, o Oscar foi encontrado a impedir que a porta se fechasse.

Bibliografia: como romancista: Immaturity, Cashel Byron's Profession, An Unsocial Socialist, The Irrational Knot, Love Among the Artists;
Como contista: The Black Girl in Search of God (1932), The Miraculous Revenge;
Como dramaturgo: Plays Unpleasant (1898), agrupando Widowers' Houses (1892), The Philanderer (1898) e Mrs Warren's Profession (1893); Plays Pleasant (1898), renindo Arms and the Man (1894), Candida (1894), The Man of Destiny (1895) e You Never Can Tell (1897); Three Plays for Puritans (1901), uma antologia de The Devil's Disciple (1897), Caesar and Cleopatra (1898) e Captain Brassbound's Conversion (1899); The Admirable Bashville (1901), Man and Superman (1902–03), John Bull's Other Island (1904), How He Lied to Her Husband (1904), Major Barbara (1905), The Doctor's Dilemma (1906), Getting Married (1908), The Glimpse of Reality (1909), The Fascinating Foundling (1909), Press Cuttings (1909), Misalliance (1910), Annajanska, the Bolshevik Empress (1917), The Dark Lady of the Sonnets (1910), Fanny's First Play (1911), Overruled (1912), Androcles and the Lion (1912), Pygmalion (1912–13), The Great Catherine (1913), The Inca of Perusalem (1915), O'Flaherty VC (1915), Augustus Does His Bit (1916), Heartbreak House (1919), Back to Methuselah (1921), In the Beginning, The Gospel of the Brothers Barnabas, The Thing Happens, Tragedy of an Elderly Gentleman, As Far as Thought Can Reach, Saint Joan (1923), The Apple Cart (1929), Too True To Be Good (1931), On the Rocks (1933), The Six of Calais (1934), The Simpleton of the Unexpected Isles (1934), The Shewing Up of Blanco Posnet (1909), The Millionairess (1936), Geneva (1938), In Good King Charles's Golden Days (1939), Buoyant Billions (1947), e Shakes versus Shav (1949). A estes títulos devem juntar-se ainda centenas de artigos e ensaios sobre os mais diversos temas.

Filmografia:
Como escritor:

Até esta data (2013) conhecem-se mais de centena e meio de filmes retirados de obras de George Bernard Shaw. Impossível enumerá-las todas. Desde os anos 30 do século passado tem sido a televisão a abastecer consideravelmente este registo. Mas há muitas e muito boas adaptações cinematográficas, a começar desde logo por “Pigmalião” (Pygmalion), de  Anthony Asquith e Leslie Howard  Pigmaleão (1938). A que se seguiram: “Major Barbara”, de Gabriel Pascal (e ainda Harold French e David Lean, não creditados) (1941), com Wendy Hiller, Rex Harrison e Robert Morley; “César e Cleópatra” (Caesar and Cleopatra), de Gabriel Pascal (1945), Claude Rains, Vivien Leigh e Stewart Granger; “Androcles and the Lion”, de Chester Erskine, Nicholas Ray (1952), com Jean Simmons e Victor Mature; “Santa Joana” (Saint Joan), de Otto Preminger (1957), com Richard Widmark, Richard Todd e Anton Walbrook (uma adaptação iniciada por GBS e finalizada por Graham Green); "The Doctor's Dilemma", de Anthony Asquith (1958), com Leslie Caron e Dirk Bogarde; “O Aprendiz do Diabo” (The Devil's Disciple), de  Guy Hamilton e Alexander Mackendrick (1959), Burt Lancaster, Kirk Douglas e Laurence Olivier; “A Milionária” (The Millionairess), de Anthony Asquith (1960), com Sophia Loren, Peter Sellers e Alastair Sim; “Minha Linda Lady” (My Fair Lady), de George Cukor (1964), com Audrey Hepburn, Rex Harrison e Stanley Holloway; “Catarina, Imperatriz da Rússia” (Great Catherine), de Gordon Flemyng (1968), com Peter O'Toole, Zero Mostel e Jeanne Moreau; “Skorbnoye beschuvstviye”(segundo "Heartbreak House"), de Aleksandr Sokurov (1987), com Ramaz Chkhikvadze, Alla Osipenko e Irina Sokolova; ou “Caesar and Cleopatra”, de Des McAnuff (2009), com Christopher Plummer, Nikki M. James e Diane D'Aquila.

SESSÃO 1: 4 de Fevereiro de 2014


OS 39 DEGRAUS (1935)

Não se pode dizer que o cinema mudo inglês tenha sido parco em títulos, mas foi-o certamente em personalidades que para sempre tenham marcado a história do cinema mundial. Com uma excepção: Alfred Hitchcock. Nascido em 1899, estreou-se na realização em 1922, era mudo o cinema, com “Number 13”, de cuja existência pouco se sabe hoje. Há quem ponha a hipótese de não ter sido sequer terminado, outros avançam que se encontra possivelmente perdido. De 1923 é “Always Tell Your Wife”, a que se seguiram mais catorze títulos ainda silenciosos, até chegar 1930, ano em que Hitch assina o primeiro filme sonoro inglês, “Murder!” (Assassínio). De 1935 é “The 39 Steps”, que nos coloca perante um verdadeiro autor de cinema, na posse de todas as suas capacidades, um mestre na forma como manipula as imagens, mas um impressionante utilizador do som já com uma panóplia de soluções criativas muito curiosa. Ainda iria rodar mais cinco títulos em Inglaterra, antes de ser chamado por Hollywood, onde se estrearia, em 1940, com esse fabuloso “Rebecca”. 
Certamente que uma das razões para o interesse dos estúdios norte-americanos por Alfred Hitchcok se ficou a dever ao sucesso crítico e de público deste “The 39 Steps”, seguramente um dos seus filmes ingleses de maior prestígio. Retirado de um romance de um escritor escocês, John Buchan, adaptado ao cinema por Charles Bennett, Ian Hay e pelo próprio Hitchcock, a obra voltaria a interessar outros realizadores, como Ralph Thomas (1959) e Don Sharp (1978), sem atingir os mesmos resultados. James Hawes dirigiu uma versão para televisão, em 2008, e “The 39 Steps” encontra-se presentemente em produção para uma nova adaptação cinematográfica. Acrescente-se que, em 2007, se estreou no West End, em Londres, um divertido espectáculo teatral com o título "John Buchan’s The 39 Steps" que rapidamente passou para a Broadway, no ano seguinte, com um mais ajustado título, "Alfred Hitchcock’s The 39 Steps," (que, posteriormente, se veria em Lisboa, numa versão portuguesa), onde quatro actores interpretavam cerca de 250 pequenos papéis, em alegre paródia a alguns tiques e temas da obra do mestre inglês.


