PIGMALIÃO (1938)
Diz-nos
a História que o mito de Pigmalião data da antiguidade clássica, havendo
referências ao mesmo na Grécia e em Roma. A versão que mais se aproxima da que
hoje consta dos dicionários deverá ser a que se prende com um tal Pigmalião,
rei de Chipre e escultor, que esculpiu a estátua de uma mulher ideal, pela qual
se apaixonou. O Pigmalião de Chipre achava as mulheres da ilha demasiado
libertinas e delas se afastara prometendo viver em celibato até ter descoberto
a obra-prima impoluta por si edificada. E como na mitologia havia muito
contacto entre os homens e os deuses, Afrodite resolveu transformar a pedra em
carne e osso, dando ao escultor uma mulher, com quem casou e de quem teve uma
filha, Pafos.
Esse
mito deu origem a muitas obras de arte, ao longo dos séculos, na pintura,
escultura, poesia, literatura e no teatro, quando, no início do século XX,
George Bernard Shaw, escreve “Pygmalon”, uma peça que actualiza um pouco o mito
e que se estreia precisamente em Londres em 1912. O escultor passa a especialista
em fonética, que descobre num mercado de Londres uma florista popular que jura
transformar numa dama da alta sociedade em poucos meses de intensas lições de
etiqueta e prática contínua de esmerada articulação fonética.
Na
peça, vamos encontrar o professor Henry Higgins que, ajudado pelo seu amigo
Coronel Pickering, resolve agarrar em Eliza Doolitle, uma florista jovem, mas
bronca e com uma horrorosa pronúncia cockney, com que se cruzara em Covent
Garden, e vai burilando o material humano até chegar à estátua pretendida.
Também Higgins não tem em muito bom apreço as mulheres em geral e Eliza em
particular. A andrajosa florista é trabalhada em casa de Higgins, para onde se
transfere com autorização do pai desta, que pouco se importa com esses
pormenores, desde que possa ir emborcando o seu álcool diário, e, depois de
lavada, perfumada, penteada, escovada, vestida a preceito, começa o seu
tirocínio para senhora de alta sociedade, capaz de frequentar recepções de reis
e princesas, sem destoar no quadro.
Socialista
e apologista da igualdade entre os sexos, George Bernard Shaw construiu uma
peça que tem uma multiplicidade de leituras e que se impôs rapidamente como uma
obra-prima da dramaturgia do século XX. Obviamente que o tema central é o
homem-deus que se arroga o direito de transformar a seu belo prazer uma outra
pessoa. As interpretações podem ser várias, desde o elogio da educação como
forma de elevar o ser humano, até uma premonição das lavagens ao cérebro dos
tempos modernos. Mas há pelo meio curiosas considerações sociais, na forma como
o dramaturgo tipifica certos comportamentos em função da sua classe social. Por
exemplo, quando levam Eliza para casa de Higgins, alguém pergunta a Alfred
Doolittle, o pai da jovem florista, se este “não tem moral”, ao que ele
responde: “Não tenho dinheiro para isso”, e mais ainda: “Estou sempre contra a
moral burguesa”. O que procura subtilmente relacionar a moral vigente com o
padrão social. O mesmo se poderá observar numa outra cena da obra, quando
Eliza, já consciente do perigoso jogo em que entrara, declara: “Antes vendia
flores em Covent Garden. Agora vendo-me a mim”.
Portanto,
não se trata somente de uma crítica à modelação dos seres humanos por outros, o
que sugere que a própria educação pode estar (e está quase sempre) ao serviço
da classe dominante, mas também de uma contundente observação social.
A peça
tem tido milhares de representações ao longo dos tempos, e muitas adaptações ao
cinema e ao teatro, a mais conhecida das quais será certamente o musical de George
Cukor, “Minha Querida Senhora” (My Fair Lady), com Rex Harrison, Audrey Hepburn
e Stanley Holloway nos principais papéis, surgido em 1964. O espectáculo, que
originariamente obtivera grande sucesso nos palcos da Broadway, a partir de
1956, com Julie Andrews no papel de Eliza Doolitle, tinha inspirada música de
Frederick Loewe e letras das canções de Alan Jay Lerner.