A história de “Os 39 Degraus” é interessante, mas nada de especialmente vibrante por si própria. Hannay (Robert Donat), um elegante canadiano a viver em Londres, entra num salão de music-hall, onde se apresenta Mr. Memory, “o homem mais poderoso do mundo”, pois decora tudo o que lhe passa pela frente e responde a todas as perguntas da intrigada assistência. No meio do espectáculo, ouve-se um tiro, dá-se a debandada geral e Hannay descobre-se, à saída, acompanhado por uma estranha mulher que pede refúgio em sua casa. Ela explica que anda a ser perseguida, que a querem matar, que ela sabe que alguém quer desviar planos secretos ingleses para o estrangeiro. O perfeito gentleman Hannay oferece-lhe a sua cama, indo ele dormir para a sala, mas durante a noite a desconhecida cai-lhe literalmente em cima, apenas por que foi apunhalada pelas costas. Hannay apanha, além do susto, um papel das mãos da mulher e foge, tentando descobrir o que está por detrás do crime e da possível acção de espionagem. Nada mais se diz para não retirar o suspense à trama, mas fundamentalmente o suspense é todo ele obra do mestre do mesmo que consegue aguentar firme uma extravagante perseguição e executá-la com uma mestria plástica invulgar.
A obra abre logo com um sumptuoso momento visual, com um letering em néon anunciando o MUSIC HALL. Depois, a câmara acompanha os pés de alguém que entra no London Palladium, um recinto de espectáculos, lotado e barulhento. Será esse homem que nada tem a ver com a aventura em que se vê envolvido o herói desta obra de Hitch que prolonga assim um dos seus temas de eleição, o do falso culpado, que terá, anos mais tarde, em “Intriga Internacional” uma espécie de versão norte-americana destes “39 Degraus” ingleses. Quem lesse o livro poderia esperar por escadas, que elas ali são bem expressas, mas quem vê o filme bem pode desesperar, que elas não irão surgir, pois a referência, pelo punho de Hitchcock, tem a ver com um grupo de sabotadores.

Entre o livro e o filme há ainda inúmeras diferenças e algumas criações do cineasta, como por exemplo a cena em que Hannay se refugia em casa de um agricultor, ciumento e puritano, casado com uma mulher que tudo faria para dar uma voltinha mais íntima com o desconhecido que lhe entra pela porta dentro, mas que o marido coloca pragmaticamente à distância. Também nestas perversas referências sexuais o filme é fértil, desde as algemas que unem Hannay a uma bela desconhecida que o quer entregar à polícia, até esta magnífica sequência em casa do agricultor. Veja-se a troca de olhares que se estabelece durante o jantar, com o rural a fazer as suas orações, Hannay a olhar para um jornal que se encontra em cima da mesa, com a notícia do fugitivo da justiça, com a mulher a perceber o que se passa e a calar a denúncia, indo mesmo mais tarde ao ponto de oferecer a Hannay a fuga, envolto no casacão do marido.
Há outras sequências dignas de registo, muito embora toda a obra assuma uma coerência e homogeneidade estilística assinaláveis. Por exemplo a viagem de carro, com Hannay e a companheira algemados no banco traseiro de uma viatura conduzida por falsos polícias, e a consequente fuga do casal, a estadia dos fugitivos numa estalagem onde recebem a hospitalidade dos donos que os tomam por apaixonados em furtiva lua-de-mel, ou a derradeira aparição de Mr. Memory, que irá finalmente deslindar o caso, são momentos que marcam bem a genialidade do trabalho de Hitchcock que, como já dissemos atrás, utiliza sabiamente os poderes do som para introduzir efeitos muito curiosos. Logo no início, uma mulher descobre um cadáver e o seu grito de horror confunde-se com o silvo de um comboio a entrar num túnel, criando um belo efeito de montagem. As soluções plásticas que eram uma das bases do cinema mudo, ao nível da imagem, começam já a ser habilmente exportadas para o som.
O filme é admiravelmente fotografado por Bernard Knowles, num preto e branco de grande envolvência, com arrojados enquadramentos, onde a herança expressionista ainda é visível. Também no campo da interpretação, Robert Donat se mostra de grande elegância e eficiência, tendo a seu lado a bela Madeleine Carroll e um elenco dirigido na perfeição.


OS 39 DEGRAUS
Título original: The 39 Steps
Realização: Alfred Hitchcock (Inglaterra, 1935); Argumento: Charles Bennett, Ian Hay, segundo romance de John Buchan; Produção: Michael Balcon, Ivor Montagu; Música: Jack Beaver, Louis Levy; Fotografia (p/b): Bernard Knowles; Montagem: Derek N. Twist; Direcção artística: Oscar Friedrich Werndorff, Albert Jullion; Guarda-roupa: Marianne, Joe Strassner; Assistente de realização: Pen Tennyson; Departamento de arte: Albert Whitlock; Som: A. Birch; Efeitos especiais: Philippo Guidobaldi, Jack Whitehead; Anotadora: Alma Reville; Companhia de produção: Gaumont British Picture Corporation; Intérpretes: Robert Donat (Hannay), Madeleine Carroll (Pamela), Lucie Mannheim (Miss Smith), Godfrey Tearle (Professor Jordan), Peggy Ashcroft (mulher de Crofter), John Laurie (Crofter), Helen Haye (Mrs. Jordan), Frank Cellier (Sheriff), Wylie Watson, Gus McNaughton, Jerry Verno, Peggy Simpson, Ivor Barnard, Charles Bennett, Noel Birkin, Ex-Det. Sergt. Bishop, Matthew Boulton, Edgar K. Bruce, Kate Cutler, Philip Desborough, Pat Hagate, Alfred Hitchcock (passageiro perto de autocarro), Carleton Hobbs, Vida Hope, Robert Horton, Elizabeth Inglis, etc. Duração: 86 minutos; Distribuição em Portugal (cinema): Filmes Luís Machado (1936); Classificação etária: M/12 anos; Data de estreia em Portugal: 11 de Maio de 1936.

ALFRED HITCHCOCK 
(1899-1980)
Alfred Joseph Hitchcock nasceu a 13 de Agosto de 1899, em Leytonstone, Essex, Londres, segundo filho dos três que o casal William Hitchcock (1862–1914) e Emma Jane Hitchcock (Whelan de nome de nascimento: 1863–1942) deram à luz. O pai tinha um lugar de venda de frutas e hortaliças e uma forte convicção religiosa, católica e puritana, que o levou a enviar o filho para uma escola londrina, o St. Ignatius College, em Stamford Hill, de forte inspiração jesuíta, baseado nos ensinamentos de Inácio de Loyola.
Aos 14 anos, Hitchcock ficou órfão de pai, teve de abandonar a escola que frequentava e passou a cursar a London County Council School of Engineering and Navigation, em Poplar. Principia a trabalhar, o que faz na W. T. Henley Telegraph and Cable Company, como fabricante de cabos eléctricos, onde desenvolveu igualmente trabalhos em design gráfico de publicidade. Pouco depois, começa a interessar-se por fotografia e cinema e o seu primeiro trabalho nesta área é desenhar genéricos e intertítulos para filmes mudos. Em 1920, vamos encontrá-lo nos Islington Studios, uma sucursal de estúdios norte-americanos, da Famous Players-Lasky, e da sua sucessora inglesa, Gainsborough Pictures. Colabora numa série de obras de que, na actualidade, se desconhecem cópias. Sabem-se os títulos: “The Call of Youth”, “The Great Day”, “Appearances”, “The Mystery Road”, “The Princess of New York”, “Dangerous Lies” ou  “The Bonnie Brier Bush”, todos de 1921. De designer gráfico passou rapidamente a director de arte, a assistente de realização, argumentista, e realizador. São deste período filmes como “The White Shadow”, “The Prude's Fall”, “The Passionate Adventure” ou “Die Prinzessin und der Geiger”, rodado na Alemanha, no Studio Babelsberg, em Potsdam, perto de Berlim, e dirigido por Graham Cutts. Na Alemanha, Hitchcock observa o labor de Fritz Lang, Pabst e Murnau, cineastas que o irão influenciar a partir daí. “Com Murnau aprendi a contar uma história sem palavras.”
Entretanto, tem os seus escritores preferidos, desde a juventude, Dickens, Poe, Cherterton, Conan Doyle, Wilkie Collins, entre outros. Perde-se a frequentar museus. Detesta o escuro: “A escuridão representa o desconhecido e sempre preferi o que me era familiar. Uma pessoa nunca sabe o que pode estar à espreita na escuridão.”
O início da sua carreira como realizador parece ter sido difícil. Em 1921, por doença do director Hugh Croise, termina, de colaboração com Seymour Hicks, “Always Tell Your Wife”, uma curta-metragem, onde o seu nome não aparece creditado. Em 1922, inicia “Number 13”, que nunca terminou e de que, tudo indica, se terá perdido todo o material. Segue-se “The Pleasure Garden” (O Jardim do Prazer) cuja realização Michael Balcon, da Gainsborough Pictures, entrega a Hitchcock que o roda nos estúdios da UFA, na Alemanha, mas que se transforma num verdadeiro desastre comercial. Em 1926, o drama “The Mountain Eagle” (na América distribuído sob o título “Fear of God”, ao que tudo indica), filmado nos Alpes do Tirol, desapareceu de circulação. O primeiro grande sucesso de Hitchcock como director surge em 1926, com um filme de “suspense”, bem à sua maneira, com um falso culpado e tudo. É mais uma variação sobre o caso de Jack, o Estripador, adaptando um romance de Marie Belloc Lowndes. “The Lodger: A Story of the London Fog” foi o maior sucesso do cinema britânico em 1927 e assinala influências muito seguras do expressionismo alemão, que, aliás, irão perseguir o autor ao longo de toda a sua carreira. Esta será, igualmente, a primeira obra que conta com a sua rápida aparição física (num “cameo”), como figurante, efeito que se irá tornar obsessivamente uma das suas marcas. Para Hitch este terá sido o seu primeiro filme verdadeiramente “hitchcockeano”.
No seu período inglês, cimenta uma reputação que o faz chegar triunfalmente à América. O êxito de obras como “O Homem que Sabia Demasiado”, “Os 39 Degraus” ou “Desaparecida” chamaram a atenção dos grandes estúdios de Hollywood e Alfred Hitchcock, a convite do produtor David O. Selznick, parte para os EUA, em 1939. O primeiro filme rodado em território americano foi “Rebecca”, com o qual foi de imediato nomeado como melhor realizador e a obra melhor filme do ano, Oscar que viria a vencer. Os seus trabalhos seguintes confirmam-no como um doa maiores cineastas de sempre.
Casado com Alma Reville, sua companheira e colaboradora ao longo de toda a vida, em Setembro de 1940, a família compra um rancho perto de Scotts Valley nas Montanhas de Santa Cruz. Trata-se do Cornwall Ranch que passará, a partir daí, a ser a residência oficial, quando não permanecem na sua casa de Bel Air. Hitchcock morre no dia 29 de Abril de 1980, de insuficiência renal, na sua casa de Bel Air, Los Angeles. Tinha 80 anos. O corpo foi cremado e as cinzas lançadas sobre o Oceano Pacífico. Quatro meses antes, recebera das mãos da Rainha Isabel II a comenda de Cavaleiro da Ordem do Império Britânico. Entretanto em 1979, a AFI entregara-lhe o “Life Achievement Award” desse ano.
Afirmar Alfred Hitchcock como “o mestre do suspense” é dizer muito pouco. Ele foi-o incontestavelmente, mas ao analisar globalmente a sua obra não se deve ficar com a ideia de que Hitch era um mero realizador de divertimentos macabros que empolgaram as plateias de todo o mundo. Alfred Hitchcock foi um dos grandes autores da história do cinema, por muito que ele procurasse aligeirar a concepção e repetisse amiudadas vezes que “Não passa de um filme!”.
A sua filmografia é das que maior coerência ostenta em toda a história do cinema. Hitch era homem de convicções fortes, de obsessões firmes, de temática constante, de um rigor formal e estilístico que assombram. Ainda hoje a maioria dos seus filmes não se deixaram corromper por uma ruga, não envelheceram um minuto e mantêm uma modernidade de olhar e de construção que espantam. Alfred Hitchcock abordou os assuntos do seu tema, mas interessou-se sobretudo pela condição humana. O que é eterno. Fê-lo, simultaneamente, com um entusiasmo e um distanciamento, um humor e uma profundidade, um realismo e uma intuição que o tornam ímpar. Foi contemporâneo do seu tempo sem se deixar aprisionar pelo imediatismo das questões.
Parece lenda, mas a família corrobora, inclusive a sua filha Patricia Hitchcock: quando era muito jovem, Alfred Hitchcock foi apanhado pelo pai numa qualquer traquinice que a severidade da educação católica não permitia. Como castigo, William Hitchcock escreveu um rápido recado num bilhete, meteu-o na mão do filho, e mandou-o levar a um polícia amigo, numa esquadra próxima. O recado dizia que o jovem devia ser enclausurado numa cela. Assim se fez e Alfred Hitchcock conheceu o terror, não mais de alguns minutos, é certo, mas o bastante para o marcar para a vida toda.
Em virtude da sua obra futura, quase poderíamos saudar o acontecimento, tanto mais que a sua vida privada não parece ter sido particularmente aterrorizada pela ocorrência. Mas todas as peripécias da sua juventude ter-se-ão vincado bem na obra que viria a construir. Também a mãe parece não ter sido branda nos castigos que impunha. Obrigava muitas vezes o jovem Hitch a ficar horas, de pé, ao lado da sua cama, como punição para qualquer pequena travessura. Obeso desde criança, Hitch sentia-se só e mal-amado. O seu modelo de homem era Gary Grant, confessa anos mais tarde, mas o seu humor fazia-o ultrapassar os possíveis traumas. “O meu maior sonho era entrar numa loja de roupa de homem e comprar um fato já feito.” Terá transportado para os seus filmes todas estas experiências, numa espécie de exorcismo, ou de sublimação.