Mas,
três décadas antes, o inglês Anthony Asquith rodara uma outra adaptação que
contara ainda com a colaboração do próprio dramaturgo na escrita do argumento.
Era
sabido que George Bernard Shaw não apreciava muito as adaptações de obras suas
ao cinema, que ele próprio não controlasse, procurando manter-se o mais próximo
possível do seu texto original. No caso desta película de 1938, ele mesmo se
encarregou de verificar a justeza da nova versão, aceitando alguns cortes e uma
ou outra sugestão do realizador. Por outro lado, Bernard Shaw admirava a actriz
Wendy Hiller e ficou satisfeito com a sua escolha para o papel de Eliza, e
Leslie Howard, que iria interpretar a figura de Higgins e co-realizar o filme,
impôs-se facilmente. O resultado não poderia ter sido melhor e surge ainda hoje
como uma obra-prima de eficácia e sobriedade, mantendo-se escrupulosamente fiel
aos intentos do escritor e criando um magnífico clima vitoriano, onde à
elegância dos salões se opunha o desbragamento popular de Covent Garden e
arredores. O que se reúne na figura de Wendy Hiller que consegue passar
brilhantemente de uma a outra situação com igual convicção. Já Leslie Howard
mantém o seu esmerado tom de gentlemen, por vezes arrogante e caprichoso, mas
sempre de uma refinada elegância. Uma óptima versão cinematográfica de uma obra
teatral que consegue reverter para imagens o essencial da peça, servida por uma
criteriosa fotografia a preto e branco com a assinatura de Harry Stradling Sr.,
que viria a ser igualmente o director de fotografia de “My Fair Lady”.
PIGMALEÃO
Título original: Pygmalion
Realização: Anthony Asquith e Leslie
Howard (Inglaterra, 1938); Argumento: W.P. Lipscomb, Cecil Lewis, Ian
Dalrymple, Anatole de Grunwald, Kay Walsh, George Bernard Shaw, segundo peça
teatral deste último; Produção: Gabriel Pascal; Música: Arthur Honegger;
Fotografia (p/b): Harry Stradling Sr.; Montagem: David Lean; Direcção artística:
John Bryan; Guarda-roupa: Ladislaw Czettel, Schiaparelli, Worth; Direcção de
produção: Phil C. Samuel; Assistente de realização: Teddy Baird; Departamento
de arte: Laurence Irving, Baden Siddall; Som: Sash Fisher; Companhia de
produção: Gabriel Pascal Productions; Intérpretes:
Leslie Howard (Professor Henry Higgins), Wendy Hiller (Eliza Doolittle),
Wilfrid Lawson (Alfred Doolittle), Marie Lohr (Mrs. Higgins), Scott Sunderland
(Coronel George Pickering), Jean Cadell (Mrs. Pearce), David Tre (Freddy Eynsford-Hill),
Everley Gregg (Mrs. Eynsford-Hill), Leueen MacGrath (Clara Eynsford Hill), Esme
Percy (Conde Aristid Karpathy), Violet Vanbrugh, Iris Hoey, Viola Tree, Irene
Browne, Kate Cutler, Cathleen Nesbitt, O.B. Clarence, Wally Patch, H.F. Maltby,
George Mozart, Ivor Barnard, Cecil Trouncer, Stephen Murray, Eileen Beldon,
Frank Atkinson, Leo Genn, Moyna MacGill, Patrick Macnee , Anthony Quayle, etc. Duração: 96 minutos; Distribuição em
Portugal: Cine Digital; Classificação etária: M/ 6 anos; Data de estreia em
Portugal: 15 de Janeiro de 1940.