Filmografia
Como realizador
Período inglês: 1922: Number 13 (não terminado, possivelmente perdido); 1923: Always Tell Your Wife; 1925: The Pleasure Garden (O Jardim do Prazer); 1926: The Mountain Eagle (A Águia da Montanha); 1927: The Lodger, a Story of the London Fog (O Hóspede); Downhill (O Declive); The Ring (O Anel); 1928: Easy Virtue (Virtude Fácil); The Farmer's Wife (A Mulher do Lavrador); Champagne (Champagne); 1929: The Manxman (Pobre Pete); Harmony Heaven (Céu Harmonioso); Blackmail (Chantagem); 1930: Elstree Calling (Elstree Chama); An Elastic Affair; Juno and the Paycock (Juno e Paycock); Murder! (Assassínio); 1931: The Skin Game (Jogo Fraudulento); Mary (Maria); 1932: Rich and Strange (Ricos e Estranhos); Number Seventeen (Número Dezassete); Lord Camber’s Ladies; 1934: The Man Who Knew Too Much (O Homem Que Sabia Demasiado); Waltzes from Vienna (Valsas de Viena); 1935: The 39 Steps (Os 39 Degraus); 1936: Secret Agent (Os 4 Espiões); Sabotage (À 1 e 45); 1937: Young and Innocent (Jovem e Inocente); 1938: The Lady Vanishes (Desaparecida!); 1939: Jamaica Inn (A Pousada da Jamaica),
Período americano: 1940: Rebecca (Rebecca); 1940: Foreign Correspondent (Correspondente de Guerra); 1941: Mr. & Mrs. Smith (O Sr. e Sra. Smith); Suspicion (Suspeita); 1942: Saboteur (Sabotagem); 1943: Shadow of a Doubt (Mentira); 1944: Aventure Malgache (Aventura Malgache); Bon Voyage (Boa Viagem); Lifeboat (Um Barco e Nove Destinos); The Fighting Generation; 1945: Watchtower Over Tomorrow; Spellbound (A Casa Encantada); 1946: Notorious (Difamação); 1947: The Paradine Case (O Caso Paradine); 1948: Rope (A Corda); 1949: Under Capricorn (Sob o Signo de Capricórnio); 1950: Stage Fright (Pânico nos Bastidores); 1951: Strangers on a Train (O Desconhecido do Norte-Expresso); 1953: I Confess (Confesso!); 1954: Dial M for Murder (Chamada para a Morte); 1954: Rear Window (A Janela Indiscreta); 1955: To Catch a Thief (Ladrão de Casaca); The Trouble with Harry (O Terceiro Tiro); 1956: The Man Who Knew Too Much (O Homem Que Sabia Demais); The Wrong Man (O Falso Culpado); 1958: Vertigo (A Mulher Que Viveu Duas Vezes); 1959: North by Northwest (Intriga Internacional); 1960: Psycho (Psico); 1963: The Birds (Os Pássaros); 1964: Marnie (Marnie) ; 1966: Torn Curtain (Cortina Rasgada) ; 1969: Topaz (Topázio); 1972: Frenzy (Perigo na Noite); 1976: Family Plot (Intriga em Família).