ANTHONY ASQUITH
(1902-1968)
Nasceu
a 9 de Novembro de 1902, em Londres, Inglaterra, e viria a falecer a 20 de
Fevereiro de 1968, em Marylebone, Londres, Inglaterra, vítima de cancro. Filho
de H.H. Asquith, dirigente do Partido Liberal, que chegou a ser
Primeiro-Ministro de Inglaterra, entre 1908-1916, e da sua segunda esposa,
Anthony começou o seu trabalho no cinema ainda no tempo do mudo, projectando
uma carreira nacional e internacional particularmente reputada. Ele ombreou com
David Lean e Carol Reed como os mais prestigiados realizadores do cinema
inglês, entre as décadas de 30 e 60. Grande admirador de música e de teatro,
fez várias adaptações de peças, onde sobressaia a sua direcção de actores e um
notável sentido da imagem. Foi um dos promotores da London Film Society, que se
destinava a incentivar os valores artísticos dos filmes ingleses. Desde os anos
20 que mantinha uma assídua proximidade com os estúdios norte-americanos,
tornando-se no final da carreira um director de grandes produções
internacionais, como “A Milionária” (1960), “O Rolls-Royce Amarelo” (1964), ou
“The V.I.P.s” (1963). Mas o seu melhor período começa com “Pigmaleão” (1938), e
continua com várias adaptações de obras do dramaturgo Terence Rattigan, como
“Causa Célebre” (1948), “A Sombra de um Homem” (1951) ou “Cautela com as
Mulheres” (1940). Grande sucesso teve também a sua versão de Oscar Wilde “A
Importância de se Chamar Ernesto” (1952). Curiosidade: foi o pai de Anthony
Asquith, então secretário de Estado, quem mandou prender Oscar Wilde por
homossexualidade. Anos mais tarde, o seu filho Anthony seguia as pisadas do
célebre dramaturgo.
Morreu
em 1968, vítima de cancro, quando se preparava para iniciar a rodagem de “As
Sandálias do Pescador” (1968), que acabaria por ser assinado por Michael
Anderson. O prémio da Melhor Música, da British Academy Award, chama-se Anthony
Asquith Award, em sua honra.
Filmografia:
Como realizador:
1928: Shooting Stars (Nos Bastidores
do Cinema); Underground (Um Grito no Metropolitano); 1929: A Cottage on
Dartmoor; The Runaway Princess; 1931: Tell England; 1932: Marry Me; The Lucky
Number, Dance, pretty lady!; 1933: The Lucky Number; 1934: Unfinished Symphony;
1935: Moscow Nights; 1936: The Story of Papworth, the Village of Hope
(curta-metragem); 1938: Pygmalion (Pigmalião); 1939: French Without Tears
(Cautela com as Mulheres); 1940: Channel Incident (curta-metragem); 1941: Rush
Hour (curta-metragem); Cottage to Let; Quiet Wedding (Pedido de Casamento);
Freedom Radio (Grito de Liberdade); 1942: Uncensored; 1943: A Welcome to
Britain (documentário); We Dive at Dawn (Mergulhamos ao Amanhecer), The
Demi-Paradise; 1944: Two Fathers (curta-metragem), Fanny by Gaslight (Unidos
Além da Morte; 1945: The Way to the Stars (O Caminho das Estrelas); 1947: While
the Sun Shines; 1948: The Winslow Boy (Causa Célebre); 1950: The Woman in
Question (A Mulher das Cinco Caras); 1951: The Browning Version (A Sombra de um
Homem); 1952: The Importance of Being Earnest (A Importância de se Chamar
Ernesto); 1953: The Net (M-7 Não Responde); 1954: The Final Test, The Young
Lovers (Jovens Amantes); 1955: Carrington V.C.; 1956: On Such a Night
(curta-metragem); 1958: Orders to Kill; 1958: The Doctor's Dilemma); 1959:
Libel (A Grande Difamação); 1960: Zero (curta-metragem), The Millionairess (A
Milionária); 1961: Two Living, One Dead; 1962: Guns of Darkness; 1963: The
V.I.P.s ou International Hotel (Hotel Internacional), An Evening with the Royal
Ballet (documentário); 1964: The Yellow Rolls-Royce (O Rolls-Royce Amarelo).