Realizador e produtor de TV: 1955-1962: Alfred Hitchcock Presents: 268 episódios, dos quais alguns dirigidos por si: 1955: "Revenge", "Breakdown", "The Case of Mr. Pelham"; 1956: "Back for Christmas", "Wet Saturday", "Mr. Blanchard's Secret"; 1957: "One More Mile to Go", “Four O’Clock”, "The Perfect Crime"; 1958: "Lamb to the Slaughter", "Dip in the Pool", "Poison"; 1959: "Banquo's Chair", "Arthur", "The Crystal Trench"; 1960: “Incident at Corner”, "Mrs. Bixby and the Colonel's Coat"; 1961: "The Horseplayer", "Bang! You're Dead", “I Saw The Whole Thing”.
1962-1965: The Alfred Hitchcock Hour: 92 episódios, tendo dirigido apenas 1 deles, "I Saw the Whole Thing" (1962). 1957: dirigiu o episódio "Four O'Clock" da série “Suspicion”. 1960: dirigiu o episódio "Incident at a Corner" da série “Startime”.

ROBERT DONAT (1905-1958)
Friedrich Robert Donath, com ascendência polaca, nasceu a 18 de Março de 1905, em Withington, Manchester, Inglaterra e viria a falecer em Londres, a 6 de Junho de 1958, vítima de um ataque de asma. Apesar de uma pronúncia característica do norte de Inglaterra, e de ser asmático desde novo, cedo se interessou pelo teatro, representando Shakespeare e outros clássicos desde os 16 anos, em companhias teatrais que viajavam pela província. Em 1924, junta-se à companhia de Sir Frank Benson e, posteriormente, ao Liverpool Repertory Theater. Alexander Korda, o célebre produtor inglês, oferece-lhe um contrato de três anos, para aparecer em várias obras, entre as quais se conta “A Vida Privada de Henrique VIII” (1933). Em Hollywood, ficou famosa a sua composição em “The Count of Monte Cristo”. “The 39 Steps” (1935) foi um dos seus momentos de glória, numa carreira precocemente terminada. Foi nomeado para Oscar de Melhor actor em A Cidadela (1938), Oscar que ganharia no ano seguinte, em “Goodbye, Mr. Chips”. Apesar de muito apreciado nos EUA, manteve-se fixo em Inglaterra, no teatro e no cinema, onde interpretou um curioso grupo de filmes, tendo ainda escrito, produzido e realizado “The Cure for Love” (1949). A sua doença impunha já uma garrafa de oxigénio no estúdio e foi assim que terminou “A Pousada da Sexta Felicidade” (1958), seu derradeiro filme. A sua derradeira frase no filme, dirigida a Ingrid Bergman, foi premonitória: “Creio que não nos voltaremos a ver”. Assim foi.
Casado com Ella Annesley Voysey (1929 - 1946), de quem teve três filhos, e após o divórcio, com Renée Asherson (1953 - 1958). Peter Sellers tinha-o como o seu actor preferido, a quem considerava “um deus”. Já o próprio Donat tinha como actores de eleição Charles Chaplin, Paul Muni, Spencer Tracy, Greta Garbo e Deanna Durbin.

Filmografia
Como actor
1932: That Night in London, de Rowland V. Lee; Men of Tomorrow, de Zoltan Korda e Leontine Sagan; 1933: Cash, de Zoltan Korda; The Private Life of Henry VIII (A Vida Privada de Henrique VIII), de Alexandre Korda; 1934: The Count of Monte Cristo (O Conde de Monte Cristo), de Rowland V. Lee; 1935: The 39 Steps (Os 39 Degraus), de Alfred Hitchcock; The Ghost Goes West (Vende-se Um Fantasma), de René Clair; 1937: Knight without armour (Cavaleiro Sem Armas), de Jacques Feyder; 1938: The Citadel (A Cidadela), de King Vidor; 1939: Goodbye, Mr. Chips (Adeus, Mr. Chips), de Sam Wood; 1942: The Young Mr. Pitt (Pitt, Vencedor de Napoleão), de Carol Reed; 1943: The Adventures of Tartu (As Aventuras de Tartu), de Harold S. Bucquet; The New Lot (curta-metragem); 1945: Perfect Strangers (Férias de Casamento), de Jack Conway; 1947: Captain Boycott (Capitão Boycott), de Frank Launder; 1948: The Winslow Boy (Causa Célebre), de Anthony Asquith; 1949: The Cure for Love, de Robert Donat; 1950: The Cure for Love, de Robert Donat; 1951: The Magic Box, de John Boulting; 1954: Lease of Life (Escândalo na Aldeia), de Charles Frend; 1956: Kraft Television Theatre (série de TV); 1958: The Inn of the Sixth Happiness (A Pousada da Sexta Felicidade), de Mark Robson.
Como argumentista, produtor e realizador: 1949: The Cure for Love, de Robert Donat.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

PROGRAMAÇÃO 2014


MASTERCLASS DE HISTÓRIA DO CINEMA / LAURO ANTÓNIO
AUDITÓRIO MUNICIPAL MAESTRO CÉSAR BATALHA
GALERIAS ALTO DA BARRA / OEIRAS / 2014
O MELHOR DO CINEMA INGLÊS (1935-2000)

A história do cinema inglês entre 1935 e o final de século XX, vista através de alguns filmes essenciais, representativos dos principais cineastas, actores, géneros, estúdios, e ainda de alguns escritores muito adaptados ao cinema. Alfred Hitchcock, David Lean, Michael Powell, Emeric Pressburger, Laurence Olivier, Alberto Cavalcanti, Anthony Asquith, Carol Reed, Alexander Mackendrick, Terence Fisher, Tony Richardson, Karel Reisz, Jack Clayton, Lindsay Anderson, Richard Lester, Michael Radford, Roland Joffé, James Ivory, John Boorman, Peter Greenaway, Danny Boyle, Mike Leigh, Ken Loach, Stephen Frears, Terence Davies, entre muitos outros cineastas, estão representados, bem como alguns estrangeiros que vieram habitar Inglaterra, como Joseph Losey ou Stanley Kubrick. Grandes momentos como o Free Cinema, a comédia dos estúdios Earling, o terror da Hammer, o documentarismo dos anos 40, o cinema social dos anos 90, a vanguarda, as adaptações literárias estão igualmente apresentados. Muitos dos brilhantes actores que a Inglaterra ofereceu ao mundo aparecem em obras importantes. De uma cinematografia tão vasta e rica como a inglesa difícil será reduzir o essencial a cerca de 60 títulos, mas a selecção que se propõe, embora necessariamente pessoal, permite estabelecer uma panorâmica relativamente exemplar do que tem sido a contribuição do cinema britânico para a história da cinematografia mundial. A apresentação pública será por ordem cronológica. Ao longo de toda a Masterclass serão distribuídas folhas relativas a cada título, com fichas técnicas, textos informativos e críticos e notas biográficas e históricas, referentes a personalidades e temas, segundo “entradas” de dicionário.