Como
actor aparece em “A Cottage on Dartmoor” (1929)
LESLIE HOWARD
(1893-1943)
Leslie
Howard Stainer nasceu a 3 de Abril de 1893, em Forest Hill, Londres,
Inglaterra, e viria a falecer, a 1 de Junho de 1943, quando um avião onde
seguia, de Lisboa para Londres, foi abatido pelos nazis. Os pais, Ferdinand
"Frank" Steiner e Lilian Bloomberg, eram húngaros, e mudaram-se para
Londres em 1862. Estudou no Dulwich College, trabalhou num banco e, durante a I
Guerra Mundial, alistou-se no exército, mas, em 1917, foi dado como inválido
(foi-lhe diagnosticado um tipo de stress então denominado “shell-shocked”), e
foi-lhe aconselhado como terapia representar. Em pouco tempo tornou-se uma
verdadeira vedeta dos palcos e dos ecrãs ingleses, e posteriormente
internacionais. O seu primeiro filme datava já de 1914, “The Heroine of Mons”,
mas a sua estreia no sonoro dá-se em 1930, com “Outward Bound” (1930). Um dos
papéis que maior renome lhe trouxe foi o de Sir Percy Blakeney em “A Revolução Francesa”
(1934). Ficou igualmente conhecido por ter insistido com os produtores para
darem no cinema o papel de Duke Mantee a Humphrey Bogart, no filme “A Floresta
Petrificada” (1936). Ambos tinham interpretado essa obra no teatro, e o
trabalho de Bogart catapultou-o para glória. Reconhecido, Bogart deu o nome do
seu amigo a uma filha, Howard. Em 1938 foi o professor Higgins, em Pigamilão,
que co-dirigiu com Antonhy Asquith e, no ano seguinte, a celebridade continuou
a bater-lhe à porta, com o desempenho do intelectual sulista, Ashley Wilkes, em
“E Tudo o Vento Levou”.
Durante
a II Guerra Mundial dedicou grande parte do seu tempo e energia em apoio da
Inglaterra na sua luta contra os nazis, e foi por eles abatido, no golfo da
Biscaia, num voo da KLM que saiu de Lisboa, com destino a Inglaterra, quando os
espiões alemães julgaram que Churchill ia a bordo desse avião.
Casado
com Ruth Evelyn Martin (1916 - 1943), de quem teve dois filhos. Manteve durante
anos uma relação com Violette Cunnington (1938 – 1942).
Filmografia:
Como actor
Filmes mudos: 1914:
The Heroine of Mons, de Wilfred Noy; 1917: The Happy Warrior, de Floyd Martin
Thornton; 1918: The Lackey and the Lady, de Thomas Bentley; 1919: Bookworms, de
Adrian Brunel; 1919: The Blump, de Adrian Brunel; 1920: Five Pounds Reward, de
Adrian Brunel; 1920: The Temporary Lady, de Adrian Brunel; 1920: Twice Two, de
Adrian Brunel; 1921: Too Many Cooks, de Adrian Brunel.
Filmes sonoros: 1930:
Outward Bound, de Robert Milton; 1931: Daughter of Luxury ou Five and Tem, de
Robert Z. Leonard; A Free Soul (Uma Alma Livre), de Clarence Brown; Never the
Twain shall Meet, de W.S. Van Dyke; 1931: Devotion, de Robert Milton; 1932:
Services of Ladies ou Reserved for Ladies, de Alexander Korda; Smilin’throug
(Um Amor que não Morreu), de Sidney Franklin; The Animal Kingdom ou The Woman
in the House, de Edward H. Griffith; The Lady is Willing, de Gilbert Miller;
1933: Secrets (Segredos) de Frank Borzage; Captured ! (Capturado), de Roy Del
Ruth; Berkeley Square, de Frank Lloyd; 1934: British Agent ou Brutal Agent, de
Michael Curtiz; Of Human Bondage (Escravos do Desejo), de John Cromwell;
British Agent, de Michael Curtiz; The Lady Is Willing, de George Miller; 1935:
The Scarlet Pimpernel (A Revolução Francesa), de Harold Young; 1936: Romeo and
Juliet (Romeu e Julieta), de George Cukor; The Petrified Forest (A Floresta
Petrificada), de Archie Mayo; 1937: It’s Love I’m After (A Comédia do Amor), de
Archie Mayo; Stand-In (Fábrica das Ilusões), de Tay Garnett; 1938: Pygmalion
(Pigmalião), de Anthony Asquith e Leslie Howard; 1939: Escape to Hapiness ou
Intermezzo: A love Story (Intermezzo), de Gregory Ratoff; Gone with the Wind (E
Tudo o Vento Levou), de Victor Fleming; 1940: From the four corners de Anthony
Havelock-Allan; Common Heritage, narrador (curta-metragem); 1941: 49th Parallel
ou The Invaders (Os Invasores), de Michael Powell; White Eagle, de Eugeniusz
Cekalski narrador (curta-metragem); Pimpernel Smith ou The fighting Pimpernel
(O Professor Smith), de Leslie Howard; 1942: The First of the Few (Spitfire, o
1º Entre Poucos), de Leslie Howard; The Lamp Still Burns (Luz Eterna), de
Maurice Elvey; In Which We Serve (Sangue, Suor e Lágrimas), de Noel Coward,
David Lean (voz); 1943: The Gentle Sex (Mulheres, Irmãs e Noivas) de Leslie Howard;
War in the Mediterranean, narrador (curta-metragem).
GEORGE BERNARD SHAW
(1856-1950)
Irlandês,
George Bernard Shaw nasceu a 26 de Julho de 1856, em Synge Street, Dublin, e
viria a falecer a 2 de Novembro de 1950, em Ayot St. Lawrence, Hertfordshire,
Inglaterra, em virtude das consequências de uma queda. Foi, e continua a ser
por muitos, considerado o maior dramaturgo de língua inglesa da primeira metade
do século XX.
Filho
de George Carr Shaw, e Elizabeth Lucinda Shaw, uma cantora profissional, teve
uma educação protestante, estudou pouco, empregou-se num escritório, muito
novo, mas interessou-se pelas artes, impulsionado pela mãe. Em 1876, mudou-se
para Londres com a intenção de se tornar escritor. Mas os seus artigos e
romances foram sistematicamente recusados pelos editores até que, em 1885,
conseguiu finalmente um trabalho fixo na imprensa onde escreveu críticas de
arte, literárias e musicais. Então a sua produção teatral ganhou um outro
alento, somando sucessos. Vegetariano, socialista democrático, lutando pela
igualdade entre homens e mulheres, por melhores condições de vida para as
classes trabalhadoras, reformista e não revolucionário, abordou de forma
frontal e polémica temas políticos, sociais e económicos, sempre com grande
convicção e empenho. Foi membro da “Fabian Society”, onde se pugnava por um
socialismo democrático.
Como
crítico de teatro da “Saturday Review” (1895) não perdoou a pobreza da produção
teatral da época vitoriana. Durante a I Guerra Mundial, pôs de lado a sua
produção teatral e publicou um panfleto anti belicista, “Common Sense About the
War”, no qual considerava ambos os lados da guerra culpados da mesma e apelava
à paz. Recusou o prémio pecuniário do Nobel de Literatura que lhe foi atribuído
de 1925 e enviou-o para obras de caridade. Foi até hoje a única personalidade
que recebeu um Nobel e um Oscar, este pela escrita do argumento de “Pigmalião”
(1938). Durante cinco anos deixou de escrever para o teatro e dedicou-se à
edição das suas obras escolhidas (1930-1938), e a um tratado político “The
Intelligent Woman's Guide to Socialism and Capitalism” (1928). Usou muitas
vezes as iniciais GBS ou o pseudónimo "Corno di Bassetto" para
assinar colunas de opinião. Casado com Charlotte Payne-Townshend (1898 - 1943).
Sabe-se
que o casal Shaw era muito amigo de Harpo Marx e conta-se como surgiu essa
amizade. Estando GBS e a mulher em férias numa estância de verão inglesa,
foi-lhes dito que Harpo Marx se encontrava na praia completamente nu. Ambos se
dirigiram imediatamente para o local onde surpreenderam o banhista tal como
havia sido descrito. Do encontro nasceu uma amizade eterna. Finalmente, uma
outra nota de humor: quando a casa de GBS se transformou em Casa Museu, o Oscar
foi encontrado a impedir que a porta se fechasse.