PROGRAMAÇÃO PREVISTA


1ª sessão - 4 de Fevereiro de 2014
Os 39 Degraus (The 39 Steps), de Alfred Hitchcock (1935), com Robert Donat, Madeleine Carroll, etc. 81 min; M / 12 anos.
2ª sessão - 11 de Fevereiro de 2014
Pigmalião (Pygmalion), de Anthony Asquith (1938), com Leslie Howard, Wendy Hiller, etc. 90 min; M / 12 anos.
3ª sessão - 18 de Fevereiro de 2014
A Vida do Coronel Blimp (The Life and Death of Colonel Blimp), de Michael Powell e Emeric Pressburger (1943), com Anton Walbrook, Roger Livesey, Deborah Kerr, etc.  163 min; M / 12 anos.
4ª sessão - 25 de Fevereiro de 2014
Sob Duas Bandeiras (Champagne Charlie), de Alberto Cavalcanti (1944), com Tommy Trinder, Stanley Holloway, etc. 107 min; M / 12 anos.
5ª sessão - 4 de Março de 2014
(sessão especial, de Carnaval, fugindo à ordem cronológica)
Oito Vidas por um Título (Kind Hearts and Coronets), de Robert Hamer (1949), com Alec Guiness, Dennis Price, Valerie Hobson, Joan Greenwood, etc.               91 min; M / 12 anos.
6ª sessão - 11 de Março de 2014
Henrique V (Henry V), de Laurence Olivier (1944), com Laurence Olivier, Robert  Benton, etc. 137 min; M / 12 anos.
7ª sessão - 18 de Março de 2014             
Breve Encontro (Brief Encounter), de David Lean (1945), com Celia Johnson, Trevor Howard, Stanley Holloway, etc. 86 min; M / 12 anos.                          
8ª sessão - 25 de Março de 2014
O Terceiro Homem (The Third Man), de Carol Reed (1947) com Joseph Cotten, Orson Welles, Trevor Howard, etc. 95 min; M / 12 anos.
9ª sessão - 1 de Abril de 2014
Nicholas Nickleby (Nicholas Nickleby), de Alberto Cavalcanti (1947), com Derek Bond, Cedric Hardwicke, Stanley Holloway, etc. 103 min; M / 12 anos.
10ª sessão - 8 de Abril de 2014
As Aventuras de Oliver Twist (Oliver Twist), de David Lean (1948), com Robert Newton, Alec Guiness, Howard Davies, etc. 111 min; M / 12 anos.
11ª sessão - 15 de Abril de 2014
Os Sapatos Vermelhos (The Red Shoes), de Michael Powell e Emeric Pressburger (1948), com Moira Shearer, Anton Walbrook, etc. 128 min; M / 12 anos.
12ª sessão - 22 de Abril de 2014 (sessão dupla)
O Homem do Fato Claro (The Man in the White Suit), de Alexander Mackendrick (1951), com Alec Guiness, Joan Greenwood, Cecil Perker, etc. 85 min; M / 12 anos.
Roubei um Milhão (The Lavender Hill Mob), de Charles Crichton (1951), com Alec Guinness, Stanley Holloway, Sidney James, etc. 78  min; M / 12 anos.
13ª sessão - 29 de Abril de 2014
O Quinteto era de Cordas (The Ladykillers), de Alexander Mackendrick (1955), com Alec Guiness, Herbert Lom, Peter Sellers, Cecil Parker, etc. 91 min; M / 12 anos.
14ª sessão - 6 de Maio de 2014 (sessão dupla)
A Máscara de Frankenstein (The Curse of Frankenstein), de Terence Fisher (1957), com Christopher Lee, Peter Cushing, etc. 83 min; M / 12 anos.
O Horror de Drácula (Dracula), de Terence Fisher (1958), com Christopher Lee, Peter Cushing, etc. 82 min; M / 12 anos.
15ª sessão - 13 de Maio de 2014                            
Paixão Proibida (Look Back in Anger), de Tony Richardson (1959), com Richard Burton, Claire Blooom, Marie Ure, etc. 98 min; M / 12 anos. Em inglês, sem legendas em Português.
16ª sessão - 20 de Maio de 2014             
Um Lugar na Alta Roda (Room at the Top), de Jack Clayton (1959), com Laurence Harvey, Simone Signoret, etc. 112 min; M / 12 anos. Em inglês, sem legendas em Português.
17ª sessão - 27 de Maio de 2014             
Com Jeito Vai Mestre (Carry on Teacher), de Gerard Thomas (1959), com Kenneth Williams, Leslie Phillips, etc. 86 min; M / 12 anos.
18ª sessão -3 de Junho de 2014
Sábado à Noite, Domingo de Manhã (Saturday Night, Sunday Morning), de Karel Reisz (1960), com Albert  Finney, Rachel Roberts, Shirley Anne Fiels, etc. 85 min; M / 12 anos. Em inglês, sem legendas em Português.
19ª sessão - 10 de Junho de 2014
A Aldeia dos Malditos (Village of the Damned), de Wolf Rilla (1960), com George  Sanders, Barbara Shelley, etc. 77 min; M / 12 anos.
20ª sessão -17 de Junho de 2014
Uma Gota de Mel (A Taste of Honey), de Tony Richardson (1961), com Rita Tushingham, Dora Bryan, Robert Stephens, etc.  97 min; M / 12 anos.
21ª sessão -18 de Junho de 2014
Os Inocentes (The Innocents), de Jack Clayton (1961), com Deborak Kerr, Michael Redgrave, etc. 96 min; M / 12 anos.
22ª sessão -24 de Junho de 2014
007 - Agente Secreto (Dr. No), de Terence Young (1962), com Sean Connery, Ursula Andrews, Joseph Wiseman, etc. 110 min; M / 12 anos. 
23ª sessão -25 de Junho de 2014
Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia), de David Lean (1962), com Peter O’ Toole, Alec Guiness, Anthony Quinn, Jack Hawkins, etc. 218 min; M / 12 anos.
24ª sessão -1 de Julho de 2014
A Velha Descobre o Crime (Murder at the Gallop), de George Pollock (1963), com Margaret Rutherford, Robert Morley, Flora Robson, etc. 81 min; M / 12 anos.
25ª sessão -2 de Julho de 2014
O Deus das Moscas (Lord of the Flies), de Peter Brook (1963), com James Aydrey, Tom Chapin, etc. 87 min; M / 12 anos. Em inglês, sem legendas em Português.   
26ª sessão -8 de Julho de 2014
Na Terra Como no Céu (Heavens Above!), de John Boulting, Roy Boulting (1963), com Peter Sellers, Cecil Parker, etc. 113 min; M / 12 anos.
27ª sessão -9 de Julho de 2014
Jogador Profissional (This Sporting Life), de Lindsay Anderson (1963), com Richard Harris, Rachel Roberts, Colin Blakely, etc. 107 min; M / 12 anos. Em inglês, sem legendas em Português.
28ª sessão -15 de Julho de 2014
O Criado (The Servant), de Joseph Losey (1963), com Dirk Bogarde, Sarah Miles, James Fox, etc. 111 min; M / 12 anos. Em inglês, sem legendas em Português.
29ª sessão -16 de Junho de 2014
Os Quatro Cabeleiras do Após-Calipso (A Hard Day's Night), de Richard Lester (1964), com John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Ringo Star, Wilfrid Brambell, etc. 77 min; M / 12 anos.
30ª sessão -22 de Julho de 2014
À Beira do Abismo (Seance on a Wet Afternoon), de Bryan Forbes (1964), com Richard Attenbourgh, Kim Stanley, etc. 111 min; M / 12 anos.
31ª sessão - 23 de Julho de 2014
Os Comediantes (The Comedians), de Peter Glenville (1967), com Richard Burton, Elizabeth Taylor, Alec Guiness, Peter Ustinov, etc. 145 min; M / 12 anos.
32ª sessão - 29 de Julho de 2014
Oliver! (Oliver!), de Carol Reed (1968), com Ron Moody, Mark Lester, Oliver Reed, etc. 153 min; M / 12 anos.
33ª sessão - 30 de Julho de 2014
Isadora (Isadora), de Karel Reisz (1968), com Vanessa Redgrave, James Fox, Jason Robards, etc. 138 min; M / 12 anos.
34ª sessão - 5 de Agosto de 2014
A Vida Íntima de Sherlock Holmes (The Private Life of Sherlock Holmes), de Billy Wilder (1970), com Robert Stephens, Colin Blakely, etc. 120 min; M / 12 anos.
35ª sessão - 6 de Agosto de 2014
A Laranja Mecânica (A Clockwork Orange), de Stanley Kubrick (1971), com Malcolm McDowell, Patrick Magee, etc. 131 min; M / 12 anos.
36ª sessão - 12 de Agosto de 2014
O Mensageiro (The Go-Between), de Joseph Losey (1971), com Julie Christie, Alan Bates, etc. 116 min; M / 12 anos.
37ª sessão - 13 de Agosto de 2014 
Aquele Inverno em Veneza (Don’t Look Now), de Nicholas Roeg (1973), com Donald Sutherland, Julie Christie, etc. 104 min; M / 12 anos.           
38ª sessão - 19 de Agosto de 2014
Monty Python e o Cálice Sagrado (Monty Python and the Holy Grail), de Terry Gilliam, Terry Jones (1975), com John Cleese, Terry Gilliam, Terry Jones, Michael Palin, Graham Chapman, Eric Idle, etc. 86 min; M / 12 anos.
39ª sessão - 20 de Agosto de 2014
Morte no Nilo (Death on the Nile), de John Guillermin (1978), com Peter Ustinov, David Niven, Angela Lansbury, etc. 134 min; M / 12 anos.
40ª sessão - 26 de Agosto de 2014
Momentos de Glória (Chariots of Fire), de Hugh Hudson (1981), com Ben Cross, Ian Charleson, Nicholas Farrell, etc. 124 min; M / 12 anos.
41ª sessão - 27 de Agosto de 2014
Gandhi (Gandhi), de Richard Attenborough (1982), com Ben Kingsley, Candice Bergen, John Gielgud, etc. 183 min; M / 12 anos.
42ª sessão - 2 de Setembro de 2014
A Educação de Rita (Educating Rita), de Lewis Gilbert  (1983), com Michael Caine, Julie Walters, etc. 110 min; M / 12 anos.
43ª sessão - 3 de Setembro de 2014
1984 (1984), de Michael Radford (1984), com John Hurt, Richard Burton, etc. 113 min; M / 12 anos.
44ª sessão - 9 de Setembro de 2014
A Missão (The Mission), de Roland Joffé (1986), com Jeremy Irons, Robert De Niro, etc. 125 min; M / 12 anos.
45ª sessão - 10 de Setembro de 2014
Esperança e Glória (Hope and Glory), de John Boorman (1987), com Sarah Miles, David Hayman, etc. 113 min; M / 12 anos.
46ª sessão - 16 de Setembro de 2014
Ligações Perigosas (Dangerous Liaisons), de Stephen Frears (1988),com Glenn Close, John Malkovich, Michelle Pfeiffer, etc.  112 min; M / 12 anos.
47ª sessão - 23 de Setembro de 2014
Regresso a Howards End (Howards End), de James Ivory (1992), com Anthony Hopkins, Venessa Redgrave, Helena Bonham Carter, etc. 137 min; M / 12 anos.
48ª sessão – 30  de Setembro de 2014
Muito Barulho para Nada (Much Ado About Nothing), de Kenneth Branagh (1993), com Emma Thompson, Kenneth Branagh, Keanu Reeves, etc. 111 min; M / 12 anos.
49ª sessão – 7  de Outubro de 2014
Chuva de Pedras (Raining Stones), de Ken Loach (1993), com Bruce Jones, Julie Brown, Gemma Phoenix, etc. 90 min; M / 12 anos.
50ª sessão – 14  de Outubro de 2014
Quatro Casamentos e um Funeral (Four Weddings and a Funeral), de Mike Newell (1994), com Hugh Grant, Andie MacDowell, etc. 117 min; M / 12 anos.
51 sessão – 21  de Outubro de 2014
O Livro de Cabeceira (The Pillow Book), de Peter Greenaway (1995), com Vivian Wu, Yoshi Oida, etc. 120 min; M / 12 anos.
52ª sessão – 28  de Outubro de 2014    
Sensibilidade e Bom Senso (Sense and Sensibility), de Ang Lee (1995), com Emma Thompson, Kate Winslet, James Fleet, etc.  136 min; M / 12 anos.
53ª sessão – 4  de Novembro de 2014
Trainspotting (Trainspotting), de Danny Boyle (1996), com Ewan McGregor, Ewen Bremner, Jonny Lee Miller, etc. 93 min; M / 12 anos.
54ª sessão – 11  de Novembro de 2014
Segredos e Mentiras (Secrets & Lies), de Mike Leigh (1996), com Timothy Spall, Brenda Blethyn, Phyllis Logan, Marianne Jean-Baptiste, etc. 142 min; M / 12 anos.
55ª sessão – 18  de Novembro de 2014
Bean, um Autêntico Desastre (Bean), de Mel Smith (1997), com Rowan Atkinson, Peter MacNicol, John Mills, etc. 85 min; M / 12 anos.
56ª sessão – 25  de Novembro de 2014
Ou Tudo ou Nada (The Full Monty), de Peter Catteneo (1997), com Robert Carlyle, Tom Wilkinson, etc. 91 min; M / 12 anos.
57ª sessão – 2  de Dezembro de 2014
O Fim da Aventura (The End of the Affair), de Neil Jordan (1999), com Ralph Fiennes, Julianne Moore, Stephen Rea, etc. 98 min; M / 12 anos.
58ª sessão – 9  de Dezembro de 2014
Um Marido Ideal (An Ideal Husband), de Oliver Parker              (1999), com Rupert Everett, Cate Blanchet, Minnie Driver, Julianne Moore, etc. 97 min; M / 12 anos. Em inglês, sem legendas em Português.
59ª sessão – 16 de Dezembro de 2014
A Casa da Felicidade (The House of Mirth), de Terence Davies (2000), com Gillian Anderson, Dan Aykroyd, Eleanor Bron, etc. 134 min; M / 12 anos.
60ª sessão – 23 de Dezembro de 2014
A Fuga das Galinhas (Chicken Run), de Peter Lord, Nick Park (1997) animação; 84 min; M / 6 anos.