Bibliografia: como
romancista: Immaturity, Cashel Byron's Profession, An Unsocial Socialist, The
Irrational Knot, Love Among the Artists;
Como contista: The Black Girl in
Search of God (1932), The Miraculous Revenge;
Como dramaturgo: Plays Unpleasant
(1898), agrupando Widowers' Houses (1892), The Philanderer (1898) e Mrs
Warren's Profession (1893); Plays Pleasant (1898), renindo Arms and the Man
(1894), Candida (1894), The Man of Destiny (1895) e You Never Can Tell (1897);
Three Plays for Puritans (1901), uma antologia de The Devil's Disciple (1897),
Caesar and Cleopatra (1898) e Captain Brassbound's Conversion (1899); The
Admirable Bashville (1901), Man and Superman (1902–03), John Bull's Other
Island (1904), How He Lied to Her Husband (1904), Major Barbara (1905), The
Doctor's Dilemma (1906), Getting Married (1908), The Glimpse of Reality (1909),
The Fascinating Foundling (1909), Press Cuttings (1909), Misalliance (1910),
Annajanska, the Bolshevik Empress (1917), The Dark Lady of the Sonnets (1910),
Fanny's First Play (1911), Overruled (1912), Androcles and the Lion (1912),
Pygmalion (1912–13), The Great Catherine (1913), The Inca of Perusalem (1915),
O'Flaherty VC (1915), Augustus Does His Bit (1916), Heartbreak House (1919),
Back to Methuselah (1921), In the Beginning, The Gospel of the Brothers
Barnabas, The Thing Happens, Tragedy of an Elderly Gentleman, As Far as Thought
Can Reach, Saint Joan (1923), The Apple Cart (1929), Too True To Be Good
(1931), On the Rocks (1933), The Six of Calais (1934), The Simpleton of the
Unexpected Isles (1934), The Shewing Up of Blanco Posnet (1909), The
Millionairess (1936), Geneva (1938), In Good King Charles's Golden Days (1939),
Buoyant Billions (1947), e Shakes versus Shav (1949). A estes títulos devem juntar-se
ainda centenas de artigos e ensaios sobre os mais diversos temas.
Filmografia:
Como escritor:
Até
esta data (2013) conhecem-se mais de centena e meio de filmes retirados de
obras de George Bernard Shaw. Impossível enumerá-las todas. Desde os anos 30 do
século passado tem sido a televisão a abastecer consideravelmente este registo.
Mas há muitas e muito boas adaptações cinematográficas, a começar desde logo
por “Pigmalião” (Pygmalion), de Anthony
Asquith e Leslie Howard Pigmaleão
(1938). A que se seguiram: “Major Barbara”, de Gabriel Pascal (e ainda Harold
French e David Lean, não creditados) (1941), com Wendy Hiller, Rex Harrison e
Robert Morley; “César e Cleópatra” (Caesar and Cleopatra), de Gabriel Pascal
(1945), Claude Rains, Vivien Leigh e Stewart Granger; “Androcles and the Lion”,
de Chester Erskine, Nicholas Ray (1952), com Jean Simmons e Victor Mature;
“Santa Joana” (Saint Joan), de Otto Preminger (1957), com Richard Widmark,
Richard Todd e Anton Walbrook (uma adaptação iniciada por GBS e finalizada por
Graham Green); "The Doctor's Dilemma", de Anthony Asquith (1958), com
Leslie Caron e Dirk Bogarde; “O Aprendiz do Diabo” (The Devil's Disciple),
de Guy Hamilton e Alexander Mackendrick
(1959), Burt Lancaster, Kirk Douglas e Laurence Olivier; “A Milionária” (The Millionairess),
de Anthony Asquith (1960), com Sophia Loren, Peter Sellers e Alastair Sim;
“Minha Linda Lady” (My Fair Lady), de George Cukor (1964), com Audrey Hepburn,
Rex Harrison e Stanley Holloway; “Catarina, Imperatriz da Rússia” (Great
Catherine), de Gordon Flemyng (1968), com Peter O'Toole, Zero Mostel e Jeanne
Moreau; “Skorbnoye beschuvstviye”(segundo "Heartbreak House"), de
Aleksandr Sokurov (1987), com Ramaz Chkhikvadze, Alla Osipenko e Irina
Sokolova; ou “Caesar and Cleopatra”, de Des McAnuff (2009), com Christopher
Plummer, Nikki M. James e Diane D'Aquila.